Tales of Arise

2019 foi um ano incrível para os JRPGs, com franquias imensamente populares retornando após muitos anos, o relançamento de clássicos de eras passadas e uma considerável dose de franquias subestimadas entregando alguns dos melhores jogos da geração, o PS4 tem marcado a retomada com grande força da popularidade do gênero e tornando cada vez mais difícil acompanhar todos os lançamentos do ano, ainda mais com tantos jogos de alto nível sendo lançados.

O ano passado começou com a aguardada chegada de Kingdom Hearts III, uma considerável renovação de uma das franquias nascidas na onda dos “clones de Monster Hunter” com o ótimo God Eater 3 e a NIS America trazendo mais alguns dos seus curiosos e levemente experimentais RPGs com The Princess Guide e Lapis x Labyrinth. Nós também vimos o retorno da equipe responsável por Danganronpa com o ótimo Zanki Zero: Last Beginning e, principalmente, do criador da série Zero Escape, o lendário Kotaro Uchikoshi, com AI: The Somnium Files.

AI: The Somnium Files

O segundo semestre também foi recheado de boas surpresas, como Crystar, o sucesso de Code Vein, a chegada ao Ocidente de Catherine: Full Body e, mais importante, vimos dois clássicos instantâneos sendo lançados com Atelier Ryza: Ever Darkness & The Secret Hideout (de uma franquia que já tinha tido dois ótimos jogos em 2019 com Atelier Lulua: The Scion of Arland e Nelke & The Legendary Alchemists: Ateliers of the New World), Dragon Quest Builders 2 e, claro, The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III.

Também foi um ano para ótimos relançamentos, seja com a chegada ao PS4 da trilogia Arland da série Atelier com o Atelier Arland Series Deluxe Pack, de Chocobo’s Mystery Dungeon: Every Buddy!, The Alliance Alive HD Remastered e de alguns dos jogos preferidos deste que vos fala em The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel e Trails of Cold Steel II e dois clássicos atemporais em Star Ocean First Departure R e Romancing SaGa 3.

Chocobo’s Mystery Dungeon Every Buddy

E, claro, como não poderia deixar de ser, tivemos várias Visual Novels chegando ao PS4 e ao nosso querido portátil, o PS Vita. De alguns dos melhores jogos que o gênero tem a oferecer em The House in Fata Morgana (nosso jogo do ano para PS Vita), Fatal Twelve e World End Syndrome, além de jogos mais doces como Nurse Love Syndrome e Code: Realize ~Wintertide Miracles~, nomes famosos do gênero como Steins;Gate Elite e Spirit Hunter: NG e polêmicos como YU-NO: A Girl Who Chants Love At The Bound of This World e Our World Is Ended.

Steins;Gate: My Darling’s Embrace

Mas chega de olhar para o passado e vamos nos focar no que vem por aí. 2020 promete ser gigantesco, com muito mais nomes de peso do que 2019. Se o ano passado foi dominado por séries icônicas de empresas menores, esse ano será ancorado por três dos maiores nomes que a indústria japonesa possui, ajudando a trazer mais olhares para um gênero que nem todos acompanham com a mesma religiosidade que nós.

Isso não quer dizer que o ano será vazio ou dependente desses grandes nomes. Existe bastante espaço para jogos menores ocuparem o nosso tempo (e os nossos corações) e nós vamos falar sobre eles também. Enquanto muita gente reclama dos adiamentos ou do suposto vazio que a indústria parece ter enquanto caminhamos para o lançamento do PlayStation 5 e Xbox Series X, nós, pessoas de alta cultura, sabemos que há vários RPGs de dezenas de horas para nos perdemos ao longo do ano.

Kingdom Hearts III

Mas, antes de entrarmos na nossa lista que, diga-se, não é exaustiva, afinal, provavelmente muita coisa ainda será anunciada (o que não quer dizer que eu não tenha tentado fazer algumas previsões sobre) ou pode simplesmente ter passado batido por mim durante a confecção dela (sintam-se livres para me lembrar de quais eu esqueci nos comentários), é preciso explicar duas ausências importantes.

A primeira e mais importante é a de Kingdom Hearts III: ReMind. O DLC, lançado semana passada para PS4, não foi incluso justamente por isso. Quando essa coluna for ao ar, ReMind já estará disponível e a intenção aqui é olhar para o futuro. A mesma lógica se aplica a Atelier Dusk Trilogy DX (um dos meus pontos altos do ano, pessoalmente), coletânea que foi lançada no último dia 14. Ambos os jogos terão suas análises no ar aqui no PSX Brasil muito em breve, então fiquem de olho. Por fim, remasterizações também ficaram de fora, o que não nos impede de listar certos remakes.

Atelier Dusk Trilogy Deluxe Pack

Nesta primeira parte da nossa lista vamos olhar para o 10° ao 6° JRPG mais aguardado desse ano. Temos um remake da Square Enix, franquias clássicas retornando e o próximo passo na evolução de um dos pilares do gênero. Na segunda parte que chegará em breve, nós olharemos para os demais jogos dessa lista e alguns que terão um impacto pesado na discussão sobre jogos ao longo do ano.

Agora, sem mais delongas, vamos lá para a nossa lista sobre os JRPG smais aguardados de 2020, com alguns comentários do porquê você também deveria ficar de olho no lançamento deles (ou em uma futura promoção):

10. Trials of Mana

Trials of Mana Hawkeye Riesz

2020 é o ano do lançamento de um aguardado remake de um importante jogo de uma clássica série da Square Enix, de um jogo lançado durante a era de ouro dos videogames e que ajudou a definir gerações… Mas também é o ano do lançamento de um OUTRO remake de um outro jogo muito importante dos tempos em que a empresa era conhecida apenas como Square.

Essa reconstrução de Trails of Mana é bem diferente do trabalho que a Square Enix vem fazendo com o outro jogo do qual falaremos mais a frente. Mais próximo do que foi feito com outro jogo da série, Secret of Mana, em 2018, essa marca apenas a segunda vez que Seiken Desentsu 3 chegará ao Ocidente, uma vez que a versão original para SNES nunca veio para cá, sendo apenas inclusa na Mana Collection lançada para Nintendo Switch no ano passado.

Kevin Trials of Mana

O que temos aqui é a uma versão totalmente em 3D da mais bem sucedida tentativa da então Square de criar a sua própria franquia de RPGs de Ação (em linha com o sucesso da série Tales da Bandai e Star Ocean da Enix), com um mundo colorido e vivo, cheio de personagens jogáveis e com cada escolha afetando como a história do jogo se desenvolve.

Apesar do remake de Secret of Mana (o segundo jogo da franquia) não ter sido um grande sucesso, é de se torcer que as mudanças feitas no sistema de combate e nos gráficos, além da inclusão de dublagem e a trilha sonora regravada, venham torná-lo ainda melhor e que o escopo maior deste jogo não seja marcado com os mesmos erros cometidos com seu antecessor. O seu lançamento está previsto para 24 de abril.

09. Langrisser I & II

Langrisser

Langrisser é uma franquia há muito tempo esquecida, mesmo sendo uma das primeiras séries de RPGs de Estratégia/Táticos a se tornarem mais populares nos consoles. Mais conhecida no ocidente como Warsong, nome utilizado no lançamento do primeiro jogo para Mega Drive, ela viu o seu DNA seguir em frente com Growlanser (uma série que teve sete jogos lançados para PS2 e teve um ótimo port para PSP posteriormente), mas a série em si ficou basicamente dormente desde 2005.

Parte disso se dá pelo fato dos seus principais jogos terem saído para Mega Drive e Sega Saturn (apesar dos dois primeiros jogos terem sido compilados para PS1 e Langrisser III ter tido um remake para PS2, além de um spinoff BEM ruim ter saído pra Nintendo 3DS), parte vem do simples fato da distribuidora por trás dele ser uma equipe bem pequena e que nunca se tornou muito popular (apesar do desenvolvedores eventualmente terem se juntado à Atlus e sido o time por trás do já mencionado Grownlanser e de Shin Megami Tensei: Devil Survivor).

Isso tudo deve mudar agora com o lançamento do remake dos dois primeiros jogos da franquia em um pacote só entitulado Langrisser I & II pela NIS America. Desenvolvido pela Chara-ani Corporation, o remake se mantém fiel ao original, recontando a história de Ledin e Elwin, no primeiro e segundo jogo respectivamente, e suas batalhas contra impérios invasores e a busca pela espada sagrada Langrisser.

Esse lançamento marca a primeira vez que Langrisser II (ou Der Langrisser) chega ao Ocidente e tudo indica que teremos um ótimo e desafiador RPG de Estratégia, fiel aos jogos originais, com várias rotas (são 22 finais diferentes) e personagens para serem recrutados (33 nos dois jogos) e personalizados (são 50 classes únicas) e que deverá satisfazer aos fãs mais ávidos do gênero (este que vos fala incluso). Langrisser I & II será lançado em 10 de março.

08. Fairy Tail

Fairy Tail

Pessoalmente, Fairy Tail é um dos meus JRPGs mais aguardados do ano, por uma série de fatores que acabaram tornando essa adaptação em específico de um anime/mangá para um jogo um dos casamentos mais perfeitos possíveis. Desenvolvido pela Gust, o estúdio responsável pela franquia Atelier, nós vemos uma série que captura bem o espírito clássico de fantasia, magia e aventura sendo transposta para uma nova mídia pelas mãos de um estúdio responsável por jogos que… capturam bem o espírito clássico de fantasia, magia e aventura.

O jogo deverá recontar as peripécias de Natsu Dragneel, Lucy Heartfilia e todo o resto da guilda a partir da quarta temporada do anime, passando pelos eventos em Tenrou Island, os Grandes Jogos Mágicos e indo até o arco do Tartaros, tudo com a supervisão do criador da história, Hiro Mashima, para se manter o mais fiel possível ao canon original do mangá.

Fairy Tail

Enquanto o jogador trabalha para resgatar a guilda de um débito que quase a leva a fechar as suas portas em razão do desaparecimento do Natsu e sua equipe, levando-a de volta aos seus dias de glória, ele também terá acesso a episódios originais expandindo os laços entre os membros da guilda e trazendo cenas inéditas para o jogador.

O gameplay será bem similar ao da série Atelier, com o jogador podendo aceitar diferentes trabalhos através de um mural de requisições disponível na guilda e recebendo várias recompensas em troca do seu trabalho. Quanto maior o êxito, maior a fama da guilda, o que trará novas missões para o jogador realizar. O combate é bem similar ao de qualquer Atelier, sendo por turnos e com o jogador podendo atacar, defender, usar itens ou magias distintas, cada uma com um determinado raio de ação. Fairy Tail chegará aos jogadores no dia 19 de março.

Fairy Tail

07. Tales of Arise

Tales of Arise

O impacto e importância que a série Tales teve ao longo dos últimos 25 anos desde o lançamento de Tales of Phantasia para SNES é inegável. Uma das, se não a mais importante franquia de RPGs de Ação da história do subgênero (mesmo que outras séries como Kingdom Hearts tendo a superado em vendas), em linha com a já mencionada Seiken Densetsu/Mana e Star Ocean, a franquia que viria a surgir após a equipe responsável por ToP deixar a Namco, Tales of Arise promete ser o próximo grande passo em sua evolução.

Um anúncio surpreendente na última E3, tudo o que tem sido mostrado sobre ToA parece novo e fresco, fugindo da batida e, francamente, estagnada fórmula que vinha sendo seguida (mesmo com o considerável sucesso de Tales of Berseria, jogo original mais recente da série). Essas mudanças eram previsíveis, uma vez que se trata do primeiro jogo da série realmente desenvolvido com as plataformas atuais em mente e parece estar em linha com o que outras séries da Bandai passaram ao longo dessa geração (como God Eater 3), mas não deixa de surpreender.

Tales of Arise

O jogo promete seguir a história de dois protagonistas. Alphen, um rapaz nativo do planeta de Dahna, e Shionne, uma jovem amaldiçoada vinda de Rena, que por um misterioso evento acabam tendo que viajar juntos para conseguir salvar os seus respectivos planetas da destruição. É uma premissa simples e em linha com o plot de outros jogos da série, mas que conta com algumas novidades que trazem um pouco de imprevisibilidade para o resultado final, algo que é bem vindo aqui.

O primeiro deles é que Yusuke Tomizawa, o produtor responsável pela franquia God Eater, assumiu a produção da série Tales como um todo. Responsável pela remasterização de Tales of Vesperia lançada no ano passado, a introdução de uma nova mente por trás da franquia parece ter dado uma bela revigorada no projeto e a adoção da Unreal Engine 4 capturou isso para o estilo gráfico do jogo em si.

Tales of Arise

Essas mudanças não significam que o jogo perdeu a sua identidade. Os trailers tem passado um distinto ar de que isso é, sim, um jogo da série Tales e que mais do que uma mera evolução ou uma nova iteração, o que temos aqui é uma verdadeira reformulação do que isso significa. O combate parece melhor alinhado e visualmente impressionante, o que se sabe do plot é promissor e se o jogo conseguir entregar um produto ao nível do que ele tem mostrado nos poucos trailers lançados até agora, não há como decepcionar.

É claro, a expectativa ainda é um pouco ponderada por não ter sido mostrado muito do jogo até o momento, mas com o anúncio recente de o Tales of Festival 2020 ocorrerá logo após a E3 2020 e sem uma promessa de data específica para o seu lançamento, há tempo de sobra para que o hype em torno de Tales of Arise vá subindo aos poucos. Por enquanto, Tales of Arise tem lançamento previsto apenas para “2020”.

Project Sakura Wars

06. Sakura Wars

Falando em importantes séries de RPGs de Estratégia dormentes há mais tempo do que deveriam e com uma longa história no Saturn… É hora de falarmos sobre Shin Sakura Wars, título temporário do jogo até um anúncio de seu nome final no Ocidente (apesar do jogo ter sido lançado no Japão apenas como Sakura Wars).

Uma das principais séries de RPG da SEGA, Sakura Wars sofreu um leve reboot com o lançamento do sexto jogo da série principal agora em 2019, o primeiro desde 2005 (sim, também) com o ótimo Sakura Wars: So Long, My Love que só chegaria aqui em 2010 com versões para PS2 e Nintendo Wii.

Project Sakura Wars

O jogo que será lançado agora em 2020 é uma completa reimaginação da série. Mantendo a sua tradicional ambientação “steampunk” ( em uma versão do Japão em que mechas se tornaram algo comum nos anos 40), se passando dois anos após os acontecimentos de So Long, My Love e com o fim da Great Demon war finalmente permite que o mundo possa viver em paz, com as unidades Revue servindo para conservá-la intacta.

O jogador assume o controle de Seijurou Kamiyama, um membro da Marinha Imperial Japonesa que passa a servir como o capitão da nova Flower Division da Imperial Combat Revue e precisa lutar contra uma nova invasão demoníaca enquanto participa de um torneio contra outras Combat Revues e precisa encontrar uma forma de manter a sua base de operações funcionando.

Project Sakura Wars

Um dos grandes destaques desse jogo é o estelar elenco de desenvolvedores que assumiram papéis de importância na equipe. Liderada pelo diretor da série Takaharu Terada e desenvolvido pelo CS R&D 2, o jogo se valeu de técnicas desenvolvidas para a série Yakuza, trouxe o estúdio Sanzigen para fazer as animações (conhecidos pela série BanG! E que também fez as animações de Fire Emblem: Three Houses), convidou Jiro Ishii (o homem por trás de 428: Shibuya Scramble) para elaborar o cenário e alistou uma série de artistas famosos, em especial Tite Kubo, o mangaká de Bleach, para criar a arte do jogo.

Isso tudo parece ter combinado em uma receita de sucesso. Sakura Wars teve uma ótima recepção no seu lançamento no Japão e pode servir como o ponto de partida para a série voltar a se tornar algo importante para a Sega. Com a série Valkyria Chronicles assumindo o posto de principal vertente para os RPGs de Estratégia da empresa, Sakura Wars acabou mudando bastante e se tornando mais um RPG de Ação, algo que parece ter funcionado muito bem para o jogo e que só aumenta a expectativa para voltar a esse mundo com toda a sua bela arte e trilha sonora. O seu lançamento deverá ocorrer em algum momento do outono de 2020 (no Brasil, primavera americana).

Project Sakura Wars Hatsuho Shinonome

E é assim que nós chegamos ao final dessa primeira parte do nosso especial. Esquecemos de alguma coisa? Tem algum JRPG que a gente não mencionou aqui e você quer muito jogar? Deixa nos comentários e logo, logo nós voltamos com a segunda parte do nosso especial!

Winz.io