Wizard of Legend

A miscelânea de boas experiências proporcionadas ao jogador é o que define um roguelike de sucesso. Tomando como parâmetro um favorito: Spelunky é um jogo de surpresas incessantes e, que, mesmo após dezenas de horas, novos detalhes ou situações surgem de forma inesperada.

Em Wizard of Legend, um projeto financiado via Kickstarter, a experiência procedural é de altos e baixos. Há uma enorme gama de habilidades que tornam os combates, grande foco do jogo, sempre divertidos. Por outro lado, o jogo peca nos demais elementos típicos de uma jornada roguelike.

A premissa do jogo é simples e fácil de se compreender mesmo nos primeiros minutos. O jogador assume o controle de um feiticeiro aprendiz que precisa passar pelo “chaos trial”, uma espécie de exame para que magos provem seu valor. O teste consiste de seis fases e algumas lutas contra chefes mais poderosos. Pode parecer pouco, mas o fracasso é constante e o jogador precisará aprender muito com seus erros até dominar todo o calabouço de Wizard of Legend.

Há três tipos de labirintos, cada um com inimigos peculiares à sua temática. As fases são geradas de forma aleatória a cada nova jornada e para concluir cada uma delas é preciso explorar os simplórios corredores até achar a sala do sub-chefe. Existem NPCs e comércio no jogo, oferecendo ajuda (quase sempre) sob forma de relíquias e novas magias, a fim de amenizar a difícil tarefa de concluir o exame.

Ao final de cada tentativa, o jogador pelo menos retém as jóias de caos que coletou – uma das espécies de dinheiro do jogo, úteis para comprar upgrades permanentes no hub. Por falar nisso, antes de cada jornada o mago aprendiz passa por um vilarejo, que funciona como hub. Nele, há como adquirir novas habilidades, roupas e relíquias equipáveis. Uma aventura planejada garante mais chances de sucesso, portanto recomenda-se investir sempre em novas mercadorias disponíveis.

Vale ressaltar que é um jogo consideravelmente difícil. É necessário conhecer as propriedades dos itens e se equipar bem. É importante também evitar apostas perigosas, especialmente com um determinado personagem que aparece nos labirintos. A inteligência artificial dos inimigos nos últimos níveis não perdoa deslizes cometidos pelo jogador. Tenha em mente que vários game-over fazem parte da trajetória para sua conclusão, portanto, a paciência é imprescindível.

Wizard of Legend triunfa na variedade de habilidades/moveset, mas deixa a desejar no design das dungeons. Seu mais evidente ponto negativo é a limitada variedade do layout dos mapas, assim como de elementos relativos a este. Não há grande versatilidade de armadilhas, inimigos ou NPCs entre as jornadas, algo que enfraquece bastante a experiência de um roguelike.

Ainda que a diversidade do combate seja o foco, vagar por corredores e salas muito semelhantes, lidando quase sempre com os mesmos desafios, deixa a jornada de Wizard of Legend um pouco repetitiva. É um jogo mais bem usufruído em doses homeopáticas.

Como mencionado anteriormente, um dos méritos do jogo é o vasto arsenal de técnicas disponíveis ao seu personagem. No entanto, é preciso citar que muitas magias são bem inúteis e outras incrivelmente fortes, demonstrando certo desbalanceamento.

Acerca dos visuais, a pixel art é simplória, porém competente. A trilha sonora é boa, mas o baixo repertório de músicas também cansa. O jogo se sobressai por sua gloriosa animação de combate e efeitos de magia.

Um ponto positivo do game é a existência de modos PvP e multiplayer cooperativo, permitindo que dois jogadores passem pelo chaos trial simultaneamente ou lutem entre si em arenas. São modos que acrescentam bastante diversão, todavia, são apenas locais. Nada de jogar online, o que é uma pena.

Jogo analisado com código fornecido pela produtora.