Marvel’s Guardians of the Galaxy – Preview

Marvel's Guardians of the Galaxy

A ascensão em popularidade dos Guardiões da Galáxia é um dos casos mais interessantes desse fenômeno estratosférico que é o Marvel Cinematic Universe. Entre os vários personagens obscuros que a Marvel tornou marcos populares da cultura pop, o grupo disfuncional talvez seja o mais inesperado.

Parte disso vem da baixa popularidade que os Guardiões possuíam até mesmo entre leitores assíduos de quadrinhos, inclusive este que vos escreve. Enquanto o problema não era falta de material de qualidade sobre o qual se embasar (especialmente após Dan Abnett e Andy Lanning assumirem o controle do lado cósmico da Terra-616 em 2007), eles nunca foram um dos pilares do universo como os Vingadores ou os X-Men.

Mas, graças a uma série de acertos, inclusive embasar o roteiro no popular trabalho de DnA, os membros do grupo se tornaram extremamente populares, saindo de completos desconhecidos que sequer apareciam em jogos até a inclusão do Rocket Raccoon em Ultimate Marvel vs Capcom 3, para elementos essenciais da iniciativa de crescimento do universo Marvel nos videogames.

Marvel's Guardians of the Galaxy

O próximo passo nessa ascensão meteórica vem por parte do primeiro jogo estrelado pelos Guardiões através de Marvel’s Guardians of the Galaxy, título atualmente em desenvolvimento pela Eidos-Montreal o qual nós tivemos a possibilidade de assistir um pouco de gameplay e conversar um pouco com os desenvolvedores sobre o título.

A combinação parece estranha à primeira vista. Conhecida pelo seu trabalho em jogos com um tom muito mais sério, sendo a responsável pelo “reboots” das séries Deus Ex com Human Revolution em 2011 (sua sequência Mankind Divided em 2016) e Thief em 2014, além do mais recente jogo da franquia Tomb Raider com Shadow of the Tomb Raider em 2018.

O que todos esses jogos têm em comum? Nenhum deles é exatamente conhecido pelo seu humor. Contrapor isso a um grupo especialmente conhecido pelo tom leve e bem-humorado dos filmes pode parecer uma decisão extremamente contraintuitiva da Marvel Games, mas todos os indícios iniciais são de que vai funcionar.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Uma das primeiras decisões que ficam aparentes e funcionam em favor da Eidos-Montreal é o fato de, ao contrário de Marvel’s Avengers (com o qual o estúdio auxiliou a Crystal Dynamics), Marvel’s Guardians of the Galaxy é um jogo de ação/aventura em terceira pessoa inteiramente singleplayer, a especialidade do estúdio.

Os jogadores assumirão o controle do Starlord alguns anos após a formação do grupo de “heróis de aluguel” (aqui com seu elenco mais famoso com Gamora, Drax, Rocket Raccoon e Groot), a medida em que eles lutam para sobreviver e enriquecer através do esquema bolado pelo Peter Quill.

A Eidos-Montreal promete uma história completa, com início e fim, sem qualquer tipo de DLC ou microtransação, focando apenas em contar uma narrativa digna dos personagens ali presentes. Para fazê-lo, além do know-how do estúdio, eles trouxeram o “pai” dessa formação dos Guardiões como consultor narrativo: Dan Abnett.

E parece estar funcionando. Enquanto o que vimos foi, de fato, um pedaço muito pequeno de uma das missões do jogo, além de trechos antes e depois daquela missão, fica bem claro que o foco aqui está muito forte na história a ser contada. Parte disso vem de usar ferramentas que enriqueceram a versão cinematográfica do grupo, como o amor do Star-Lord por músicas clássicas dos anos 80.

Outra parte disso é usar ferramentas que só videogames tem, como árvores de diálogo. Enquanto a desenvolvedora faz questão de deixar bem claro que há um início e fim estabelecidos para o jogo, eles querem dar liberdade ao jogador para que ele influencie o caminho do grupo até chegar naquele ponto.

Essa mesma liberdade para o jogador influenciar o caminhar da experiência parece ter informado o combate. Enquanto você só controlará o Star-Lord no jogo, será possível não só usar as habilidades dele como comandar os demais membros do grupo para que usem as suas, explorando as fraquezas dos inimigos para sobreviver em planetas inóspitos em meio às aventuras malucas que o grupo se mete.

Marvel's Guardians of the Galaxy

Sem poder testar o jogo em si é difícil de falar, mas ele parece um interessante híbrido entre Marvel’s Avengers (título no qual a Eidos-Montreal deu suporte) e Final Fantasy XV, com comandos dedicados ao suporte de seus aliados e outros para suas próprias habilidades. Ainda há um bom trabalho de polimento a ser feito até o lançamento já que nem tudo parece estar funcionando como precisa, mas o combate tem tudo para sustentar o seu lado da equação.

Muita gente pode olhar torto dada a menção à Marvel’s Avengers, mas se tem algo que o título acerta em cheio é no seu combate, desde que o jogador esteja disposto a explorá-lo (e digo isso como alguém que gastou mais de 150 horas nele). Outro ponto que ele acerta é em sua dublagem e na interpretação dada aos heróis e, nesse ponto, Marvel’s Guardians of the Galaxy parece destinado a acertar também.

Pelo pouco que pudemos ver do título, fica claro que muito cuidado está sendo dado a manter a personalidade e atuação dos personagens o mais próximo possível da versão mais famosa e popular deles. Isso vai do absoluto mau-humor do Rocket ao quão obtuso Drax é, passando pela expressividade do Groot, a compaixão da Gamora e o sarcasmo e bom-humor do Star-Lord.

Talvez mais do que um bom combate, a decisão de tornar Marvel’s Guardians of the Galaxy um jogo singleplayer focado na história faz com que o sucesso do título dependa muito do quão bem a história será contada e isso passa pela interpretação dos personagens. O título parece bastante promissor, em especial nesse ponto, mas é algo que só poderá ser realmente julgado quando o produto final estiver em nossas mãos.

Isso faz com que, embora surpreendente que um dos principais títulos dessa nova investida da Marvel nos videogames seja, logo de cara, um jogo dos Guardiões da Galáxia (e nem há de se considerar a proximidade de um filme, já que Vol. 3 sai apenas em 2023), ela é bem-vinda. Os personagens podem não ter o mesmo peso do Homem-Aranha ou dos Vingadores, mas conquistaram sua fanbase merecidamente. E, pode não ter sido exatamente o meu sonho de criança, mas, em razão do que pude ver, estou bem empolgado para colocar o capacete, o casaco e as pistolas do trambiqueiro mais famoso das galáxias.

Felizmente, essa data está mais próxima do que era de se imaginar, com Marvel’s Guardians of the Galaxy previsto para chegar às nossas mãos em 26 de outubro deste ano.