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Undertale

Após um sucesso de crítica e público avassalador na sua versão para PC, conquistando o coração de milhares de jogadores e se tornando uma febre ao redor da internet, Undertale finalmente aterrissa nas plataformas Playstation com algumas novidades e a chance de ganhar mais amor e espaço no Vita e Playstation 4.

Criado e desenvolvido por Toby Fox, Undertale teve sua origem em 2013, em uma campanha de Kickstarter extremamente bem-sucedida, arrecadando US$51.124 dólares do objetivo inicial de US$5.000 planejado. Após 2 anos e 7 meses, o jogo finalmente foi lançado em 2015. O objetivo de Toby era criar um jogo diferente dos RPG's tradicionais, mas ao mesmo tempo homenageá-los com o seu visual e trilha sonora 8-bits e seus cenários inspirados em games como Earthbound, do SNES.

Mas fora as homenagens, a grande ambição de Toby era criar um game que integrasse perfeitamente a narrativa e a jogabilidade, algo que o jogador tivesse participação direta nas mudanças e escolhas da história e onde todas as mecânicas e escolhas fizessem parte do universo do game.

O jogo se passa em um mundo onde os humanos venceram os monstros após uma grande guerra e os selaram no submundo. Você, uma criança humana, acaba caindo em um poço no Monte Ebott, que o transporta diretamente para o local onde os tais monstros habitam. Acolhido por uma simpática criatura chamada Toriel, é ali que você irá começar sua jornada rumo ao mundo humano, se deparando no caminho com outros monstros que moram nesse desolado e esquecido lugar.

A primeira coisa que se nota é o sistema de batalha diferenciado do game e o que ele te permite fazer. Você provavelmente nunca pensou nas emoções do monstro em que estava enfrentando em um RPG, certo? Em Undertale, o jogador pode enfrentar normalmente a criatura ou poupá-la e deixá-la viva.

E no sistema de batalha ao enfrentar uma criatura, você entra em uma espécie de shooter em que o objetivo é desviar dos ataques do inimigo em um pequeno quadrado na tela. É uma mistura de RPG por turno com shooters de nave, algo que dá espaço para diversidade e foge das convenções dos sistemas de batalha tradicionais por turno, dando urgência para o jogador em todas as batalhas.

Assim, ele se transforma em um sistema inovador e que dá o tom para a aventura. Sim, as batalhas ainda funcionam por turno, os encontros com inimigos são aleatórios, mas o combate e essas escolhas são apenas a ponta do iceberg de um dos sistemas mais interessantes dos últimos anos.

O mundo de Undertale é formado por meio de suas próprias escolhas. É poupando ou não seus inimigos que o jogador muda o seu e o destino de todos os monstros do submundo. O jogo apresenta três caminhos principais, Neutral, Genocide e Pacifist, a serem seguidos pelo jogador usando essas escolhas nas batalhas. Isso o levará para três diferentes finais (com centenas de ramificações dependendo de escolhas ao longo da história), que mudam profundamente a resolução da sua jornada. Explorar os 3 caminhos deu tão certo que se tornou popular entre os fãs, com cada um tendo seus desafios e surpresas. Com isso, o jogo acaba incentivando o replay como poucos títulos conseguem.

Os gráficos do jogo são propositalmente simplistas, remetendo ao visual de um Mother para NES e jogos de RPG orientais da época. Porém, isso não é desculpa para Toby utilizar da simplicidade, dando personalidade para seus personagens com traços simples e bem definidos nos poucos sprites utilizados na tela (que tem um ecrã de 4:3 para simular um game antigo).

E, sem os seus incríveis personagens, Undertale não teria nem metade do seu apelo. Aquilo que nos faz prosseguir pelas dungeons e nos importar com as nossas decisões ao longo da história são as criaturas que encontramos, tanto as em batalha quanto os moradores de vilas e vendedores. Os monstros que você enfrenta têm personalidade, desejos, sentimentos. Você nunca pensou nisso quando esteve enfrentando um Slime ou um Cactuar, mas em Undertale Toby dá vida a todos os inimigos, dos mais simples até os chefes de fase. E assim, cada encontro se torna completamente diferente, com os inimigos tendo diferentes padrões de ataque e, caso o jogador escolha poupá-los, ter conhecimento da ordem certa de diálogos para acalmá-los e assim poder sair do encontro sem fatalidades para ambos os lados.

Existem detalhes como as fontes utilizadas para cada diálogo, com a mais notável sendo a dos irmãos Sans e Papyrus, que utilizam respectivamente das fontes Comic Sans e Papyrus em suas caixas de diálogos. São sutilezas assim que acabam tornando a experiência polida, apesar de seu visual simplista. Percebe-se o cuidado colocado em todos os detalhes de cenário e criaturas. Undertale, afinal, é uma viagem de emoções. Por meio de sua simplicidade, o jogo consegue transmitir emoções raramente vistas em jogos do gênero.

A trilha sonora é exemplar, misturando diversas técnicas com o som de clássicos chips sonoros de consoles antigos. A maioria das canções do game são excelentes e irão ficar na cabeça mesmo após finalizá-lo. Eclética, emocionante e cheia de energia, se essa trilha fosse composta na época de ouro dos JRPG’s, não iria dever nada em relação às composições de Koichi Sugiyama (Dragon Quest) ou Nobuo Uematsu (Final Fantasy).

Mas o toque que faz dele um game moderno são as lições aprendidas em relação a clássicos do gênero. Apesar de ter batalhas aleatórias, elas nunca se tornam cansativas ou demasiadas nas dungeons. Os save points e atalhos fazem você atravessar o mapa de ponta a ponta sem andar a esmo por horas. O jogo tem seu design e sistema de batalhas à prova de frustrações, além de a todo momento jogar elementos novos de gameplay, tornando a experiência longe de ser repetitiva e frustrante.

É fácil de perceber que Toby jogou os mesmos RPG's que os jogadores e sabe muito bem o que funciona ou não neles. A história e os diálogos metalinguísticos tornam isso cada vez mais claro à medida que se vai chegando no surpreendente final (nas 3 rotas). É sem dúvida um game que conversa com o jogador, e a visão que você terá com o jogo se constrói não só pelo título em si, mas de suas experiências anteriores com o gênero, explorando romper paradigmas e preconcepções.

E é esse detalhe que faz a jornada ser extremamente prazerosa, por brincar e manipular diferentes estereótipos e clichês do gênero, usando isso a favor não só de uma jogatina divertida com o título, mas algo integral para o universo criado em Undertale. Ler a descrição dos itens do cenário e conversar com os moradores de uma vila não é algo entediante, muito pelo contrário.

Falando da versão para PS4, há poucas mudanças em relação a original, como uma tradução completa do game em japonês, para os fãs mais hardcore que querem experimentar um game como um JRPG. Pelo jogo ter uma resolução de 4:3, o fundo pode ser customizado com algumas texturas. Há cross-buy entre a versão de PS4 e Vita, além dos obrigatórios troféus, que apesar de também entrarem na brincadeira metalinguística de "quebra de expectativa", perdem a oportunidade de acrescentar troféus que incentivem o replay do jogo.

Veredito

Undertale transmite exatamente o mesmo sentimento que Toby Fox teve ao desenvolver o game: amor. Amor por JRPG’s, amor por história e narrativa, amor por mecânicas que quebram as velhas amarras de um gênero, e amor por uma história simples, mas tocante por conta de seus memoráveis personagens.

Uma daquelas experiências que só podiam ter sido executadas da maneira que Toby a concebeu, sem tirar nem pôr um pixel sequer. Um game que diverte nas camadas mais superficiais para um jogador mais casual, e apaixona para aqueles dedicados a irem atrás dos finais e do lore de seu universo.

Se você perdeu a oportunidade de jogar Undertale no PC e gosta de games retrôs que aprendem com os erros do passado de seu gênero e conversam com o jogador por meio de suas mecânicas, este jogo é sem dúvida um clássico moderno essencial para você.

 

 

Sobre a versão de PSVita (escrito por Leonardo Cidreira)

Undertale no PS Vita roda com um desempenho fantástico, não havendo queda de quadros durante o gameplay e, apesar de o game ser vendido como cross-buy, não existe a opção de transferência de save de uma plataforma para outra, o que pode ser um pouco decepcionante para quem inicia sua aventura no PS4 e deseja carregá-la consigo para outro lugar no Vita. Algo que é necessário ressaltar é que o áudio do jogo no portátil é um pouco baixo, então é recomendável o uso de fones de ouvido para melhoria da imersão.

Com um excelente enredo, gameplay inovador e acompanhado de uma trilha sonora e desempenho fantásticos, Undertale parece que nasceu para ser apreciado no PS Vita, sendo uma adição excepcional para a biblioteca do portátil e, sem sombra de dúvida, é um título indispensável para os fãs de RPG e para os amantes da saga Earthbound.

Jogo analisado com o código fornecido pela Fangamer.


 

Winz.io

Veredito

95

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Veredict

If you missed the opportunity to play Undertale on PC and you’re a fan of retro games that learn from past mistakes of their genre and talk to the player through their mechanics, this game is undoubtedly a modern classic that is essential to you.


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