O Crime não compensa. Provavelmente você já leu ou ouviu essa expressão em algum lugar, que sempre representou que agir a favor da criminalidade, independentemente de qualquer situação, nunca traria uma recompensa satisfatória. Em This is the Police, quem toma esse tipo de decisão é você, seja demonstrando aos criminosos exatamente isso ou se arriscando por conta própria a provar que nem tudo é exatamente dessa forma.
Encarando o papel de Jack Boyd, você vivencia a dura rotina do chefe de polícia da pequena cidade de Freeburg, acompanhando os últimos meses de carreira num departamento pressionado pelo prefeito, com desconfiança da população e cercado de corrupção e da máfia local. Devido a um escândalo, Boyd tem apenas 180 dias de trabalho antes de se aposentar e decide que quer aproveitar esse tempo para garantir meio milhão de dólares para curtir a vida. Como ele vai ganhar isso depende do jogador.
O jogo progride em dias, nos quais você deve cumprir suas responsabilidades no departamento de polícia e acompanhar o desenrolar da vida pessoal e profissional de Boyd, apresentada em formato de história em quadrinhos, utilizando imagens estáticas e sempre narradas com uma excelente qualidade, principalmente do personagem principal. Talvez essa seja a maior qualidade de This is the Police: a trajetória cheia de conexões com pessoas importantes na cidade e no submundo do crime, que sempre querem tirar vantagem em algum momento sobre a polícia. Você será questionado e terá decisões a tomar, o que muda a história do jogo e como ela se desenrola. Um exemplo é decidir entre se aliar à máfia ou encará-la de frente. O fato do jogo ter textos adaptados para português ajuda bastante no entendimento e na imersão da narrativa.
A jogabilidade é funcional, porém, muito simples. A cidade é apresentada em uma maquete e os prédios mais importantes são destacados, como a prefeitura e a delegacia. Existem dois turnos dos oficiais, que são divididos entre Agentes e Detetives. Os Agentes são responsáveis pela maioria dos chamados do dia a dia, seja tentativa de assalto em algum lugar, correr atrás de ladrão de bolsas ou atender alarmes falsos. Os Detetives ficam a cargo apenas das investigações de crimes específicos, em que não há uma solução imediata e que devem ser investigadas pistas para chegar à solução do caso.
Você vai recebendo chamados a serem atendidos, apresentados em forma de texto, com uma descrição leve do ocorrido e com um tempo de resposta. A estratégia do jogo consiste em gerenciar a quantidade certa de agentes e detetives a serem enviados para as situações que vão aparecendo no decorrer do dia, calcular o tempo de atendimento e retorno das ações, além ajudar seus oficiais a solucionarem alguns chamados que fogem da capacidade deles, como decidir se vão gritar que a polícia está no local ou simplesmente entrar atirando em tudo. Caso algo dê errado, os oficiais vão perder pontos na sua eficiência de trabalho e alguns podem morrer ou até abandonarem o posto e se demitirem. Por outro lado, se um chamado é solucionado com sucesso, eles ganham pontos para melhorar a eficiência.
Investigar um caso com os detetives acaba sendo apenas um jogo de charadas, já que todas as situações consistem em apenas ler os relatos das testemunhas e montar a ordem dos eventos por quadros, independente de um roubo ou assassinato, sem buscar pistas, vasculhar outros locais nem demais tarefas de investigação. Vez ou outra, oficiais podem faltar ao trabalho ou te pedirem folga por algum motivo, seja verdadeiro ou não, mudando assim a quantidade de recursos. Trabalhar com um quadro reduzido vai te fazer sofrer para atender a tudo que aparece.
Um problema é que, com o decorrer do jogo, mesmo com algumas adições interessantes, como investigar um serial-killer altamente procurado ou uma guerra entre a máfia, tais acontecimentos acabam incrementando mais à história do que na jogabilidade em si, e após alguns dias no “atende e responde” ocorrências, acaba ficando maçante apenas o envio de oficiais para dar conta de determinada situação. A trilha sonora de época, com faixas originais nos variados estilos, como Jazz, Blues e instrumental, auxilia a dar um toque diferente no seu dia de trabalho, já que você seleciona o que quer ouvir e inclusive pode usar seu dinheiro ingame para adicionar mais trilhas a sua coleção.
Como todo o jogo é baseado bastante em texto, seja nas decisões da história, na resolução dos casos ou no atendimento às chamadas da população de Freeburg, falta certa dinâmica e variedade durante os últimos dias de Jack Boyd e logo você se verá dedicando mais tempo acompanhando leitura do que decidindo a estratégia de quais oficiais enviar para tal situação ou quantos detetives usar para buscar os quadros necessário na solução das investigações. Há ainda temas que tentam ser abordados durante os casos, como racismo e sexismo, mas que são explorados de maneira bem superficial e o jogador acaba por não se desenvolver, não acrescentando muito ao jogo.
Veredito
This is the Police conta com um personagem muito carismático, diálogos bem elaborados e hilários em partes. Possui como ponto forte uma história bem interessante de se acompanhar, em conjunto com uma trilha sonora agradável e estilo de arte peculiar. Peca, porém, naquilo em que se passa a maior parte do jogo: a jogabilidade estratégica da polícia, que se torna cansativa após algumas horas. Mesmo assim, é divertido ter uma experiência da rotina policial de alguma cidade, por mais que seja na ficção.
Jogo analisado com código fornecido pela desenvolvedora.
Veredito
Veredict
This is the Police has a very charismatic character, well written and hilarious dialogues. The most strong point is a very interesting story to play, along with a pleasant soundtrack and peculiar art style. But, in most of the game, the strategic gameplay of the police, becomes tiresome after a few hours. Even so, it is fun to have an experience of the police routine.