Eu sei. Iceborne foi lançado há três meses e esta análise deveria ter sido publicada na ocasião. Porém, acredite: jogar várias horas (eu não tinha aproveitado o jogo base ainda) para poder finalizar tudo levou tempo e ainda tive que conciliar com outras análises e, é claro, o dia-a-dia do site. Portanto, estou sendo o mais honesto possível: terminei tudo e agora conto aqui como foi a minha experiência.
A essa altura, você provavelmente já sabe que Monster Hunter: World é excelente. Também sabe que é um jogo que consome as vidas das pessoas e é por isso que acabei evitando até hoje. Mas a expansão Iceborne me chamava muito a atenção e decidi que era hora de vender a minha alma para a Capcom.
Primeiramente, você precisa ter em mente que Iceborne só é acessível após você concluir, pelo menos, o jogo base. Ou seja, ter um rank de nível 16. Para poder escrever esta análise em tempo hábil (talvez não tanto assim), criei minha caçadora e, conforme avançava nas missões, sempre ativava os pedidos de SOS. Agradeço por todos os japoneses que surgiram e me auxiliaram no processo, mesmo que algumas vezes ninguém veio. Além disso, a armadura DLC gratuita (Conjunto de Armadura: Guardião) que a Capcom ofereceu a todos os jogadores também ajudou (e recomendo a você, caso também esteja iniciando a sua jornada apenas agora).
Terminada a história principal, fiz mais algumas paralelas e iniciei Iceborne.
Se você jogou MHW, saiba que Iceborne mantém a estrutura básica e adiciona uma nova região: a Fronteira Glacial. Também há uma nova base chamada de Seliana. Em outras palavras, não espere uma quantidade de conteúdo como a do jogo base, mas há muita coisa a ser explorada, por outro lado.
A história de Iceborne começa ao aceitar uma missão em Astera. Quando uma música misteriosa é ouvida repentinamente pelo Novo Mundo e estimula um rebanho em massa de Legiana, monstros nativos das Coral Highlands, a migrar subitamente para além do mar, a Comissão decide investigar. Seguindo os Legianas, eles descobrem um subcontinente polar inteiramente novo (Fronteira Glacial) e montam uma base de operações lá, que chamam de Seliana.
O enredo nunca foi o forte de MHW, porém se você gostou do que viu no jogo base, aproveitará o que a expansão tem a oferecer.
Como dito anteriormente, para ter acesso às missões da expansão, você precisa estar no rank 16 e, então, iniciar o rank mestre. O jogo separa ambos, o que significa que você terá dois níveis distintos. Esse nível mestre introduz um elenco feroz de monstros inéditos, outros populares que voltam de jogos anteriores, além de variantes e subespécies. Os jogadores precisam usar suas habilidades de especialistas e muita preparação para superar os monstros formidáveis desse nível de missões.
Para ajudar os caçadores, Iceborne introduz diversas novas opções de gameplay. A inédita mecânica da Prendedora expande as funcionalidades da Atiradeira e permite se prender a monstros para ter um controle mais direto, adicionando mais estratégia ao combate (tenha em mente que se prender no monstro não é algo tão fácil quanto parece). Atualizações para cada um dos 14 tipos de armas também abrem novas possibilidades e técnicas a aprender.
Outras novidades inéditas na série tornam a jogatina ainda mais amigável, como um novo ajuste de dificuldade para times de dois jogadores, ajuste dinâmico de dificuldade em tempo real dependendo do tamanho do grupo, possibilidade de pegar carona em pequenos monstros para atravessar mapas, e a mecânica de Ajuda a Caçadores, que dá incentivos para os veteranos que ajudarem jogadores de ranques inferiores.
A região da Fronteira Glacial e o sistema de missões é idêntico ao jogo base. Aceite a missão, cace o monstro que o jogo pede e obtenha sua recompensa, além de avançar na história. Depois, você precisa investigar a região, analisando os rastros do próximo monstro a ser caçado. Ao encontrá-lo, você pode retornar para a base e fazer a missão que abriu ou tentar vencê-lo ali mesmo. Derrotado, basicamente repita o processo já descrito. Vale destacar que a Fronteira Glacial é gelada, portanto você constantemente terá que tomar uma bebida quente para que seu fôlego não vá para o saco. Mas há outras formas de contornar isso, como usar um Adorno.
No entanto, tenha em mente que a história da expansão não acontece apenas na Fronteira Glacial. Você revisitará as regiões do jogo base, porém caçará novos monstros nelas. De uma maneira geral, os novos monstros são muito legais e possuem comportamentos diferentes no combate, o que exigirá mudanças de estratégias de sua parte.
Alguns deles admito que são apenas versões diferentes do que já vimos no jogo base, como o Fulgar Anjanath. Mas a grande maioria não existia antes, como o Banbaro, Barioth e Tigrex. Aliás, esse último foi um dos mais desafiadores da expansão, acredite se quiser. Eu tive que pedir ajuda a um speedrunner para vencer o desgraçado pois seja sozinho ou com o SOS, não estava dando conta (isso atrasou a análise bastante também). Sozinho não conseguia eliminar o monstro a tempo (as missões possuem um tempo limite de 50 minutos). E com o SOS ligado, a galera mais morria do que ajudava (quando o multiplayer está ativo, as vidas são compartilhadas, o que significa que se a soma das mortes de todos os jogadores da sessão chegar a três, a missão falha).
E, é claro, há monstros inéditos na série, como o que aparece na capa e é o grande destaque: Velkhana.
Depois de concluir a história, é o momento que o jogo realmente começa. Além de poder caçar em qualquer região e fazer (quase) qualquer missão, as chamadas Terras-Guias são destravadas.
As Terras-Guias são uma espécie de ilha que contém todos os biomas do jogo em um só local. É aqui que você encontrará monstros fortes e que darão os melhores “loots”. Inclusive, a história de Iceborne se desenrola ainda mais depois que você passa um bom – ênfase nesse bom – tempo no local.
Iceborne também introduz a mecânica de decoração de seu quarto, possibilitando colocar uma variedade imensa de itens nele (no caso, é um novo quarto disponível na base de Seliana, e não o que você possui em Astera). Conseguir itens para esse quarto exigirá bastante “grind”, então tenha em mente isso.
Tudo o que foi dito aqui é apenas a superfície do que Iceborne oferece. Há muitas outras novidades menores que você notará enquanto joga, como a possibilidade de usar qualquer armadura como de “camada”, podendo usar outras (e que você ache feia, mas melhores) por baixo.
Inclusive, isso foi adicionado via uma atualização gratuita. O suporte a Iceborne desde o seu lançamento tem sido bastante robusto. Tivemos a adição de Rajang, Xeno’jiiva (Mature Form), Stygian Zinogre e mais. Isso sem contar os eventos crossover com Resident Evil 2, Horizon Zero Dawn: The Frozen Wilds e provavelmente outros mais que veremos no futuro.
Iceborne, no fim, é uma excelente DLC. É difícil listar pontos negativos sem parecer que está sendo exigente, mas pessoalmente esperava pelo menos mais uma região – além da Fronteira Glacial – na expansão. O número de monstros adicionados, no entanto, acredito ser satisfatório. A história não empolga muito, por outro lado.
Outro ponto negativo está nas Terras-Guias. Apesar da ideia delas ser ótima, há algo que pode irritar alguns jogadores. Digamos que você precise do material do Brute Tigrex. Primeiro você precisa fazer o suficiente em uma área para subir para o nível 6. Subir para o nível 6 não garante que o Brute Tigrex apareça, então você precisa continuar fazendo missões e verificando constantemente se ele deu as caras. Agora, por que você não fica andando pelas Terras-Guias até que um Brute Tigrex apareça? Fazer coisas em outras seções fará com que o nível de outra área caia, então você precisará iniciar o processo novamente. É algo que pode ser entediante.
O DLC realmente funciona como um “mais do mesmo”. Para os jogadores que venderam as suas almas, isso basicamente significa mais centenas de horas matando monstros. Mas para aqueles que esperam algo inovador de verdade, talvez se decepcionem.
Veredito
Iceborne é basicamente o que esperamos de uma expansão. Possui uma nova região a ser explorada, vários monstros, diversas novidades mais sutis e um “endgame” consistente. É a desculpa perfeita para gastar outras centenas de horas num dos melhores jogos que a Capcom ofereceu nesta geração.
Expansão analisada no PS4 Pro com código fornecido pela Capcom.
Veredito
Veredict
Iceborne is basically what we expect from an expansion. It has a new region to explore, a lot of monsters and a consistent endgame. It’s the perfect excuse to spend another hundred hours in one of the best games Capcom has offered in this generation.