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Análise – Hello Neighbor

Admita: em algum momento de sua vida você desejou saber o que seu vizinho faz quando ninguém está olhando. Esse interesse pelo desconhecido é algo inerente ao ser humano e, usando desse aspecto natural como base, a Dynamic Pixels desenvolveu Hello Neighbor, jogo 3D com visão em primeira pessoa, cujo principal objetivo é xeretar seu vizinho. Ainda sob acesso antecipado na Steam, em 2016, a criativa premissa foi o suficiente para atrair fãs cheios de expectativa a respeito do enredo do jogo, para o qual eles elaboraram complexas teorias para desvendá-lo. Agora, finalmente a experiência chega ao PlayStation 4. Infelizmente, tanta expectativa, no fim, acabou gerando uma enorme decepção.

É inegável não notar a forte inspiração da história do jogo em filmes de suspense como Janela Indiscreta, do cultuado Alfred Hitchcock, e Paranoia. Assim como o visto neles, o protagonista de Hello Neighbor, que é uma pequena criança, acaba ouvindo gritos na casa de seu vizinho e, ao se aproximar de sua janela, o vê esconder algo por trás de uma porta com um enorme desespero. Tal cena é o suficiente para encorajar a criança a cumprir a seguinte missão: descobrir o que diabos seu vizinho escondeu com tanto cuidado, sem ser descoberto no processo.

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A história é contada por meio de curtas animações, sem nenhum tipo de diálogo, ao longo dos três diferentes atos que compõem a experiência. Além disso, certos detalhes da história são vagos propositalmente para incentivar múltiplas interpretações e teorias sobre os acontecimentos testemunhados pelo jogador. Infelizmente, a resposta para o principal mistério que permeia o game é decepcionante, e sua conclusão é extremamente clichê e anti-climática. Apesar do enredo simples, o mesmo não pode ser dito com relação à jogabilidade de Hello Neighbor.

Uma vez dentro do jogo, o jogador enfrenta seu primeiro desafio: os controles. Você é capaz de correr, andar furtivamente, saltar, arremessar ou carregar objetos consigo, além de ser capaz de interagir com eles de diversas formas em conjunto com o cenário. Acontece que as ações estão mal mapeadas nos botões do controle e o título não procura ensinar em nenhum momento a funcionalidade de cada botão. Outro problema é o grande atraso na resposta dos comandos, que demoram para serem processados dentro do jogo e resultam em uma péssima movimentação, principalmente em locais que exigem pulos precisos.

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A “casa” do vizinho (que mais parece um prédio) é o principal cenário do jogo e se assemelha a um grande labirinto dividido entre vários andares. Uma vez dentro dela, é necessário resolver diversos puzzles para obter acesso a novos caminhos e áreas, que guardam novos segredos. O objetivo é eventualmente encontrar ferramentas que ajudarão a abrir a misteriosa porta trancada pelo vizinho. No entanto, descobrir como solucionar cada quebra-cabeça se mostra um desafio quase impossível para o jogador, uma vez que a dificuldade e complexidade dos puzzles é muito elevada.

Isso acontece por conta de três fatores: primeiro, os puzzles não sabem seguir um padrão de lógica claro, como em The Witness, e mantêm um forte relacionamento com o absurdo em vários momentos, como o que era visto em antigos jogos de point and click como Grin Fandango ou Monkey Island. Para se ter uma ideia, um dos inúmeros puzzles requer que você coloque um globo terrestre dentro de um freezer, congele-o  e o use como chave de um sistema que cristaliza a água de um dos quartos da casa. Isso nos leva ao segundo problema, que é o fato do jogo não oferecer nenhum tipo de dica ou tutorial para ensinar se uma determinada ação é possível, deixando o jogador completamente à deriva sem saber o que pode ou não fazer. Por fim, pode-se mencionar o péssimo level design implementado por parte dos desenvolvedores. Objetos essenciais estão posicionados fora do foco de visão do jogador a todo momento e alguns nem aparentam ser passíveis de interação. Certas ações necessitam ser feitas a partir de uma determinada ordem, porém a forma com que estão dispostas pela casa não permite que isso seja visualizado, fazendo com que nunca se saiba se o progresso está ou não sendo obtido, gerando enormes doses de frustração.

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Além dos puzzles, outro elemento fundamental do jogo é o seu vizinho. Esse personagem constantemente irá rondar a casa procurando ou perseguindo o jogador, à la Jack Baker em Resident Evil 7. Caso ele te pegue, além de sofrer um jumpscare, instantaneamente você será mandado para fora da casa e deverá buscar outra forma de entrar. Para evitar isso, é importante que o jogador se atente aos sons feitos pelo vizinho pela casa, se escondendo dentro de armários ou embaixo de camas sempre que necessário para evitar ser capturado. Também é possível arremessar objetos na direção do vizinho para derrubá-lo e ganhar tempo para fugir.

Outra mecânica interessante é a inteligência artificial do vizinho,  que o torna capaz de aprender os padrões de ação do jogador para  se preparar para sua chegada. Imagine que você sempre invada a casa pelas janelas: o vizinho passará a colocar armadilhas de urso próximas a elas para te capturar. Ele instalará câmeras nos corredores que você mais utiliza e irá visitar com mais frequência as salas em que você está realizando um puzzle para desfazê-lo ou dificultar seu progresso.

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O visual e estética do jogo são cartunescos e procuram aproximá-lo do estilo de animação empregado pelos estúdios DreamWorks em seus longas-metragens. Contudo, apesar de termos designs criativos para dezenas de objetos, os mesmos carecem de qualidade, apresentando texturas e efeitos de iluminação pobres. A trilha sonora é quase inexistente e a única música que se destaca é inspirada no tema do filme Tubarão,  servindo para indicar se o vizinho está ou não próximo de nosso personagem.

Hello Neighbor também apresenta diversos problemas em relação à sua performance: Existem quedas constantes na taxa de quadros por segundo e a física do jogo não é bem implementada, dificultando a interação com os objetos, que é necessária para resolução dos puzzles. A inteligência artificial do vizinho é completamente instável e em várias ocasiões é possível vê-lo parado ou andando em círculos dentro de algum quarto. Há atraso na renderização de objetos e texturas, além de ser comum ver objetos sumindo quando colocados no chão. Há ainda inúmeros bugs e glitches que, em determinadas ocasiões, podem acabar comprometendo o progresso do jogo.

Veredito

Com um enredo raso, jogabilidade frustrante e graves problemas técnicos, Hello Neighbor falha miseravelmente em transformar seu criativo conceito em algo divertido e memorável para os jogadores. Tudo conspira para que o jogador não obtenha nenhum tipo de progresso ao longo do jogo e, certamente, uma boa parcela daqueles que tentarem se aventurar aqui podem acabar perdendo o interesse ainda no início da experiência.

Jogo analisado com código fornecido pela tinyBuild Games.

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Veredict

With a shallow plot, frustrating gameplay, and serious technical problems, Hello Neighbor fails miserably to turn its creative concept into something fun and memorable. Everything seems to conspire against the player’s progress throughout the game and surely a good portion of those who try to venture here may end up losing interest at the beginning of the experience.


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