What Remains of Edith Finch

A Giant Sparrow teve sua estreia nos games com The Unfinished Swan, título muito bem recebido pela crítica com seu gameplay inusitado que consistia em jogar tinta pelo ambiente ao seu redor para poder enxergá-lo e, assim, seguir em sua jornada (você pode ler nossa análise para PS3 aqui). Quase cinco anos depois, a desenvolvedora entrega seu segundo título: What Remains of Edith Finch, com um gameplay diferente de The Unfinished Swan, prezando por uma narrativa mais profunda e reflexiva.

Que fique claro logo de começo: What Remains of Edith Finch é uma história interativa. Não espere por momentos de ação nem quebra-cabeças ou plataformas. Aqui você vai participar de um mosaico de histórias que, juntas, compõem uma narrativa maior. Suas ações se baseiam em explorar os ambientes e procurar objetos com os quais você possa interagir, possibilitando prosseguir com a história. Alguns elementos de gameplay adicionais aparecem, porém, são relativos a momentos específicos.

Por ter um foco na história, é esperado que ela seja boa o suficiente, e o jogo faz isso com primazia. Tudo se passa na residência e arredores da propriedade da Família Finch. Na maior parte do tempo, você irá controlar Edith, a última Finch viva, que retorna à propriedade anos após sua partida quando criança. Munida apenas de uma chave deixada por sua mãe, ela decide procurar por pistas que revelem um pouco mais sobre os seus antepassados, ou melhor, sobre a morte deles.

A história pode ser confusa no começo, pois tanto o jogador quanto Edith defrontam-se com o desconhecido. Embora tenha morado na casa, Edith era proibida de explorar vários de seus aposentos, trancados pela mãe. Histórias sobre a família eram praticamente tabus. Essa aversão em revelar o passado é explicada aos poucos, apesar de que talvez você não tenha todas as respostas em apenas uma jogada, dada a densidade de informações que se conectam entre diferentes épocas.

Explorando os aposentos trancados, Edith vai conhecendo a história de seus antepassados. Isso é feito por diferentes meios, alguns comuns como cartas e diários, outros inusitados que valem a pena serem descobertos ao se jogar. Em cada história, o jogador controla um dos Finch, possibilitando uma intimidade maior com essa pessoa em seus momentos finais da vida. Cada personagem tem sua própria identidade, trazendo uma riqueza de experiências à narrativa.

A morte é um ponto comum em todas as histórias vivenciadas. É a única certeza que você vai ter em todas elas. No entanto, cada uma tem uma maneira peculiar de ser contada e apresentada, com diferentes mecânicas de gameplay, arte e tom. Algumas são bem curtinhas, outras carregam bastante simbolismo, outras são bem trágicas. A desenvolvedora fez um belo trabalho em utilizar diferentes recursos de interação para diversificá-las, mantendo o jogador engajado em descobrir e se envolver mais, não trazendo nenhum momento de tédio, apesar de toda densidade que a história como um todo traz.

É possível perceber que houve bastante esmero em criar a ambientação do jogo. Cada cômodo traz muita informação visual, sendo que a maioria serve como elemento extra para as histórias. Em diversos momentos você ficará em estado de contemplação, observando os detalhes dos objetos, fotografias e móveis que compõem cada quarto e que contribuem para você entender quem era aquele membro da família, o que ele fazia e o que ele gostava. São pequenas coisas que formam um quadro maior e fazem mais sentido em uma segunda jogada.

Junto com a ambientação, o jogo possui bons gráficos para formar belas e delicadas paisagens. Não chega a ser nada da qualidade fotográfica vista, por exemplo, em The Vanishing of Ethan Carter, porém, tem sua beleza característica e é algo a ser elogiado, visto que foi produzido por pequeno time indie. Há uma boa variedade de cenários, com as cores possuindo um filtro que dá um tom de que o tempo parou, algo que representa bem a propriedade dos Finch.

Outro aspecto interessante é como os textos da narrativa são colocados no ambiente como se fizessem parte dele. Apenas um ou outro possuem problema de leitura, pois são apresentados muito longe do jogador ou ficam ocultos por algum elemento. E um ponto importante que não pode ser esquecido: o jogo está em português brasileiro, com uma localização bem feita.

As músicas e os sons ambientes também são muito bem feitos, e recomendo que se jogue o título com fones de ouvido para maior imersão. Sons de vento, folhagem e sapos coaxando te inserem logo no começo aos arredores da propriedade Finch. Os momentos mais dramáticos são acompanhados por melodias orquestradas, lideradas por notas melancólicas de piano ou acordes solitários de violão.

É uma pena que jogos como esse sejam ignorados por grande parte dos jogadores por considerarem-nos monótonos demais, ou um "simulador de caminhada". A história contada em What Remains of Edith Finch é bem narrada e, ao final de suas duas horas e meia de duração, me senti como se tivesse passado muito mais tempo, dada a diversidade de histórias e recursos utilizados. O final tem lá seu clichê, mas fecha com uma boa carga de emoção esta experiência em forma de jogo.

Veredito

What Remains of Edith Finch prende o jogador ao tentar entender o que diabos aconteceu com a família Finch. Junto de Edith, a última Finch viva, o jogador vai explorando a propriedade da família e vivenciando os momentos finais de vários de seus membros, passando por diferentes gerações. Cada memória preenche um pequeno espaço do mistério, o qual, no fim não é o mais importante. O que importa são as ricas experiências que cada momento transmite, seja pela história em si, sejam pelas mecânicas variadas empregadas em cada uma. Vale muito a pena.

Jogo analisado com código fornecido pela Annapurna Interactive.


 

Veredito

85

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Veredict

What Remains of Edith Finch grabs the player’s attention until the end, to wonder what the hell happened with the Finch family. Along with Edith, the last Finch alive, the player experiences the last moments of various family members, going through different generations. Each memory fills in a tiny gap of the mystery, which, in the end, is not what matters the most. What’s really important here are the rich experiences that each moment conveys, by means of the story itself or by the diversity of gameplay mechanics applied on each of them. It’s a worthwhile title.


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