Ultra Age é um jogo de ação com elementos de RPG, similar a Nier Automata, por exemplo, e foi produzido por um time pequeno que demonstra uma ambição muito maior do que o permitido pela sua capacidade técnica e de orçamento. O jogo também está sendo vendido por um preço reduzido comparado com demais lançamentos e, sem dúvida, é um bom jogo dentro de suas limitações, mas um que também não alcança seu potencial completo por causa dessas limitações inerentes a sua produção e por algumas decisões do próprio time de produção.
O combate é o principal atrativo do título e cujos sistemas são similares à jogos como Devil May Cry e os Nier modernos, mas com alguns sistemas novos e interessantes. Age, nosso protagonista, pode utilizar várias armas diferentes, mas que recaem em três categorias básicas com leves diferenças entre uma versão e outra. Cada arma não tem muitos ataques, mas que fluem adequadamente entre si para proporcionar uma experiência rápida e agradável do combate. Em adição a isso, ainda há uma mecânica de esquiva e uma corda que permite controlar a distância entre o protagonista e seus inimigos. Até aqui são mecânicas comuns ao gênero, mas é importante ressaltar que Ultra Age fez uma implementação de qualidade dessas mecânicas.
As novidades ficam pelo fato da durabilidade de suas armas e pelos diferentes elementos de RPG presentes no combate. Cada arma tem uma durabilidade e um número de cargas que define quantas “cópias” dessa arma você tem em seu inventório, no entanto, essa última característica é praticamente inútil já que as cargas para arma são bastante abundantes. A durabilidade, no entanto, é um sistema mais importante, pois quando uma arma está com durabilidade baixa, é possível desferir um golpe extremamente poderoso, mas que termina de quebrar a arma. Pode parecer simples, mas a dinâmica do combate torna esse ataque absolutamente necessário em vários cenários de combate, principalmente devido aos elementos de RPG presentes no mesmo.
Por sinal, esses mesmos elementos de RPG concentram dinâmicas interessantes do combate e, praticamente, todos os problemas do mesmo. Primeiramente, cada arma tem uma mecânica própria que é eficiente contra um determinado tipo de inimigo como, por exemplo, a Katana é particularmente eficiente contra inimigos biológicos e permite finalizar o inimigo caso você acabe com sua barra de resistência. Essa resistência só é aplicada para a Katana, sendo a mecânica exclusiva dessa arma. A Claymore, uma espada gigante, é útil contra inimigos robóticos e em interromper seus ataques. Utilizar essas características de cada arma é um dos pilares do combate e facilita bastante o combate contra os inimigos mais fortes no jogo. Eletrocutar um inimigo robótico antes de finalizá-lo, por exemplo, é uma estratégia particularmente útil, especialmente quando há muitos inimigos desse tipo na tela.
A parte RPG permite essas estratégias interessantes para cada tipo de inimigo, mas também foi a parte que mais sofreu com as limitações de escopo do título e também acabou por atrapalhar no balanceamento do mesmo. Um dos problemas, até entendível considerando o escopo do jogo, é a baixa variedade e o extremo reuso dos inimigos em Ultra Age. É cansativo enfrentar o tigre pela milésima vez, mesmo que cada variedade de cor tenha alguns golpes ou características únicas. Os inimigos robóticos têm uma variedade maior, mas não o suficiente para sustentar todo o tempo de uma campanha do jogo.
Os chefes, em sua maioria, são um ponto alto do título com padrões de ataque interessantes e bem variados fazendo dessas lutas as melhores dentro do jogo. Essas lutas, no entanto, também demonstram os problemas de balanceamento dentro do jogo, principalmente porque alguns chefes têm vida demais mesmo abusando de suas fraquezas e podem rapidamente matar o protagonista porque os status do mesmo simplesmente não acompanham os inimigos na mesma escala.
As armas podem ser melhoradas coletando cristais deixados pelos inimigos ou no cenário funcionando, essencialmente, como um sistema de experiência. No entanto, o equipamento que complementa vida, defesa e outros status deve ser encontrado no cenário ou derrotando inimigos e os valores desses são sempre aleatórios. Portanto, é comum passar por áreas inteiras sem evoluir esses equipamentos porque os valores que caíram são piores do que você já tinha, enquanto que os inimigos ao seu redor crescem gradativamente mais fortes.
Isso cria uma dinâmica que os combates para o final do jogo se tornam mais cansativos por enfrentar os mesmos inimigos repetidamente, com bastante vida e que podem causar um estrago considerável caso o jogador não esteja atento. Para quem está acostumado com jogos de ação, é um desafio bem vindo. Para pessoas que não tem tanta proficiência com o gênero, pode-se tornar algo bastante frustrante, especialmente porque o jogo não tem uma seleção de dificuldade.
Não há muitas penalidades por ser derrotado, mas seus recursos antes da luta não retornam então isso acaba por dificultar tentativas posteriores, a menos que o jogador saia para buscar esses recursos novamente. Num geral, o combate é o grande atrativo de Ultra Age e é realmente bem feito, mas esses problemas vão somando e danificando a experiência aos poucos.
Outro ponto que a ambição de Ultra Age acabou atrapalhando foi em sua história. Age é contratado para recuperar um artefato em um planeta abandonado e, em troca, receber a vida eterna de seu contratante. Um simples trabalho de busca torna-se uma enorme conspiração extremamente mal explicada e impossível de se fazer sentido. O jogo tenta demonstrar uma quantidade de lore absurda simplesmente pelo diálogo entre Age e seu parceiro robô que o acompanha, mas o diálogo, além de não ser suficiente, também não é escrito bem o suficiente para transmitir toda essa informação.
Também não ajuda que a atuação das vozes em inglês é péssima. A história avança em um passo completamente irregular com linhas de história sendo fechadas de maneira mal concluída e então completamente esquecida para rapidamente dar espaço para uma próxima conspiração ainda maior. Resultado final, não é possível dar importância para a história independente do quão grande ela tente se tornar e mesmo que alguns pequenos pontos pudessem se tornar interessantes.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Dangen Entertainment.
Veredito
Ultra Age, considerando suas limitações, é um bom jogo de ação que sofre por sua ambição excessiva e não realizada em alguns pontos. O combate é sua melhor qualidade e principal atrativo, portanto, é uma recomendação positiva para aqueles que gostam do gênero e aceitam uma opção com orçamento mais baixo.
Veredict
Ultra Age, considering its limitations, is a good action game that suffers from its excessive and unfulfilled ambition at some points. Combat is its best quality, therefore, it is recommended for those who like the genre and can accept an option with a lower budget.