Toodee and Topdee – Review

Gosta de puzzles de plataforma? Gosta de jogos cooperativos? Toodee and Topdee tem tudo para agradar a quem disse sim essas perguntas. A premissa é tão simples que me pergunto como é tão pouco usada: alternar entre diferentes perspectivas de um mesmo cenário. No caso da review de hoje, os ângulos estão nos nomes dos personagens do título.

Toodee (pronúncia de “2D”) é a pessoa azul que vive em um mundo vertical de visão lateral e tem a capacidade de pular. Topdee (derivado de “top-down”) é a pessoa de capuz verde que vem de um lugar horizontal e é capaz de mover caixas. Suas dimensões foram fundidas, então, na visão de cada um, o outro anda pela parede.

Movendo-se em eixos diferentes, a dupla terá que passar por cinco capítulos para separar os mundos novamente e restaurar o equilíbrio do universo. Sim, Toodee and Topdee tem uma história e não é apenas um pano de fundo genérico para justificar as mecânicas e a ambientação. É até bem desenvolvida e cheia de personalidade, com direito a uma mitologia de criação de mundo e comédia de metalinguagem, falando sobre glitches, chefões e jogos.

A apresentação da história é agradável e os diálogos são sempre divertidos, o que me faz pensar que poderiam usar mais desse recurso. Após a introdução, as partes narrativas se restringem ao início e fim dos cinco capítulos. Quase todos eles têm 20 fases e contam com um chefão para derrotar em equipe, fechando um total de quase 100 estágios de puzzles de tela única.

A dinâmica é a seguinte: Toodee e Topdee só existem concretamente em suas respectivas dimensões. Dessa maneira, quando o mundo está em visão lateral, apenas Toodee pode se mexer, enquanto Topdee fica imóvel e intangível, sem ser atingido por inimigos. O inverso ocorre ao apertar quadrado, mudando o ângulo do cenário. Os puzzles consistem em identificar o papel de cada um, alternando o personagem ativo para progredir até que ambos alcancem o portal.

Todos os puzzles exigem a atuação da dupla, mas alguns se baseiam muito mais no contexto de um dos protagonistas, deixando o outro aguardando seu momento de agir. Como os puzzles são ágeis, a espera não chega a ser um problema e o jogo consegue manter um bom ritmo de participação para ambos os jogadores, mas há algumas exceções nesse equilíbrio.

A alternância também quer dizer que os puzzles nunca requerem que os jogadores ajam simultaneamente, o que traz uma vantagem clara: Toodee and Topdee pode ser perfeitamente jogado por uma pessoa sozinha, diferenciando-o de outros títulos cooperativos que, apesar de excelentes para jogar em dupla, se adaptam ao jogador solo de forma ineficiente e frustrante (Overcooked e Lovers in a Dangerous Spacetime, por exemplo). Mudar o número de jogadores é uma opção disponível a qualquer momento no menu de pausa, sem qualquer impacto no level design.

Mais um ponto positivo do revezamento é que ambos podem prestar atenção ao que o outro está fazendo em sua vez de agir. Com isso, a cooperação exige sempre pensar em dupla, um completando o outro, gerando boas interações nas soluções dos puzzles.

Veja um exemplo simples nas imagens abaixo. Toodee precisa alcançar a chave, mas é muito alto. Ele salta da caixa e fica congelado no instante, em pleno ar, enquanto Topdee pega o objeto para posicioná-lo abaixo de Toodee. Com o novo apoio, ele pode saltar novamente e Topdee repete o processo.

Os capítulos trazem mecânicas diferentes para manter as novidades. O segundo, por exemplo, é na selva, com inimigos a serem evitados e usados nos puzzles. O terceiro é em um templo com fogo e água, e por aí vai.

Boa parte dos enigmas mantêm um bom fluxo de tentativa e erro no qual você pensa “ooops, não posso fazer isso nessa parte, vou tentar de outra forma” até descobrir a solução. O tempo para isso vai depender de quem joga, é claro, mas senti que a partir do terceiro capítulo algumas fases exigem planejamento mais complexo. Eu me via pensando “COMO VOU PASSAR DESSE OBSTÁCULO?!”, até que, tentando outra linha de raciocínio, vinha um delicioso momento “EURECA!” em que tudo ficava claro.

Os enigmas são de tela única, integralmente explícitos desde o começo. Nunca são muito longos e podem ser reiniciados instantaneamente, o que proporciona baixa punição pelos erros e segue o design de fazer desafios acessíveis à maioria, mas com objetivos opcionais para quem quer algo mais difícil para rejogar e aprimorar suas soluções.

Isso vem na forma de joaninhas que ficam pelo cenário: o objetivo é terminar a fase antes que elas voem. A vermelha representa um limite de tempo e, a azul, o limite de mudanças de perspectiva. Algumas fases têm joaninha rosa, que só são obtidas se concluir sem deixar os inimigos morrerem. E para que servem as joaninhas? Para desafio pessoal completude, é claro, mas também para liberar as fases secretas após o quinto mundo!

Joguei com meus filhos de 8 e 4 anos e eles também jogaram entre si. Conseguimos poucas joaninhas, mas nos divertimos muito nesse jogo encantador.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Top Hat Studios.