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RoboCop: Rogue City – Review

Confesso que sempre fui grande fã de RoboCop desde a primeira vez que assisti ao filme original (1987) quando ainda era bem mais jovem. Ainda que os demais produtos subsequentes não tenham sido no mesmo nível, o personagem e a temática em si sempre se mantiveram interessantes. Entretanto, analisando o recente Robocop: Rogue City, a primeira pergunta que veio em mente foi qual seria a relevância do personagem hoje em dia.

Robocop não foi um produto de mídia que perdurou com sucesso. Se formos nos manter apenas dentre os últimos 10 anos, o que realmente apareceu de relevante foi um filme de pouco sucesso (2014) e a DLC do personagem para Mortal Kombat 11. Lançar um jogo atualmente apenas baseado na nostalgia daqueles mais velhos, me incluindo nessa, é arriscado demais para um produto que não tem muito ao redor para reforçar sua existência.

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Robocop: Rogue City é desenvolvido pela Teyon, a mesma de Terminator: Resistance, e pretende trazer em evidência o robô policial do futuro para mais noites de luta pela Detroit futurista mais oitentista que existe. Se fundamentando nos personagens e histórias após o filme de 1987, a história segue Alex Murphy já em sua vida como o ciborgue policial e os perigos de uma sociedade afetada pela violência. No surgimento de novas ameaças, Murphy precisa avançar junto com o departamento de polícia para solucionar crimes e erradicar, quase sempre por força bruta, os perigos das ruas.

O histórico da Teyon nunca foi de grandes lançamentos ou produtos, mas quando analisei Terminator: Resistance encontrei um título que referenciava o material original de forma honesta e por fim entregou um jogo decente. Adianto que Robocop: Rogue City é seu melhor trabalho desde então, mantendo a mesma proposta e também apresentando certa evolução quando comparando seus projetos anteriores, mas que também deixa claro as deficiências do estúdio.

Rogue City funciona numa mescla de missões tradicionais de jogos de tiro em corredores com vários inimigos a áreas maiores com exploração, missões e combate. Se você jogou Terminator: Resistance vai encontrar algo similar, mas expandido, com mapas maiores e mais detalhados, com missões principais e secundárias se intercalando entre objetivos mais simples e com algum combate entre eles.

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Essa estrutura garante uma boa funcionalidade para o que o jogo propõe. Quando houve o anúncio, imagina se não iriam arriscar o personagem apenas em missões diretas como um Call of Duty, o que seria praticamente jogar fora qualquer chance de ambientação necessária para esse mundo e seus personagens. RoboCop, dentro de seu universo, existe quase como um subproduto de marketing da OCP para um mundo já completamente decadente, mas que de alguma forma é um sucesso por quebrar as barreiras impostas a ele. A essência de Murphy foi além da sua morte e, a partir de um certo momento sendo o RoboCop, entende que sua vida agora é cumprir seu papel e função, sendo o melhor policial possível.

Manter essa essência para o jogo, que foi cativantemente criada por Paul Verhoeven no filme original, talvez seja o maior trunfo da Teyon. RoboCop de Rogue City realmente lembra mais a visão apresentada nos 2 primeiros filmes do que de qualquer outra coisa que saiu posteriormente. A ambientação, estilo de história e narrativa, condução de personagens e mais são os grandes pontos positivos do jogo.

Já quanto ao gameplay, fica difícil esperar algo que realmente destoe do que seria uma geladeira com pernas atirando para todo lugar. Com a delicadeza de uma jamanta sobre saltos altos, RoboCop se comporta exatamente como uma máquina de movimentos limitados tentando ser efetivo no combate ao crime. Movimentação travada, mira precisa, força bruta e truculência nos momentos mais pesados usando a clássica Auto 9 como parceira é o mais correto a se esperar. Almejar uma jogabilidade fluída e rápida, com diversos comandos empataria a aceitação do jogador para a ambientação que o jogo demonstra passar.

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Funcionando quase como um jogo de tiro em primeira pessoa com diversos aspectos de RPG, o jogador vai encontrar um mundo um pouco diferente do esperado. Diálogos e opções diversas para resolver crimes, investigar áreas de crimes, questionar testemunhas, juntar provas, defender cidadãos, cair direto no soco ou tiroteio e até mesmo emitir multas de estacionamento serão atividades esperadas. Enquanto a ação se concentra mais nas missões/áreas destinadas diretamente para isso, nos locais maiores o jogo tende a ser um ritmo diferente e com outras opções. Há aqui tanto um misto de ações efetivas para o jogo funcionar e que se encaixam bem, mas também uma estrutura geral mais antiquada e constantemente utilizada em jogos de vários anos atrás. De forma geral entrega o melhor que poderia nas diversas limitações que enfrenta.

Apesar disso, há pontos que parecem ter sido inseridos para um preenchimento maior do loop de gameplay. Usar outras armas que caem no chão, tentar oferecer uma exploração não muito lógica que abrange locais onde RoboCop claramente não iria ou mesmo partes do sistema de evolução soa um pouco desconexo do restante do jogo.

Outras áreas também deixam muito a desejar e, aqui, continua à mostra a falta de experiência e qualidade maior do estúdio. Ainda que usando a Unreal Engine 5 o jogo tenha dado um salto visual para o último projeto da Teyon, mesmo assim ainda é algo longe da qualidade que esperamos. Animações ainda grosseiras em certos momentos, efeitos de tela ou transição de cutscenes bem estranhas, qualidade duvidosa para alguns modelos de objetos e personagens, oscilação na taxa de quadros e mais outros problemas técnicos ainda são todos. Se em Terminator: Resistance eu me via no PS4 jogando algo que parecia sair dos meados do PS3, em RoboCop: Rogue City eu me vejo no PS5 experimentando algo do início da vida do PS4. Há o salto e evolução, mas ainda não equiparado ao que notamos com outros títulos mais atuais.

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Como disse no início, muito do que o jogo mostra é algo facilmente aceito por um público além dos 30 ou 40 anos graças ao fator nostalgia. Imaginar como a juventude atual encararia um jogo assim, de um personagem que não tem tanta relevância nos dias de hoje, me parece até mesmo uma tarefa curiosa. Ver essa reação nas próximas semanas, como em outras análises e aceitação do público em geral, pode ser algo interessante por todos os fatores ao redor.

Seja por esse fator nostalgia bem aplicado para alavancar a aceitação do jogo ou do bom trabalho da Teyon quanto à criação de uma ambientação decente de um universo tão clássico, RoboCop: Rogue City é o melhor trabalho da desenvolvedora desde que acompanho seus jogos e uma surpresa até aqui. Mesmo que seus jogos comecem a apresentar um certo ritmo de evolução constante, o estúdio precisa acelerar esse processo para que possa alcançar voos maiores.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Nacon.

Winz.io

Veredito

RoboCop: Rogue City apresenta diversos problemas que consistem mais na falta geral de polimento técnico e do uso de uma estrutura geral de jogo datada. Apesar disso, entrega com respeito uma boa ambientação para um personagem clássico, respeitando o material original e com boas doses de diversão.

75

RoboCop: Rogue City

Fabricante: Teryon

Plataforma: PS5

Gênero: Tiro em Primeira Pessoa (FPS)

Distribuidora: Nacon

Lançamento: 02/11/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

RoboCop: Rogue City presents several problems that consist more of a general lack of technical polish and the use of a dated general game structure. Despite this, it respectfully delivers a good setting for a classic character, respecting the original material and with good doses of fun.