[PSN] The Walking Dead: Michonne – Episódio 2: Dar Nenhum Abrigo

Este é o segundo episódio de uma minissérie dividida em três. Evite ler caso ainda não tenha jogado o primeiro episódio, e pule direto para o Veredito e Recomendação.

Ao anunciar uma minissérie, é de se esperar uma história mais curta, sem muitos desenvolvimentos ou reviravoltas, condensada para caber em três episódios. Entretanto, o que a Telltale está fazendo com The Walking Dead: Michonne beira o exagero. Um episódio de apenas uma hora de duração poderia até ser engolido se bem implementado, porém não é o caso aqui, devido a outros aspectos negativos que serão analisados.

Poderia até se pensar na hipótese de os episódios serem curtos devido à janela de lançamento entre cada um, de cerca de um mês. Porém, Minecraft: Story Mode mostra que esse não é caso, já que o intervalo de lançamento entre seus quatro primeiros episódios foi semelhante e o conteúdo entregue foi superior.

Dar Nenhum Abrigo continua logo após o gancho deixado no primeiro episódio. Michonne e Sam encontram-se em uma situação crítica: precisam encontrar uma forma de fugir da colônia e também resgatar Pete, ainda sob custódia e interrogatório de Norma. É fácil imaginar que isso rende bons momentos de ação, com espaço até para uma breve pincelada de stealth. O episódio também nos dá a chance de conhecer melhor a Sam e sua família.

Vamos aos problemas encontrados. O primeiro deles, e o que me leva a concluir ser a razão da curta duração, é de direção. Muitas das cenas do episódio são breves, com cortes rápidos e movimentos da câmera que mexem muito. Isso passa uma sensação de pressa, com as coisas avançando rápido demais, sem muitas pausas ou exploração de pontos que poderiam dar mais dramaticidade ao enredo. Existem, sim, cenas mais bem trabalhadas, com mais diálogos, porém são muito poucas.

Esse senso de pressa acaba comprometendo algo que gostei nas outras duas temporadas de The Walking Dead: o desenvolvimento dos personagens. O episódio possui poucos momentos de exploração, e nesse aspecto se foca mais em examinar objetos do que em abrir espaço para dialogarmos com os personagens. O pouco tempo dedicado à interação cobra seu preço e não conseguimos nos conectar ou criar a empatia que os personagens merecem. Até mesmo o Randall, que poderia ser um ótimo vilão, se mostra apenas um bruto com uma infância mal resolvida.

Outro aspecto negativo é a pouca exploração do lado psicológico de Michonne e de seu passado. Confesso que criei uma grande expectativa para saber um pouco mais da personagem pré-apocalipse, então minha decepção foi grande ao ver como isso foi tratado de forma breve e mal aproveitada neste episódio. O único ponto que compensa é a revelação do nome das filhas da Michonne (diferente das comics, no seriado Michonne tinha um filho, chamado Andre).

A Michonne também perde um pouco de seu caráter dependendo das escolhas do jogador, podendo se transformar em uma máquina mortífera e com sede de sangue (o estrago que ela faz com apenas um sinalizador deixaria Michael Bay orgulhoso). Tudo bem que isso vai ser uma opção do jogador, mas bem que a Telltale poderia fazer das suas manobras para não descaracterizar tanto a personagem.

Apesar destes pontos negativos, a história continua sendo boa e tem grandes chances de trazer um desfecho à altura da personagem. Quero acreditar que este episódio foi apenas um deslize de direção e torcer para que o último episódio traga boas surpresas.

Jogo analisado com o código fornecido pela desenvolvedora.