Os arcades estão em extinção, mas os jogos típicos dessa plataforma ainda têm seu espaço graças aos esforços (na maior parte dos casos) de desenvolvedores independentes. Lançado em 1985, Ghosts’n Goblins foi um dos grandes investimentos da Capcom no campo dos arcades. Um jogo de ação e de dificuldade impiedosa, que é claramente a inspiração maior de Cursed Castilla.
A ação se desenrola em duas dimensões, com alternância de combate e plataforma. É um jogo bem “old school”, com um controle limitado da personagem e um processo de aprendizagem que consiste de tentativa e erro. O usuário do jogo vai falhar bastante até vencer os desafios mais complicados – esse é o curso natural do jogo e, portanto, paciência é imprescindível aqui.
A similaridade com o clássico da Capcom é bem aparente, mas a jogabilidade em Cursed Castilla é mais agradável e a dificuldade mais justa. Os comandos são respondidos de forma mais imediata e é possível mudar a trajetória dos ataques, algo que faz uma diferença substancial nas batalhas contra mobs e chefes.
A contextualização também lembra Ghosts’n Goblins, com uma temática medieval em um reino cercado de misticismo. O protagonista é o cavaleiro Ramiro, que embarca em uma jornada para salvar o reino de Castile, após ser infestado por demônios.
O corajoso guerreiro lida com inimigos mais simples como zumbis, sereias, harpias, mas também deve derrotar criaturas maiores e resistentes em diversas etapas de cada fase. Não há chefes apenas no final, o jogador deve estar preparado para combates mais rigorosos o tempo todo! Felizmente, há um arsenal variado de armas que, quando bem utilizados, podem garantir vantagens expressivas contra determinados tipos de inimigos. A foice e as boladeiras são ideais para os jogadores novatos.
Os itens de cura e suporte são escassos, os requisitos para os melhores finais são absurdos – a experiência arcade está plenamente incorporada em Cursed Castilla. O jogo guarda diversos segredos, especialmente na forma de itens. São três finais distintos e, para se alcançar o melhor deles, é preciso acumular cinco jóias muito bem escondidas e usar menos de quatro continues – uma tarefa nada fácil.
Graças ao considerável número de segredos e possibilidades de encerramento, além da busca por pontuações maiores no ranking geral, Cursed Castilla estimula o início de novas jornadas. Embora exista um pouco de repetição, é um game curto, de breves sessões, que pode ser aproveitado por um longo tempo devido à dificuldade de masterização do gameplay.
Ainda que pareça uma experiência masoquista, Cursed Castilla difere de sua fonte de inspiração por conter inimigos e desafios mais proporcionais ao seus artifícios de combate. Há também diversos checkpoints em cada estágio, o que ocasiona menos aborrecimento quando o jogador falha por bobeiras ou está estudando o padrão de comportamento de chefes. Por esses motivos, na minha ótica, é até mais divertido e agradável que os clássicos da Capcom.
Os gráficos de Cursed Castilla também remetem ao visto em Ghosts’n Goblins, preservando inclusive as linhas de varredura (scanlines) típico dos Arcades. Mesmo na pequena tela do Vita, a pixelart utilizada no jogo consegue expor com clareza diversos detalhes. Os backgrounds são especialmente bem construídos e há uma boa variedade de inimigos, todos aproveitando de uma ampla gama de cores. As músicas e os efeitos sonoros são simples. A trilha sonora é o ponto baixo do game, sem faixas muito marcantes e algumas até desconexas com os seus respectivos ambientes.
O port da versão Vita é bastante competente e a experiência do jogo não é comprometida no portátil. Há raros momentos de queda da taxa de quadros e mesmo esticando a imagem do jogo (visto que não é widescreen nativamente), o visual do game fica aceitável na telinha do Vita.
Veredito
Cursed Castilla é um Ghost’n Goblins refinado, com um desafio na medida certa. A história é um mero “pano de fundo” e pouco instiga a curiosidade. Os gráficos e a trilha sonora são simples, replicando os elementos rudimentares da sua fonte de inspiração. Todavia, a ação e o gameplay são gratificantes, e, no fim das contas, é isso o que mais importa para um videogame.
Jogo analisado com código fornecido pela Abylight Studios.
Veredito
Veredict
Cursed Castilla is a refined Ghost’n Goblins, with a fair and appropriated level of challenge. The story is a mere background and little instigates the curiosity. The graphics and soundtrack are simple, replicating the rudimentary elements of its source of inspiration. However, the action and the core of the gameplay are rewarding, and in the end, that’s what matters most to a video game.