Gravity Circuit – Review

Mesmo tendo iniciado minha vida de jogador na geração dos 8 bits, não guardo saudades daquela época, para dizer o mínimo. Quando lembramos do nosso passado pessoal, costumamos fazê-lo pelas lentes da nostalgia; sem esse filtro, percebemos como a coisa não era exatamente como que lembramos dela. Ao menos, no caso dos videogames, não tão detalhada, fluída, dinâmica e precisa como gostaríamos de achar que eram.

Por isso, considero que jogos modernos inspirados nos estilos do fim da década de 1980, como Shovel Knight, The Messenger e Bat Boy (que eu analisei recentemente) apenas carregam o estandarte dos games 8 bits, mas não querem ser como eles. Na verdade, querem ser como a lembrança melhorada que temos daqueles games — deve ser isso que me atrai ao filão de jogos retro-modernos de poucas cores.

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É melhor encerrar a introdução por aqui e partir para o assunto de hoje: Gravity Circuit. Se você é um dos saudosistas e torceu o nariz para minha falta de afeto pela era do Nintendinho e Master System, não se preocupe com a polêmica, afinal, você pode ter o melhor dos dois mundos: continuar amando os clássicos e ainda se apaixonar por Gravity Circuit.

A inspiração vem claramente de Mega Man, especialmente a série X, um DNA impresso em vários aspectos. Temos um mundo tecnológico habitado por robôs, telas de abertura de fases que aprensentam o vilão local cujo nome é baseado em suas particularidades, habilidades de deslizar e pular nas paredes e, principal familiaridade com a série do robô azul, a estrutura do jogo como um todo.

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O formato é reconhecível: temos uma fase introdutória que, uma vez finalizada, abre um leque de oito fases que podemos visitar em qualquer ordem. Após vencê-las, começa o caminho para o clímax em três fases consecutivas que fecham os 12 estágios totais do jogo. Cada um tem oito sobreviventes e uma melhoria de vida ou energia para encontrar. Às vezes os sobreviventes estão à plena vista, mas boa parte deles está escondida atrás de paredes quebráveis.

Ok, mas você precisa de um motivo para se aventurar, certo? Está dizendo que isso não é requisito real em jogos 8 bits e que basta ter uma desculpa qualquer como um exército do mal que precisa ser derrotado pelo herói? Opa, temos isso aqui, sim, mas muito mais.

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O protagonista é Kai, codinome Gravity Circuit, o único robô especial restante da Circuit Corp. que protegeu a cidade durante a invasão do Virus Army. Sua carcaça foi encontrada e restaurada no QG que abriga os NPCs da história e serve de hub central. As memórias de Kai não foram recuperadas, mas a única coisa que o protetor precisa saber é que o exército inimigo voltou a atacar e a situação é crítica.

Para piorar, os antigos membros da Circuit Corp. parecem ter voltado e agora lideram batalhões do Virus Army, do que é fácil adivinhar que são eles quem enfrentaremos como chefões finais das oito fases principais.

O que eu não esperava era que essa história básica fosse bem desenvolvida. Mesmo com NPCs levemente cômicos, o restante da trama se leva bem a sério. Os confrontos são sempre dramáticos e cada vilão expressa personalidade própria por meio de diálogos breves com Kai e pelas lembranças contadas por seus antigos subordinados do QG.

Alguns mistérios são insinuados ao longo da campanha e, perto do fim, essas pontas soltas são tecidas para mostrar uma trama elaborada, uma satisfação pela qual eu não esperava.

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A apresentação visual mostra esmero muito além dos 8 bits, com ilustrações expressivas durantes os diálogos, cenários detalhados para o estilo e animações fluidas que passam muito dinamismo ao que está em tela. O rastro de Kai é um bom exemplo da convincente sensação de movimento, como quando ele usa o gancho para se pendurar e balançar pelo teto.

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Somando todos os pontos, mesmo que a parte mais substancial da história venha por meio de exposição nos últimos momentos do jogo, o conjunto narrativo é um ponto forte de Gravity Circuit e dá coesão à obra como um todo. Infelizmente, não há tradução para português brasileiro, mas conta com inglês e espanhol, entre outros idiomas.

Voltando à gameplay, há duas moedas no jogo: os chips, que serve como dinheiro para comprar novas técnicas de combate, e os tokens, recebidos a cada sobrevivente resgatado, úteis para adquirir equipamentos de melhorias, como o pulo duplo. Até três melhorias e quatro técnicas podem ser equipadas por Kai, uma customização que, ainda que não permita variações drásticas, favorece aqueles que querem se adaptar a diferentes situações.

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A estrutura de livre escolha das oito fases, somada às melhorias adquiridas, têm o efeito indesejado de fazer o jogo parecer mais fácil nas fases que deixar para o final. Para sanar isso, Gravity Circuit dá opção entre três níveis de dificuldade. Joguei no médio; apanhei no início, fui ficando mais forte e até passei de uma fase sem morrer.

O trio de fases finais, porém, dá um bom desafio e o último chefe me fez suar de uma forma inesperada, considerando a “curva de facilidade” que veio com o aprendizado e com os itens escondidos que dobraram meus pontos de vida iniciais.

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Desde que vi o trailer, acreditei que Gravity Circuit seria um bom título de ação e plataforma 2D. A expectativa foi muito bem cumprida e até superada em relação à narrativa de ficção científica. Experimente fazer o mesmo: se o trailer te atrair, provavelmente o jogo também dará a satisfação de um ágil e dinâmico retro moderno.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela PID Games.

Veredito

Gravity Circuit se inspira em Mega Man X para criar uma aventura robótica retrô que vai além do saudosismo e oferece um empolgante título de ação e plataforma 2D com a fluidez adequada à sensibilidade moderna. O jogo constrói cada ponto com competência, desde a história bem contada até a música enérgica e os equipamentos e golpes customizáveis ao gosto do cliente.

85

Gravity Circuit

Fabricante: Domesticated Ant Games

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Ação / Plataforma 2D

Distribuidora: PID Games

Lançamento:

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Gravity Circuit takes inspiration from Mega Man X to create a retro robotic adventure that goes beyond the nostalgic to deliver an exhilarating 2D action platformer with the fluidity suited to a modern audience. The game builds each point competently, from the well-told story to the energetic music and customizable moves to the player’s taste.