Foregone – Review

A ciência e a tecnologia sempre estiveram a serviço da sociedade com o intuito de promover mais qualidade de vida e avanços para a população. A transmissão de informações, a indústria farmacêutica, o comércio e uma série de outras atividades são desenvolvidas em nome do progresso e na cidade de Calagan não seria diferente.

Conhecida por ser um local de alta polarização e centro de produção, outras províncias estiverem atentas a toda tecnologia produzida e, em um ataque súbito, Calagan foi saqueada em toda sua produção científica. Mais do que um roubo de equipamentos de alta performance, ideias e projetos foram o saque mais precioso uma vez que estes contêm instruções que poderão transformar qualquer lugar que saiba compreender e utilizar informações preciosas.

Como forma de impedir que projetos em andamento caiam em mãos erradas, Calagan utilizou de seu próprio conhecimento para criar um esquadrão de super soldados que seriam designados a combater aqueles que pretendem usar a ciências com propósitos menos nobres. A primeira pacificadora foi enviada para procurar pelo projeto Hera armada com o mais amplo arsenal de espadas, armas de fogos e habilidades exclusivas de um combatente projetado para grandes explorações e lutas perigosas.

Foregone é o jogo de ação e plataforma da Big Blue Studios que apresenta as estruturas mais clássicas desse tipo de jogo, visual retrô e jogabilidade fluida que atende pontualmente a ideia de combates contra inimigos. Como forma de ampliar o gameplay, o título conta com elementos de exploração e coleta de itens nos moldes de jogos de Mega Drive e Super Nintendo em estilo 2D executados de forma competente aproveitando o máximo do processamento da atual geração.

Em termos técnicos, o game apresenta um equilíbrio nos fatores mais essenciais como visual e jogabilidade, e entrega uma experiência proveitosa dentro dos limites do gênero. Ações como upgrade de armas, nódulos de melhorias e obtenção de gemas para negociação comercial estão presentes como nos clássicos RPGs sendo um aspecto decisivo para a progressão. Com todos esses recursos disponíveis, o objetivo do jogo é explorar as diversas áreas do mapa e descobrir o que está acontecendo com a tecnologia roubada e como ela pode afetar negativamente as províncias quase como um ato de declaração de guerra.

Um dos principais impactos na experiência de jogo é o visual que faz referência aos gráficos do passado, porém consegue trazer todo um estilo próprio com características únicas fazendo as cores e formas brilharem. A formação dos personagens e ambientes é construída com base em pixels, o que é comum para jogos indies, mas uma percepção mais apurada fará com que os jogadores percebam recursos que permitem que a resolução seja aprimorada mesmo mantendo um aspecto do passado. A fluidez dos cenários é desenvolvida com elegância e alguns elementos são destacados na tela para realizar o efeito de profundidade nos limites do 2D. Campos, florestas e mesmos algumas bases inimigas parecem terem sido criadas a partir de um tom aquarelável e interpretado por tons distintos de cores que não seriam possíveis anos atrás.

Tanto elementos grandes como árvores, água e chefes de fase quanto partes mais sutis como chamas e LEDs de portas são tratados com igual importância visual trazendo ao game um trabalho primoroso que vão chamar a atenção logo no início da campanha.

Junto com a experiência visual, os comandos de Foregone se adequam à proposta de ação e plataforma com variados estilos de ataques que incluem armas brancas e de fogo, além de poderes especiais que podem ser coletados durante os estágios. Apesar de contar com diversos controles para a personagem e organização do inventário, o título organiza as funções de maneira intuitiva e fortemente pautada na jogabilidade de jogos de anos atrás não devendo em nada para games de sucesso. Um exemplo seria a própria mira das armas que é automática e acerta os inimigos precisamente desde que a pacificadora esteja a uma distância em que seja possível que essa mira aconteça.

As armas brancas possuem força de ataque maior ou menor dependendo do level em que são encontrados sendo parte da jogabilidade escolher o arsenal mais potente para enfrentar as hordas que surgem pelo caminho. Testar diferentes armamentos até encontrar o que melhor atende as necessidades de uma fase em particular é parte do fator estratégia do jogo e, uma vez encontrado, deve receber os devidos upgrades para que os próximos estágios não se tornem uma zona de guerra intransponível.

Ajustar armas e poderes é o elemento chave que fará com que os jogadores prossigam pelas fases. Entretanto, a capacidade de lidar com conjunto de inimigos ao mesmo tempo administrando os recursos exige treino e várias tentativas sendo que, por vezes, fugir das ameaças é a melhor solução guardando munição e poderes especiais para pontos mais intensos do mapa. Os recursos de combate não são ofertados em grandes quantidades, são recarregados através das batalhas e podem se tornar escassos quando a barra de energia da personagem está se esgotando. Existe um dilema no jogo que permite escolher entre um último ataque e uma morte quase certa ou fugir do perigo sem progredir na fase. Novamente, elaborar a melhor estratégia, conhecer o espaço físico bem como os inimigos colabora para o sucesso que será mais trabalhoso a cada novo ambiente.

O nível de dificuldade de Foregone possui uma estrutura própria com sistema de salvamento e progresso que equilibram o jogo focando na repetição de trechos e na maneira de combater inimigos. Salvar o jogo consiste em encontrar estações em pontos específicos do cenário e, caso o jogador perca uma vida, poderá escolher para qual estação deseja retornar em qualquer fase já concluída ou em andamento. Neste sentido, os “saves” são definidos pelo jogo que pode apresentar estações mais longes de pontos importantes como os chefes exigindo que determinados trechos sejam jogados algumas vezes até o encerramento. Um ponto que merece destaque é o progresso realizado até o último salvamento que não é perdido, o que significa dizer que itens coletados e principalmente portas abertas para novas áreas só serão realizados uma vez facilitando os caminhos e evitando repetições exageradas. No entanto, caso morra, o dinheiro e a “experiência” (item usado para aprimorar a árvore de habilidade, seja da personagem ou das habilidades) são perdidos pela metade.

Os desafios do game são progressivos e mantém partidas engajadas através dos recursos que são disponibilizados. Desta forma, quanto mais o jogador avança no jogo, mais inimigos aparecem e cada vez mais poderosos exigindo cautela e boa administração dos armamentos. As estruturas das fases quase sempre seguem um mesmo estilo de plataforma e exploração e, portanto, é possível compreender os esquemas com o tempo e deduzir o que deve ser feito para avançar nos estágios.

Apesar de bem elaborado e com técnicas precisas, Foregone não apresenta um alto grau de diversidade e de fator replay se tornando repetitivo em algumas situações. Em linhas gerais, o jogo se resume a explorar cenários dentro da perspectiva 2D (em maior parte linear), encontrar alguns colecionáveis, obter armas (aprimorando as que você deseja) e derrotar chefes, tudo muito bem executado e bonito, porém nem todos os momentos trazem emoção. O enredo é desvendado aos poucos e possui uma narrativa interessante, mas também não é um fator que seja decisivo para o gameplay.

Vale destacar que estas características não apagam o bom trabalho desenvolvido pelo estúdio que domina a proposta de gênero plataforma e ação, além de entregar gráficos em duas dimensões que ganham o jogador de imediato. Entretanto, seria interessante que esses jogos que parecem prestar uma homenagem aos clássicos tivessem atenção ao “feeling” que determinadas práticas podem trazer de benefício para um jogo, permitindo que a experiência seja completa e com alto fator replay. Os melhores títulos são aqueles que fazem os gamers sentirem diferentes emoções e pensarem em possibilidades mesmo quando não estão com o controle nas mãos.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Big Blue Studios.