Fashion Police Squad – Review

Normalmente, sempre que falamos em jogos de tiro em primeira pessoa, inevitavelmente lembramos dos conflitos intensos e com muitos corpos deixados pelo caminho. Inovar dentro de um gênero tão popular definitivamente não é uma tarefa simples. Por conta disso, a maioria das desenvolvedoras prefere não assumir riscos e acaba apostando na mesma fórmula que, apesar de ser repetitiva, ainda é muito rentável. Só que no caso de Fashion Police Squad, felizmente o que acontece é exatamente o oposto.

Desenvolvido pela Mopeful Games e publicado pela No More Robots, o jogo não tem medo de arriscar em abrir mão da violência para trazer uma proposta mais leve, cujo maior destaque está no bom-humor. Para isso, Fashion Police Squad não economiza em piadas e trocadilhos. A todo o momento é possível encontrar referências ao mundo da moda, a temas populares, a filmes, jogos e até mesmo a memes da internet.

A história se passa na cidade de Trendopolis, uma referência no mundo da moda, onde ter atitudes bregas é considerado um delito grave. A situação está à beira do caos e uma onda de crimes contra a moda está assolando a cidade. Para combatê-la você assumirá o papel do Sargento Des, um membro do Esquadrão Policial da Moda, e terá acesso a um arsenal de armas completo para correção de estilo como, por exemplo, uma máquina de costura!

A ambientação chama a atenção como um destaque positivo. Desde os elementos de cenário, passando pelo conjunto de armas, design de inimigos e até mesmo diálogos, tudo funciona em perfeita harmonia com a ideia de Fashion Police Squad. A identidade gráfica do jogo também merece ser elogiada, com parte da composição dos cenários em 3D, mas também introduzindo elementos pixelados e em 2D. Somado a tudo isso ainda temos a excelente trilha sonora de Fashion Police Squad, resultando em um jogo que não apenas possui uma temática única, mas que ao mesmo tempo também aposta na nostalgia e que deve agradar, principalmente, aos fãs dos jogos de tiro em primeira pessoa dos anos 90.

A campanha é dividida em treze missões, cada qual levando por volta de dez a quinze minutos para ser concluída. A história pode ser finalizada entre três a quatro horas na dificuldade normal e, além disso, ainda é possível retornar aos mapas para encontrar coletáveis e concluir desafios. Isso acaba acrescentando um pouco mais de vida útil ao jogo, especialmente para os que quiserem buscar todos os troféus.

O combate de Fashion Police Squad foge um pouco do padrão de jogos de tiro em primeira pessoa, sendo que tudo gira em torno do sistema de armas e de inimigos. Claro que o princípio básico ainda é apontar e atirar, mas aqui cada tipo de crime demanda uma abordagem diferente para ser resolvido, sendo que uma arma que funciona em um inimigo pode não causar dano aos outros. Por exemplo: sua máquina de costura serve para atirar linhas e agulhas e consertar o terno grande dos empresários, a arma de tinta pode drenar o tom neon da camisa dos adolescentes e atirar tinta nas roupas descoloridas. Até mesmo durante uma tradicional sessão de sniper você deverá alternar entre os três tipos de munição disponíveis para combater os crimes da forma correta.

Se por um lado isso oferece boa variedade à jogabilidade, por outro lado é importante pontuar que ficar trocando de arma a todo momento em meio ao combate pode não agradar a alguns jogadores. Isso se torna ainda mais evidente conforme estiver avançando na história e mais inimigos forem sendo introduzidos. Em algumas situações você se deparará com grupos maiores de inimigos em áreas apertadas, onde para cada inimigo será necessário usar uma tática diferente. Se levarmos em conta a quantidade de armas e itens que deverão ser utilizados, isso pode tornar o combate não apenas frenético, mas também um pouco frustrante. É comum encontrar áreas onde haverá mais de 6 tipos de inimigos diferentes e é justamente nesses momentos que a troca de armas se torna um pouco confusa. Para amenizar essas situações, alguns recursos estão disponíveis. Como o lança-foguetes, itens de cenário que podem ser explodidos e até um golpe especial capaz de limpar um grupo de inimigos em questão de segundos. Mas todos eles são de uso limitado e vão servir apenas para facilitar algumas partes que estiverem dando um pouco mais de trabalho.

Um item importante no arsenal de Des é seu cinto da justiça, que funciona como um golpe corpo a corpo para atordoar os inimigos e, com isso, ganhar um pouco de tempo para enfrentá-los. O cinto serve também como um mecanismo de locomoção, devendo ser utilizado para vencer algumas sessões de plataforma e explorar melhor os cenários em busca de bônus de armadura e de vida. Outro item indispensável para o sistema de locomoção é arma de sabão de Des, que vai ajudá-lo a gerar mais velocidade e conseguir pular por distâncias antes inalcançáveis. Essas sessões de pulo não são muito longas, porém estão presentes em diversos momentos do jogo, sendo que os mecanismos para vencê-las, apesar de não serem complicados, se mostraram um pouco inconsistentes ao longo das missões.

Na questão da performance, Fashion Police Squad se manteve estável durante todo o tempo, mesmo em momentos de combate contra um grupo grande de inimigos em espaços reduzidos. Foi possível notar pequenos bugs em raras ocasiões, onde alguns inimigos sumiram no cenário, impedindo minha progressão. Mas isso foi facilmente solucionado ao restaurar o último checkpoint, não afetando a experiência como um todo.

No geral, Fashion Police Squad consegue entregar o que é proposto. É um jogo agradável e engraçado, que foge dos parâmetros de jogos tradicionais de tiro em primeira pessoa com um estilo próprio, literalmente. Alguns elementos do combate e de plataforma podem ser um pouco frustrantes em determinadas situações, mas a maneira que se encaixam na temática do jogo acaba minimizando parte desses problemas.

Jogo analisado no PS5 com o código fornecido pela No More Robots.