DriveClub

Programado para ser lançado juntamente com o PS4 em novembro de 2013, DriveClub sofreu uma série de adiamentos por conta de problemas na produção. As coisas não estavam indo muito bem, inclusive, e na onda dos pedidos de demissões feitos por grandes figuras dos estúdios internos da Sony, Matt Southern, até então diretor de DriveClub, resolveu fazer suas malas também, sendo substituído por Paul Rustchynsky. A soma desses fatores fez com que o jogo chegasse ao mercado envolto em uma névoa de dúvidas.

Produzido pela Evolution Studios, também responsável pela série World Rally Championship no PlayStation 2 e MotorStorm no PlayStation 3 e PlayStation Vita, DriveClub prometia trazer uma lufada de ar fresco ao já cansado e abatido gênero de corrida, implementando estruturas sociais dentro do jogo por meio da formação de clubes e competições através de challenges.

Sobre os aspectos sociais do game, jogos como Need For Speed Most Wanted e Urban Trial Freestyle fizeram algo parecido (e até melhor, diga-se de passagem) sem se vangloriarem de tal. Na forma de pequenas challenges, os "Face-offs" consistem em fazer um determinado número de pontos de drift, manter uma velocidade média, ou ainda seguir a linha do traçado em uma curva. A formação de clubes é mais subjetiva do que prática, pois serve basicamente para desbloquear novos carros, conforme seu clube sobe de nível.

Pretensões à parte, o jogo cumpre com destreza aquilo a que se propõe: um jogo de corrida prazeroso, com belíssimos visuais e extremamente acessível. O estilo de pilotagem de DriveClub é único e de certa forma até progressivo. Ao iniciar o modo Tour, você tem à disposição carros esportivos e de fácil manuseio, que respondem de maneira rápida às acelerações e frenagens, e dificilmente você perderá o controle do carro. Conforme você avança, desbloqueia veículos de alta performance, mas que podem ser um pouco difíceis de pilotar dependendo do estilo do jogador. Acelerar fundo nas saídas de curvas, nem pensar. No fim das contas, essa diferença de pilotagem entre os diferentes estilos de carros confere uma jogabilidade quase que única para cada um deles, deixando todos extremamente prazerosos de serem guiados.

Essa mescla entre simulador e arcade é muito interessante, e DriveClub executa muito bem os dois estilos ao longo de todo o jogo. Cabe a você decidir se prefere fazer as curvas do modo convencional, frenando no ponto certo, ou à la Need For Speed Hot Pursuit, puxando o freio de mão, fazendo drift. O jogo se adapta muito bem aos dois estilos de pilotagem. Para ajudar na hora de fazer as curvas, ao invés de contar com o já tradicional pontilhado na pista para mostrar o traçado ideal, há bandeiras coloridas na lateral das pistas indicando a dificuldade da curva, tornando o visual do jogo mais limpo, mas não menos prático.

A seleção de veículos não é das maiores, mas é bem seleta e inclui exemplares famosos e consagrados, como Aston Martin Vanquish, Audi R8, Ferrari 458 Italia e Pagani Huayra, por exemplo. Porém, é impossível não sentir a falta de marcas consagradas como Lamborghini, Bugatti, Ford, Chevrolet e Dodge. Aliás, o único carro não europeu é o americano Hennesey Venom GT (que por sinal é o veículo de série mais rápido do mundo). Ou seja, também ficaram de fora as japonesas Nissan, Mitsubishi e Toyota.

As pistas tomam lugar em cinco locais do globo: Chile, Índia, Canadá, Escócia e Noruega, sendo que cada um deles é totalmente distinto entre si. A quantidade de detalhes em cada um dos locais é surpreendente e não vão ser poucas as vezes que você vai se esquecer da corrida só pra admirar as belíssimas paisagens. Ver os cenários iluminados apenas pelas constelações celestes e pelas luzes dos carros dá o tom às corridas noturnas. Assistir ao sol poente nos desertos chilenos, ou ao nascente nas florestas de coníferas do Canadá, por exemplo, são momentos incríveis. E caso você dê sorte, pode até presenciar o espetáculo da aurora boreal nas pistas norueguesas. Todo esse detalhismo excessivo nos cenários, aliado ao perfeccionismo insano na construção dos carros, deixa o jogo com um aspecto ultrarrealista. E se algum dia algum jogo chegou próximo do fotorrealismo, esse jogo se chama DriveClub.

Outro aspecto que chama a atenção pela qualidade é o design de som. O ronco dos carros é extremamente prazeroso de ser ouvido e muda drasticamente conforme a perspectiva da câmera. Independentemente da visão que você escolha usar para correr, cada uma delas proporciona uma sensação incrível de velocidade, mas sem necessariamente parecer surreal. Os danos nos veículos não são os melhores já vistos, mas convenhamos que até hoje nenhum jogo com carros licenciados o fez de forma decente.

Um pequeno detalhe, mas que faz toda a diferença, é a rapidez das telas de loading. Após escolher o evento e o carro que você deseja, é apenas uma questão de pouquíssimos segundos até a corrida começar, o que acaba tornando o jogo muito ágil e menos cansativo, propiciando um maior aproveitamento do tempo de jogo sem longas esperas.

Algo que torna o jogo um pouco frustrante é a inteligência artificial, que em alguns momentos é extremamente agressiva. Às vezes, os adversários chegam ao ponto de jogar o carro pra cima do seu veículo de forma totalmente desmedida, mas ainda assim nada comparável ao canibalismo asfáltico praticado em Grid Autosport. Há também um sistema de punição, que é mais incômodo do que justo. Bater em veículos adversários e cortar caminho acarreta em limitações na velocidade do carro por alguns segundos. O problema é que muitas vezes é o adversário quem bate no seu carro e mesmo assim é você o punido.
 

Veredito

DriveClub está longe de ser um jogo revolucionário. Mas para quem busca um jogo que se adapta facilmente a todos os estilos de jogadores e que seja direto ao ponto, sem distrações desnecessárias, com gráficos exuberantes e paisagens estonteantes, DriveClub é pedida certa.

Jogo analisado com cópia digital adquirida pelo redator.

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