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Natural Doctrine

Natural Doctrine é um jogo para poucos. Brutal. Impiedoso. Desafiador. Frustrante. Se você é do tipo que não gosta de falhar ou repetir múltiplas vezes um cenário por causa de um pequeno erro na sua estratégia, Natural Doctrine não é para você. Fique longe. Para todos os outros que procuram um RPG estratégico e bastante desafiador, esse talvez seja uma ótima recomendação, contanto que esteja preparado com o que está por vir.

No lançamento da versão japonesa, Natural Doctrine recebeu a fama de ser o equivalente à série Souls dentro de RPGs estratégicos e, de fato, assim como na série da From Software, o jogador será punido e surrado até aprender e dominar todas suas mecânicas, pois a Inteligência Artificial do jogo irá utilizar todas as ferramentas disponíveis para derrotá-lo. Sem piedade.

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Aqui jaz um dos primeiros e maiores problemas com ND, o tutorial é muito básico. Os sistemas de jogo são bem complexos e o jogo não os explica muito bem, principalmente suas nuances e possibilidades. Existem dicas que ajudam a entender melhor o combate, mas acabei por descobrir boa parte simplesmente experimentando com o sistema. Devido à dificuldade da IA, mesmo no normal, isso pode vir a frustrar muita gente antes mesmo que deem chance ao título. Há duas fases que servem como tutorial e, após elas, você está por sua própria conta e risco, estando preparado ou não.

Essa é a linha que irá dividir as pessoas que irão amar ou odiar Natural Doctrine. Uma vez aprendida as mecânicas, o jogo se torna um ótimo RPG estratégico, com algumas falhas. Caso não aprenda, isso será apenas um exercício de repetição e frustração. Irei detalhar as mecânicas nos próximos parágrafos, tanto com o objetivo de informar quanto com o objetivo de auxiliar os que pretendem se arriscar com o jogo. Caso não deseje esse “pequeno guia”, continue a leitura após a segunda linha tracejada.

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Natural Doctrine é um SRPG bastante único, mas que partilha alguns princípios com a série Fire Emblem da Nintendo e Valkyria Chronicles da Sega. Em ND, caso qualquer personagem seu morra, game over. Será necessário repetir o mapa do início ou de um checkpoint (determinado pelo jogo) e isso irá acarretar em um processo de perda de progresso e aprendizado. São poucos personagens, mas vê-los cair em batalha não é nada difícil e saber posicioná-los é algo vital para sua sobrevivência.

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Assim como outros SRPGs, o campo em Natural Doctrine é dividido em quadrados, mas em ND é possível mover-se livremente dentro desses quadrados. Portanto, considerar o posicionamento de suas unidades dentro de cada quadrado torna-se algo vital. Todos os ataques são representados por vetores, sendo demonstrada precisamente a trajetória de um tiro ou magia. Qualquer obstáculo no meio influencia a trajetória, seja uma parede, elevação, uma unidade aliada, etc.

Por exemplo, é possível acertar uma unidade aliada com seus ataques (sim, cometi esse erro) caso estejam na frente da trajetória de um tiro. Da mesma forma, é possível se esconder atrás de uma parede para evitar o fogo inimigo. O mesmo princípio vale para a defesa, caso suas unidades não estejam posicionadas atrás da unidade que está defendendo, elas ficarão sujeitas a serem alvos de ataques, especialmente tiros. Também é possível posicionar algumas unidades para fornecerem suporte a longa distância, contanto que estas tenham visibilidade para atacar os inimigos. Existem casos em que a detecção da trajetória de ataques pode ser burlada ou é falha, mas são raros e usualmente o que você vê é o que irá acontecer.

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Ao chegar ao turno de uma unidade sua, a mesma pode realizar uma única ação, sendo possível atacar, buffar status, usar itens, etc. Em Natural Doctrine, boa parte das ações possui uma característica chamada “Link Conditions”, que permite que outras unidades suas ganhem turnos ou adiantem os seus próprios turnos, caso uma condição específica seja realizada. Sim, é confuso, portanto um exemplo:

Digamos que seja o turno da minha unidade “A” e que eu a posicione para defender com o escudo. Qualquer defesa faz o “Link” com todas as unidades que estejam no mesmo quadrado que “A” ou em quadrados adjacentes. Então, se eu tiver uma unidade “B”, que já atacou, e “C”, que ainda vai atacar, em quadrados adjacentes, “B” ganha uma ação extra e eu posso adiantar o turno de “C” caso queira.

É importante entender esse conceito, pois a Inteligência Artificial abusa dessa mecânica, a ponto de criar a ilusão que a mesma está roubando por jogar vários turnos seguidos quando, na realidade, ela simplesmente está aplicando a mecânica do parágrafo anterior e garantindo múltiplos turnos a suas unidades que já atacaram. Da mesma forma, depois que entendi o conceito e o apliquei em várias ações do jogo, foi possível eliminar mapas inteiros de inimigos antes mesmo que conseguissem atacar ou serem considerados uma ameaça.

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É particularmente importante eliminar a unidade inimiga que atacará em seguida e criar “pontes” entre os turnos dos seus personagens. Digamos que a ordem seja: aliado “A”, inimigo “B” e aliado “C”. Uma das estratégias mais recomendadas é eliminar o inimigo “B” para que eu consiga jogar seguidamente com “A” e “C”. Nem sempre isso é possível ou viável, mas é algo que abusei bastante e que me salvou a vida inúmeras vezes.

É bastante comum que várias unidades ataquem ao mesmo tempo e, dependendo de suas ações, direção de ataque e posição, isso garante diversos bônus que podem definir a diferença entre vitória ou derrota. Por exemplo, se eu atacar um único inimigo com quatro unidades, quanto maior a distância entre essas unidades, maior será o bônus de dano e chance de acerto que receberei. Portanto, é recomendado posicionar tais unidades no formato do maior quadrado possível, com o intuito de garantir o maior bônus possível. Esses bônus possuem diversos benefícios como dano, chance de acerto, chance de crítico, entre outros, e também são abusados pela IA, sendo que tais vantagens garantidas são valiosas. Nas dicas do jogo são detalhadas quais as formações possíveis a serem feitas.

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Outro ponto importante é conhecer suas unidades e dominar suas particularidades, pois cada personagem possui sua própria especialização e a mesma é imutável. Existirão os guerreiros de frente, atiradores, utilizadores de magia, etc. Mesmo que a seleção de personagens seja limitada, a variedade é apreciada. Conforme suas unidades aumentam de nível, as mesmas recebem pontos que podem ser gastos para adquirir melhores status e habilidades, sendo também possível colocar e remover livremente todos esses pontos. Ou seja, é possível customizar todas as habilidades dos personagens fora de uma batalha, incentivando novas estratégias e experimentos.

Isso resume minhas dicas e impressões do sistema de batalha. Apesar de toda a complexidade, é um ótimo sistema que te força a pensar antes de cada ação e permite uma variedade de estratégias impressionantes. Praticamente todas as minhas derrotas foram devidas a uma estratégia mal planejada ou ao mau uso das mecânicas de jogo, levando consequentemente ao aprendizado de tudo que sintetizei acima.

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Aviso, porém, que existem casos em que as unidades inimigas recebem reforços e os mesmos atacam logo, podendo levar a uma derrota por falta de clarividência. Considero isso frustrante, mas são poucas as ocorrências de que me recordo. Uma vez passado o fator “surpresa”, não tive muitos problemas em prosseguir.

Também gostaria de avisar que logo no início do jogo são abertas minas opcionais para serem exploradas, porém, recomendo enfrentá-las apenas no final do jogo ou simplesmente concluí-las até pegar o primeiro baú. Tais minas possuem ótimos itens e servem de bom desafio, mas também estão cheias de inimigos fortes.

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Depois dessa “pequena” introdução, é fácil perceber que Natural Doctrine é um jogo puramente focado em sua jogabilidade. Ele ainda possui um modo multiplayer para construir seu exército e participar de partidas co-op e competitivas com outros jogadores. Infelizmente, a história é deixada em segundo plano, o que é uma pena, pois o mundo criado tinha bastante potencial para cobrir uma narrativa bastante interessante.

Em Natural Doctrine, a humanidade está reclusa a uma única cidade, que é rodeada por orcs, lagartos e mortos-vivos. Para se defender dessas ameaças externas, os seres humanos desenvolveram magia, porém, toda mágica depende de um mineral chamado Pluton. Pluton é um mineral raro que é escavado e processado por Goblins em minas, pois em seu estado natural é altamente tóxico para humanos. Os protagonistas da história são Bergmans, aventureiros que se arriscam nas minas para matar Goblins e roubar Pluton, uma prática considerada justa pela sociedade. Essa dependência de Pluton também é refletida na jogabilidade, pois toda magia utilizada necessita de uma quantia do mineral, que pode ser obtida em tesouros durante o jogo.

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A história toca em alguns temas interessantes como sobrevivência do mais forte, racismo, perseguição, mas nunca chega a se desenvolver para permitir uma discussão sobre esses temas. A história como um pano de fundo é contada pelas falas de retratos estáticos dos personagens e de algumas poucas cutscenes. Ainda com essa simplicidade, o diálogo dos personagens é bastante natural e agradável, dando um pouco de caracterização aos mesmos. A história tem sua quantidade de furos e coisas não explicadas, e mesmo não sendo foco do jogo, aproveitei o que foi oferecido.

Em relação à parte gráfica, esta é extremamente simples e os ambientes e personagens são modelados de maneira também extremamente simples e funcional. Particularmente, gostei bastante das artworks do título e é o único complemento que posso fazer da parte gráfica. Portanto, não espere um jogo bonito.

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Mesmo com essa simplicidade, a interface pode ficar tão cheia de informação que chega a ser difícil perceber tudo o que acontece na tela. Isso é particularmente problemático, principalmente porque a câmera não é fácil de ser controlada e sempre fornece uma visão de cima em ângulos específicos. Não me recordo da existência de pontos cegos ao mexer com a câmera, mas é incômodo controlá-la em alguns momentos.

A NISA ainda incluiu o áudio e texto da versão japonesa, sendo um bônus bastante apreciado. A trilha sonora de Natural Doctrine inicialmente não me chamou a atenção, porém, algumas trilhas que tocaram em alguns poucos momentos eram muito boas. Infelizmente, mesmo procurando na internet, não consegui encontrar um local que pudesse escutá-las com mais calma e não há uma opção para ouvi-las dentro do jogo.

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Como jogo está sendo lançado para PS3, PS4 e Vita, é possível realizar upload do seu save em uma plataforma e realizar o download em outra, continuando do ponto em que havia parado. Infelizmente, não existe Cross-Buy entre as versões, então imagino que serão poucos os que tirarão proveito disso.

 

Veredito

 Finalizando (finalmente!), apenas os que tiverem paciência para aprender as mecânicas de Natural Doctrine irão aproveitá-lo. O jogo é muito desafiador e requer um bom planejamento e paciência, já que ser derrotado é um cenário bastante comum, caso não esteja preparado. Com esse foco na jogabilidade em mente, existe bastante conteúdo aqui que deve ocupar por muito tempo os que apreciarem o sistema de combate e todas suas inúmeras possibilidades e estratégias. 

 

Jogo analisado com código fornecido pela NIS America.

 

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