Tem algo especial em Disgaea. Sejam as cansativas horas de grind, os números absurdos ou o charme irresistível dos Prinnies, a franquia mais emblemática da Nippon Ichi Software parece não se incomodar em ser um jogo de “nicho” e retorna com mais um remake feito para o Playstation Vita, mostrando que, assim como o portátil anterior da Sony, RPGs de qualidade continuam sendo uma marca dos portáteis da gigante japonesa.
Disgaea 4: A Promise Revisited é o remake do quarto jogo da franquia, Disgaea 4: A Promise Unforgotten, lançado em 2011 para o PS3. Segue a mesma linha do remake anterior (Disgaea 3: Absence of Detention) de ser uma “edição definitiva” do jogo, compilando todo o conteúdo lançado em forma de DLCs para a versão de PS3 e adicionando ainda mais conteúdo exclusivo para a versão de Vita.
Disgaea 4: APR não traz grandes novidades de gameplay, mantendo-se fiel a algumas das regras básicas de seu gênero, como o combate por turnos e em grids, combinados a estruturas já conhecidas dos outros jogos da franquia, como os Geo Blocks/Panels e os combos. Essa estrutura não é de forma alguma proibitiva a novos jogadores, uma vez que os primeiros capítulos funcionam como longos e detalhados tutoriais que situam o jogador no universo do jogo, tanto em termos de história quanto em suas mecânicas.
Se, em sua estrutura básica, D4: APR é um clássico RPG Tático, ele é ainda mais um Disgaea no seu sentido mais puro. O humor exagerado e escrachado da série continua contaminando suas mecânicas, desde ideias absurdas como aprovar leis que mudam as regras do jogo (através de petições ou outras formas de “convencimento” dos políticos locais), até o uso de inimigos como armas. A franquia continua criando novas e novas regras para manter os fãs de longa data interessados.
As mecânicas absurdas somados às ideias absurdas do jogo (como o level cap de 9999) servem como pequenos detalhes quando comparados à complexidade também absurda que a série continua a oferecer. Disgaea 4: A Promise Revisited é um desafio complicado mesmo para os veteranos da franquia, e jogadores que estão tendo agora seu primeiro contato com ela, mesmo que vindos de outras séries emblemáticas do gênero, como Final Fantasy Tactics e Fire Emblem, podem se encontrar presos em diversos momentos do jogo.
Talvez o ponto mais especial em Disgaea 4: A Promise Revisited seja o charme dos seus personagens e da sua ambientação. Já é típico da série tornar o “Inferno” um lugar mais charmoso do que estamos acostumados a imaginar, mas as escolhas visuais da engine atual, que tem levado a franquia para um estilo ainda mais voltado para o anime, se mostram acertadas, aumentando o carisma de alguns dos melhores personagens já escritos pela Nippon Ichi. O aumentos das opções de customização é um outro bônus adorável, permitindo agora mudar as cores de personagens e armas, tudo ainda mais bonito no display do Vita.
Disgaea 4: A Promise Revisited funciona excepcionalmente bem no portátil. Com uma longa seleção de cenários rápidos e mais fáceis de se jogar “on the go”, se combinam bem com as mecânicas de “pause-and-play”, só sendo um problema em algumas situações, como o Item World (a possibilidade de entrar dentro dos itens para aumentá-los de nível), que podem tomar algumas horas e uma carga inteira da bateria do Vita.
Mesmo com tantos pontos positivos, o maior deles talvez esteja no roteiro do jogo. A jornada de Lord Valvatorez, de tirano do Netherworld a Instrutor de Prinnies, e sua batalha para recuperar seu trono é tomada de personagens carismáticos, situações absurdas, diálogos bobos e melodramáticos e sardinhas. E Prinnies.
O jogo não deixa de ter problemas, infelizmente. O netcode não é dos melhores, o que torna a experiência de explorar o multiplayer do jogo, a Netherbattle, um pouco chato. A possibilidade de explorar conteúdo criado por outros jogadores ou enfrentá-los é boa, mas ainda precisa ser mais refinada para ser uma adição, de fato, substancial.
O jogo ainda te força a completar a campanha para acessar o conteúdo exclusivo da versão de Vita, o que pode ser cansativo para quem já terminou o jogo original no PS3, já que o grind, se não tão chato e massante quanto em outros RPGs, é ainda uma experiência longa e, por vezes, cansativa. Seria uma experiência melhor se a dublagem em inglês fosse mais consistente, mas, felizmente, o jogo permite a utilização do aúdio original.
Ainda assim, Disgaea 4: A Promise Revisited vale a pena, se estabelecendo como um dos melhores jogos da não tão vasta biblioteca do PS Vita. O jogo vale muito a pena para fãs de RPG em geral e é uma aquisição praticamente obrigatória para os mais ávidos por RPGs Táticos.
Veredito
Disgaea 4: A Promise Revisited explora e combina os melhores pontos de tudo o que a franquia já fez até hoje, com seu humor, sistema de combate e história exagerada e cativante, tudo envolto num charmoso pacote recheado de conteúdo.
Jogo analisado com código fornecido pela NIS America.