Darksiders Warmastered Edition

Para mais detalhes e outra ótica sobre o jogo, confiram a análise original de Darksiders para o PS3 .

Há pouco mais de seis anos, a série Darksiders chegou ao mercado e surpreendeu muitos jogadores. O game da Vigil é um daqueles casos que provavelmente quebrou a cara da maioria dos usuários. Antes de jogar, lembro de julgar que seria apenas mais um clone genérico de Zelda. A estranha direção de arte me gerava certo repúdio em relação ao jogo, pelo menos até experimentá-lo.

Embora Darksiders não tenha inovado, é um produto que trouxe uma mistura bem sucedida. Além da inspiração maior em Zelda, é possível detectar o DNA de God of War, Prince of Persia e Devil May Cry. Um jogo de ação e aventura que retoma vários clássicos de prestígio, dificilmente decepcionaria no gameplay. Mas o game também surpreendeu por sua bem contada história de fantasia apocalíptica, povoada por personagens interessantes e algumas reviravoltas.

O ponto de partida da história é o rompimento do equilíbrio entre os três reinos: dos homens, anjos e demônios. War é convocado por engano para Terra, onde os anjos e demônios começam a travar uma guerra, devastando o reino dos humanos. Parte de um conselho que preza pelo equilíbrio do universo, War recebe parte da culpa e, como punição, precisa investigar o que houve de fato.

O desenvolvimento da história surpreende, principalmente pela aparição de personagens e vilões bem caracterizados. Apesar da falta de um background para War (aspecto melhor explorado em Darksiders 2), o trabalho de voz feito por Liam O’Brien foi fundamental para a construção do personagem. Darksiders não traz um roteiro original ou mesmo diálogos muito caprichados, mas o protagonista War é marcante por seu comportamento durão e pelas poucas palavras, que sempre surtem efeito nos interlocutores.

A aventura segue um padrão similar a dos Zeldas 3D. Existe um mundo subdividido por pequenas áreas e algumas dungeons repletas de puzzles e lutas contra chefes. Aspectos como o backtracking são muito utilizados em Darksiders, isto é, a exploração em locais antigos após a descoberta de algum ítem/upgrade, permitindo o acesso a novas rotas ou recompensas escondidas.

O combate também é outro componente importante do jogo. Aqui a herança de God of War é facilmente percebida – os movimentos finalizadores com o botão “bola/círculo” são puro déjà-vu. Muitos movimentos são adquiridos com o dinheiro do jogo, mas ainda assim, Darksiders não entrega um combate muito complexo. É funcional e ocasionalmente divertido, no entanto fica difícil se acostumar com algo tão simples após o fantástico sistema de batalha de Darksiders 2.

As dungeons oferecem um bom balanceamento entre lutas, plataforma e resolução de enigmas. Ao final de cada uma delas, há uma luta contra um chefe que exige que o jogador faça proveito do ítem encontrado no mesmo local – similar como acontece nos Zeldas clássicos. O mundo pós-apocalíptico retrata a Terra devastada pelos demônios após um século e traz algumas paisagens bem arquitetadas. Minha única queixa sobre o mundo de Darksiders é a falta de variedade de ambientes.

A remasterização do PS4 traz melhorias bem-vindas, mas não salva o jogo da mediocridade visual. Mesmo para a época, Darksiders nunca foi um jogo muito belo. Ainda desaprovo algumas decisões artísticas nele, principalmente nos personagens (a proporção do corpo de War poderia ser melhor trabalhada). A iluminação, algumas texturas e diversos modelos poligonais são bem datados.

Warmastered Edition traz uma resolução esperada de 1080p e uma taxa de quadros por segundo maior em relação a versão PS3, agora rodando a 60. Todavia, não são 60 fps travados e há algumas quedas em determinados cenários. A qualidade das sombras é melhor, assim como o filtro de texturas. O filtro de aberração cromática foi introduzido também, mas para aqueles que não aprovam o efeito, é possível retirá-lo.
 

Veredito

Quanto às mecânicas e ao conteúdo, Darksiders: Warmastered Edition é o mesmo. Nada foi alterado, nem mesmo os requisitos para troféus. Ainda que não seja um primor gráfico ou especial pela sua trilha sonora, é um jogo muito divertido até hoje. A esperança por uma terceira versão me motivou a recordar os acontecimentos desse episódio e confesso que foi bastante prazeroso revisitar o clássico da Vigil Games.

Jogo analisado com código fornecido pela produtora.

Veredito

85

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