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[PSN] Amnesia: Collection

Nem sempre os jogos de terror introduziram personagens indefesos e incapazes de lidar com criaturas mais poderosas. Resident Evil e Alone in The Dark, por exemplo, ofereciam mecanismos para combater as ameaças impostas. Amnesia: The Dark Descent não é o primeiro game do gênero a priorizar a furtividade e fuga para evitar os inimigos, mas é um dos grandes, senão o maior, responsável pela popularização desse sub-gênero.

A coletânea chega ao PlayStation 4 seis anos após o lançamento da versão para computadores, o que explica seus modelos poligonais datados. Entretanto, a série Amnesia ainda é um exemplo de terror com design inteligente, devido ao seu gameplay diferenciado e ao desdobramento da narrativa.

The Dark Descent, o início da série, é o que me proporcionou a experiência mais satisfatória dentre todos os jogos da coletânea. O primeiro episódio se passa dentro do castelo de Brennenburg, um local propício para ambientação de survival horror. O jogador assume o personagem Daniel, que não se recorda de seu passado e nem o porquê de estar em tal local. Sua única orientação são bilhetes escritos por ele mesmo, indicando que a perda de memória foi uma ação voluntária e necessária para cumprir seu objetivo – matar Alexander, o Barão de Brennenburg.

Por meio de cartas, anotações e bilhetes, o jogador toma ciência do passado e das motivações de Daniel. Esses mementos também servem para orientar o jogador, seja ao indicar o caminho para progressão ou dicas de resolução de puzzles.

Os enigmas são parte essencial do gameplay de Amnesia. Além de inteligentes, o que os torna mais especiais são as possibilidades de interação com objetos, se utilizando da física do jogo. Por meio do cursor, o usuário pode carregar itens e usá-los de diversas formas nos quartos, salões e corredores do castelo. Uma simples pedra arremessada pode ser a resolução para um puzzle que, à primeira vista, parece complicado.

O principal ponto de divergência de Amnesia: The Dark Descent em relação aos demais jogos do gênero é seu sistema de sanidade. É aí que se concentra o aspecto mais divertido do jogo, visto que para manter a saúde mental do personagem, é preciso controlar o estoque de óleo e acendedores.

Esses são os dois ítens mais comuns do jogo e extremamente necessários para uma viagem bem sucedida pelos corredores mal-assombrados do castelo, pois ficar muito tempo no escuro reduz a sanidade. O jogador precisa montar rotas seguras acendendo velas, tochas e candelabros espalhados no local ou usando óleo em seu lampião. Contudo, a luz pode ser também uma ameaça quando algum monstro aparece, já que compromete a furtividade do personagem. Se o jogador estiver com uma sanidade baixa e se deparar com algum monstro, necessitando assim se esconder em um completo breu, acaba ficando em uma situação de “sinuca de bico”, sem poder fazer muita coisa.

Não é possível enfrentar os monstros, portanto, é imprescindível que o jogador fique escondido até a ameaça desaparecer. O simples contato visual com uma das criaturas já compromete a saúde mental de Daniel, então é inevitável uma jornada com alguns delírios.

A sanidade se recupera aos poucos, desde que o jogador esteja em um ambiente bem iluminado e longe de ameaças. Se ela chegar a níveis extremos, a saúde física é afetada e, assim, game over. Caso o jogador morra para monstros ou por conta de problemas de sanidade, existem checkpoints generosos em The Dark Descent. A facilidade de retomar a jornada acaba eliminando um pouco da tensão gerada pelo game. Por conta dessa segurança, muitas vezes transitei despreocupado pelos corredores sombrios de Brennenburg, mesmo com o sussurro de monstros.

Ainda que o gameplay não caia no gosto de todos os jogadores, o primeiro Amnesia reserva uma história interessante. As diferentes partes do castelo renovam a experiência do jogo e a narrativa estimula o jogador a descobrir a próxima pista do passado de Daniel. Temas de misticismo, tortura e terror cósmico (influenciados pela literatura de Lovecraft) fazem parte do “corpo” de Amnesia.

A trilha sonora não é marcante por suas músicas (exceto em A Machine For Pigs), mas o design de áudio em todos os jogos da coletânea são excelentes. Um aspecto necessário, visto que os sons emitidos em ambientes escuros são os melhores sinais para o jogador se guiar. O jogo consegue criar enorme tensão pelos barulhos gerados na iminência de uma criatura, deixando qualquer jogador ansioso e apreensivo.

The Dark Descent é meu favorito da coletânea, mas os demais jogos também possuem suas qualidades. Amnesia: Justine é um conteúdo adicional lançado após The Dark Descent que reutiliza os mesmos assets e motor gráfico, mas com uma nova história e um pequeno “twist” – permadeath. Se morrer, o jogo acaba e é preciso recomeçar do zero.

Justine é uma experiência bem mais breve em relação aos demais. Pode ser finalizado em questão de minutos, caso o jogador domine seus segredos. No entanto, nele existem mais variações na história, dependendo da ação do jogador. Tais decisões são associadas à história do jogo – uma espécie de experimento doentio envolvendo a personagem Justine, que pode salvar ou matar pessoas para escapar de um calabouço. Sem estragar surpresas, me limito a dizer que o final desse episódio é excelente.

Quanto a Machine For Pigs, esse é um produto desenvolvido pela The Chinese Room, de Dear Esther e Everybody’s Gone to The Rapture. Para os familiarizados com os jogos da produtora, a especialidade dessa equipe são os adventures “simuladores de caminhada”. O jogo é um capítulo isolado de Amnesia e possui até gráficos levemente mais sofisticados, mas as mecânicas de gameplay são simplórias e menos divertidas.

A progressão é mais linear, os puzzles não tão criativos e inexiste a mesma interatividade com itens em relação a The Dark Descent. No entanto, o clima de tensão e os sustos permanecem. A história é igualmente envolvente. O jogador controla o personagem Oswald Mandus, que, assim como em toda a série, acorda sem memória e precisa descobrir o que houve por meio de anotações e interações com o cenário.

A Machine for Pigs se passa em uma mansão, muito mais agradável aos olhos em relação ao primeiro Amnesia. A família de Oswald está desaparecida, mas seus membros frequentemente aparecem para assombrar o jogador – outro delírio ou alguma força mística inexplicável? O usuário do game também vai se deparar frequentemente com a imagem e criaturas que se assemelham a porcos.

Cada jogo da coletânea possui sua parcela de mementos, monstros e personagens perturbados com um passado oculto. É um produto que entrega várias horas de imersão e enredos interessantes. O pacote também recebeu um tratamento especial no PS4 – todos os jogos rodam a 60 quadros por segundo.
 

Veredito

Por meio de Amnesia: Collection, a Frictional Games oferece um produto repleto de experiências de tensão, de resolução de enigmas e boas histórias. Os gráficos são um pouco ultrapassados e o gameplay poderia ser mais refinado em alguns aspectos, mas ao final de cada jogo existe uma gratificante sensação de alívio e de tempo bem investido em entretenimento de qualidade.

Jogo analisado com código fornecido pela produtora.

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