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Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg – Review

Rastrear a história de algumas séries mais antigas de JRPGs é sempre um pequeno desafio. Salvo pelos grandes pilares do gênero, é inevitável que ao longo do caminho alguns jogos importantes se percam pelo caminho, quer seja pelo longo e complicado histórico de localização desses títulos para o Ocidente, seja a ausência delas em plataformas acessíveis até hoje ou ainda pela baixa tiragem que esses jogos tiveram no seu lançamento.

Felizmente, uma das grandes vantagens da onda recente de relançamentos através de remasterizações ou remakes tem sido um caminho para resgatar títulos importantes da história do gênero, ainda que com suas históricas limitações. Relíquias do passado agora com roupagens mais modernas à disposição de interessados no legado de franquias com décadas por trás ou novos fãs querendo conhecer a origem de algo.

E é aí que entra Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salzburg, mais novo lançamento da histórica série da Gust e publicado pela Koei Tecmo. O que temos em mãos aqui é justamente um remake completo do primeiro jogo da franquia, graficamente refeito para a geração atual mas mantendo o gameplay que viria a dar origem ao que hoje temos como um dos melhores exemplos de um RPG “slice-of-life” por aí.

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg

Aqui o jogador assume o controle de Marlone, uma jovem aprendiz de alquimista conhecida como a pior estudante da Academia Real de Magia de Salburg. Como Marlone parece incapaz de aprender nos redutos escolares a arte da criação de itens, ela recebe um exame especial que, caso ela passe, a dará a licença para prática de alquimia.

Esse teste é um tanto quanto inusitado: Marlone recebe seu próprio Atelier, precisando desenvolver suas habilidades na prática atendendo aos pedidos da população da cidade e, ao fim do prazo de cinco anos, precisará apresentar a sua professora Ingrid um item de quatro estrelas para provar o quanto ela evoluiu e se tornou capaz de ser uma alquimista de verdade.

E… é isso. A história basicamente é essa, com algumas cutscenes surgindo de tempos em tempos explorando a jornada de Marlone e a dinâmica dela com algumas figuras específicas ao redor da cidade e seus professores. É uma narrativa bem simples e o jogo te deixa bastante livre sobre como abordar o prazo de cinco anos, com apenas algumas “avaliações preliminares” surgindo de tempos em tempos para te guiar e sempre de forma bem genérica como “colete itens em x lugares” ou “colete x tipos de ingredientes”.

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg

Dito isso, Atelier Marie já demonstra vários dos aspectos que viriam a consolidar a franquia Atelier ao longo do tempo. Uma das principais dinâmicas do jogo é recrutar dois aliados para lhe acompanhar na exploração do mundo (com direito a pagamento de salário e tudo). Ao longo do tempo, Marie vai desenvolvendo uma relação de amizade com esses companheiros e, com isso, novas cutscenes vão sendo destravadas explorando mais sobre eles e a dinâmica deles com Marie. Cabe dizer aqui que o Remake trouxe também novos eventos e eventos com novos personagens, aumentando assim a quantidade de cenas do jogo.

São cenas simples e muitas vezes bobas, mas ajudam a construir o clima de uma aventura leve e descompromissada com os personagens que vivem naquela cidade. Com o passar do tempo, novos personagens também vão surgindo então é possível ir conhecendo cada um no seu tempo, ainda que pareça quase impossível ver tudo de todos os personagens dentro do limite de tempo estabelecido pelo jogo.

Aliás, embora não esteja mais presente nos jogos mais recentes da série, aqui também vemos a introdução do sistema de limite de tempo para conclusão de uma tarefa principal ao redor da qual a história gira. Era algo bem comum até os jogos lançados no fim do PS3/PS4 e, em comparação com alguns desses jogos, é até bem permissivo, fazendo com que veteranos da série consigam completá-lo com tranquilidade e bem rapidamente (algo em torno de 15 a 20 horas).

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg

Dito isso, uma das melhorias trazidas com esse remake é a inclusão de um Unlimited Mode. Esse modo é literalmente o que diz no nome, dando ao jogador tempo ilimitado para concluir a missão principal, podendo explorar o jogo com mais calma e fazer tudo que quiser. Isso é algo muito bem-vindo pois, ao contrário do sistema posterior de horas, aqui cada ação, seja uma luta ou coleta de itens, lhe custa um dia, com esse tempo aumentando exponencialmente ao se realizar síntese ou viajar para áreas de coletas.

Uma das vantagens que esse Remake traz em relação ao original é que, apesar de manter a essência simples desses aspectos do jogo (e alguns outros a serem falados mais na frente), ele recebeu uma série de melhorias de qualidade de vida que faz com que todo esse trabalho de exploração e criação seja simplificado. Novos tutoriais foram adicionados, os menus se tornaram mais intuitivos, com direito a uma interface bem próxima ao que é comum aos jogos mais recentes da série, foram incluídos sistemas de viagem rápida, o sistema de coletas é igual aos mais recentes e a HUD te indica com maior clareza onde ir.

Todas essas melhorias são extremamente bem-vindas e fazem com que o jogador seja muito mais acessível para jogadores modernos e que só tiveram acesso a série em tempos mais recentes. Afinal, se trata do primeiro jogo da série e, ainda por cima, um jogo de 1997 do PS1, então trazê-lo com aqueles padrões de controle e UI seria impossível. Outro ponto que seria impossível de manter seriam os gráficos e o novo visual em HD é bem agradável aos olhos, com o estilo chibi adotado o diferenciando bastante dos títulos mais recentes.

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg

Mesmo com todas essas melhorias é importante frisar que o jogo segue sendo, essencialmente, o mesmo jogo lançado no PlayStation original. Isso significa que os dois principais sistemas da série, seu combate por turnos e a síntese de itens, são bastante simplificados e ainda bem distantes de tudo aquilo que ambos se tornariam em seus expoentes mais recentes.

Síntese basicamente se resume a escolher uma receita da lista de itens disponíveis, dividida por elemento correspondente, verificar se você tem os itens e ferramentas necessários, escolher a quantidade daquele item a ser criado e executar a síntese. As receitas disponíveis vão depender dos livros lidos na biblioteca da escola ou comprados na loja dela e é bem fácil identificar quais os itens necessários para criação. Não há nenhum minigame de encaixar elementos para aumentar o efeito da síntese. Tudo é bem direto e prático.

Na mesma pegada vem o combate. Ele é o seu combate por turnos padrão visto naquela geração, com sua equipe sendo formada por Marlone e mais dois e cada um agindo no seu devido turno com a ordem sendo determinada pela sua velocidade.As ações são mapeadas para os botões de face, com cada personagem podendo atacar, defender, usar itens ou usar um ataque especial para causar mais dano. É bem simples e fácil de pegar, raramente sendo muito desafiador salvo por algumas batalhas especiais contra inimigos.

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg

No geral, considerando todo o pacote, Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salzburg é um título muito bem-vindo, mas cuja acessibilidade depende muito do jogador estar com a mente aberta e ciente do que irá encontrar aqui. Ainda se trata de um jogo que é fruto do seu tempo e cujas melhorias modernas não escondem sua simplicidade e o quanto a série caminharia dali pra frente rumo ao que vimos em títulos mais recentes, inclusive em um outro lançado neste mesmo ano.

Já como registro histórico, é bastante recompensador ver que o sucesso da série ao longo dos últimos anos finalmente permitiu a Gust resgatar um importante pedaço da sua história e é um título que finalmente chega ao Ocidente. Marlone é uma divertida predecessora das demais protagonistas da série, com vários dos elementos que fazem parte da personalidade de algumas das suas principais heroínas e consegue por si só carregar muito da experiência.

É de se torcer então que esse seja só mais um passo da Gust buscando reviver o seu passado e trazê-lo para novos fãs e apreciadores que nunca tiveram acesso a esses jogos. Afinal, para se tornar a melhor versão de si, é importante lembrar do começo e da essência que é necessário preservar ao longo das várias iterações de si. E, nisso, Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salzburg é um forte lembrete do porquê a série acumulou tantos fãs ao seguir sendo fiel a sua própria identidade.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Koei Tecmo.

Veredito

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg é um interessante relançamento do primeiro jogo de uma histórica série de RPGs que demonstra para novos e antigos fãs que vários dos elementos que os cativaram estavam presentes desde o seu começo. Apesar de limitado por toda sua simplicidade, o título diverte bastante durante sua relativa curta duração.

75

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg

Fabricante: Gust

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG

Distribuidora: Koei Tecmo

Lançamento: 13/07/2023

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg is an exciting re-release of the first game of a RPG series that demonstrates that shows for both new and old fans that many of the elements that captivated them were present from the very beginning. Despite being limited by all its simplicity, the title is a lot of fun during its relatively short length.