Samurai Shodown é uma clássica série de luta 2D da SNK que teve origem em 1993 nos Arcades. Depois do seu primeiro jogo (que se encontra disponível em diversas plataformas), tivemos várias outras versões, inclusive com determinados jogos que exploraram a série num ambiente em três dimensões. Por conta disso, o “verdadeiro” último jogo lançado foi Samurai Shodown VI em 2005. Em outras palavras, estávamos há quase 15 anos sem um novo título.
Para conquistar novos fãs e também agradar os que são da velha guarda, a SNK nos oferece um reboot com Samurai Shodown no PS4 (e Xbox One, além do Switch e PC no futuro). Ou seja, a SNK está fazendo o que a Capcom fez com Street Fighter IV: trata-se de uma nova versão que pega o básico da série e faz uma adaptação às tecnologias modernas.
Samurai Shodown não é um jogo complicado. A sua premissa é bastante simples, mas existem diversas “camadas de profundidade” (digamos assim) que agradarão os jogadores mais dedicados. O tutorial – que explica bem e de forma direta – o ajudará a entender o básico dessas mecânicas.
O game segue um combate com armas brancas (espadas, na maioria dos casos). Há movimentos especiais e “Supers”, mas até nesse ponto as coisas são diferentes. Para poder explicar o funcionamento do combate, precisamos realmente começar a falar do básico.
Há apenas quatro botões (o restante é uma combinação deles): fraco, médio, forte e chute. Os três primeiros seguem a lógica padrão dos jogos de luta (quanto mais forte, mais lento é o golpe), porém a graça de Samurai Shodown é que um golpe forte bem dado é verdadeiramente forte, causando muito dano. Ou seja, três fortes bem dados podem encerrar a partida, mas encaixá-los não é tão simples assim. Já o chute é bastante fraco e só serve para você tentar abrir a defesa do adversário.
Explicados os botões básicos, podemos falar das mecânicas, que são diversas. Samurai Shodown possui golpes especiais (e que podem ser executados a qualquer momento, como projéteis), um desvio, agarrão (para abrir a defesa do oponente) e três Supers distintos. Um desses Supers pode ser ativado sem pré-requisitos, mas acertando ou não só pode ser feito uma vez na luta. Já os outros dois envolvem a barra de fúria.
Essa barra de fúria, estando cheia ou não, pode ser “estourada” (e perdê-la para o resto da luta) para que você use um outro Super do personagem. E quando está cheia, permite você usar o terceiro Super mencionado ou causar mais dano com os seus golpes convencionais. Esse terceiro Super nos leva a mais uma mecânica: a de deixar o oponente sem arma. Bem no estilo Vega de Street Fighter, a arma cai no cenário e você precisa pegá-la (se conseguir).
Isso tudo sem contar algo primordial: a defesa. Defender em Samurai Shodown é muito importante pois o jogador paciente, que esperou um ataque lento do oponente e defendeu, poderá puni-lo e quem sabe vencer a luta. Há também uma defesa no momento “certo” (normalmente chamado de “Just Defense” nos jogos de luta) que fornece vantagem na velocidade de punição. Quando está sem sua arma, há uma outra mecânica de defesa ainda que permite o personagem defender segurando a arma do oponente com as suas próprias mãos.
Como você pode notar, Samurai Shodown parece simples à primeira vista, mas há muita profundidade em seu combate. Os modos de jogo também não decepcionam. Além do tutorial que já mencionamos, temos um modo história para cada personagem (e que contém um prólogo e epílogo único para cada um deles) e outros modos mais simples, como Sobrevivência e Prova de Tempo.
Samurai Shodown tentou inovar e oferece um modo em que você enfrenta Fantasmas dos outros jogadores. É algo interessante, pois teoricamente é uma CPU que imita o estilo de jogo do oponente que você escolheu (um jogador humano). Em nossos testes, porém, a CPU foi bem fácil de enfrentar, mesmo com quem tinha ranking alto. Então ainda que a proposta soe interessante na teoria, na prática pode ser um pouco decepcionante. Mas como esses fantasmas provavelmente precisam de bastante dados dos jogadores, é provável que no futuro seja algo mais fiel ao estilo deles. Sendo fiel ou não, porém, quem busca conteúdo “offline” pode se interessar.
Finalmente, temos o online. Em nossos testes, a conexão não foi satisfatória. Com brasileiros foi relativamente tranquila, apesar de lags em determinados momentos. Porém, com estrangeiros foi algo mais complicado. Provavelmente haverá otimizações via patches, então é difícil julgar como será o futuro, mas o modo atual dependerá bastante de brasileiros jogarem, ao contrário de outros jogos de luta como Mortal Kombat 11 e SoulCalibur VI em que jogar com pessoas de outros países é possível (sem lag) em muitos casos.
O online, desconsiderando isso da conexão, é interessante. Além das partidas ranked e casuais, temos o modo de grupos. Ou seja, no lobby (que suporta até 10 jogadores) você pode criar partidas 2×2 ou 5×5.
Samurai Shodown possui ótimos gráficos (algo que era preocupante depois da SNK nos oferecer KOF XIV e SNK Heroines) e uma trilha sonora muito bela (a canção dos créditos vale a menção).
O maior problema, no fim, é de fato o modo online, algo que infelizmente é crucial em um jogo de luta. O loading também é complicado (mesmo no PS4 Pro), sendo que é demorado em muitos casos. A pequena variedade de personagens (apenas 16) também fica notável depois de algumas partidas, apesar de todos eles terem estilos próprios de luta. Por sorte, há mais 4 confirmados e totalmente gratuitos (se você conseguiu pegar o Season Pass).
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Athlon Games.
Veredito
Samurai Shodown é um ótimo jogo de luta, com mecânicas profundas e ao mesmo tempo acessíveis. O modo história para cada personagem é interessante, assim como a própria variedade de estilo dos lutadores. O sistema de Fantasmas dos jogadores também merece destaque. Infelizmente há problemas, como o modo online que pode sofrer de lag em muitas lutas.
Veredict
Samurai Shodown is a great fighting game, with elaborated yet accessible mechanics. The story mode for each character is interesting, as is the variety of the fighters. The system of Ghosts’ players is also worth mentioning. Unfortunately, there are some problems, like the online mode that can suffer from lag in many fights.