Obs: o vídeo acima é uma playlist dos cinco episódios.
Analisar um jogo dividido por episódios é algo normalmente complicado. Afinal, o usuário que acompanhou cada episódio ao longo de mais de um ano teve uma experiência diferente daquele que jogar todos os episódios de forma seguida. O motivo? Discutir teorias do que pode acontecer no próximo ou, é claro, ter a menor chance de receber um spoiler quando se acompanha fielmente. Mas a verdadeira complicação está no meu lado, de redator: devo analisar episódio por episódio ou apenas o pacote completo?
Com Life is Strange 2, analisei o primeiro episódio e depois o segundo. Quando estava prestes a analisar o terceiro, desisti e optei por esperar sair todos para, enfim, soltar esta análise completa. O motivo? Não havia muito o que comentar sem estragar a experiência do usuário.
Life is Strange 2 coloca você nos pés de Sean, sendo que deve cuidar de seu irmão menor, Daniel. Após um trágico incidente, os irmãos fogem de casa. Com medo da polícia e tendo que esconder o novo poder telecinético de Daniel, os dois partem rumo ao México em busca de segurança.
De uma hora para outra, Sean, de dezesseis anos, se vê responsável pelo irmão e deve protegê-lo, procurar abrigo e ensinar o que é certo e o que é errado. Jogando como Sean, suas escolhas determinam o destino dos irmãos Diaz e as vidas de todos que eles encontram pelo caminho.
Sem entregar muito do enredo, o primeiro episódio mostra essa fuga inicial de ambos. O segundo continua abrangendo a fuga, porém os irmãos acabam encontrando um conforto temporário com parentes. No terceiro, de volta à estrada, Sean e Daniel acabam em uma comunidade hippie e o episódio termina de forma tensa. Essa “tensão” nos leva ao que acontece no início do quarto episódio, sendo que nele Daniel acaba num culto religioso que considera o garoto divino por conta de seus poderes. Por fim, o quinto episódio é a chegada na fronteira com o México. Mas cabe a você decidir, obviamente, o que vai acontecer (além de suas decisões anteriores também afetarem esse final).
Acredite, com esse resumo não entreguei nem 1% do que acontece na história – é apenas para você ter uma noção geral.
A história de Life is Strange 2 é muito boa e emocionante. Seu final é bastante emotivo (se você se deixar levar pelo enredo), independente de suas escolhas (sendo que essas são definidas pela maneira que você educa Daniel). Por outro lado, os personagens não são tão memoráveis quanto. Você acabará esquecendo cedo ou tarde muitos deles. Apesar disso, alguns são marcantes (mas são poucos), sendo que aparecem em um episódio apenas de tão bacanas que são.
Inclusive, para aqueles que buscam uma conexão com o primeiro jogo, fica o alerta que isso acontecerá no quinto episódio principalmente. Um personagem importante de Life is Strange dará as caras e sua vida, seja amorosa ou não, dependerá de sua escolha no início de LiS2: se você salvou Arcadia Bay ou Chloe.
O maior problema geral da história de Life is Strange 2 é o exagero em querer passar uma crítica social. Parece que cada episódio tenta apontar claramente assuntos polêmicos que nossa sociedade enfrenta, como racismo, preconceito, homossexualidade e outros. Pessoalmente, acredito que é bastante válido que isso esteja presente no jogo, mas não na quantidade que foi inserida, a ponto de parecer ser forçado e não algo natural.
Para explicar melhor, um dos assuntos mais abordados em Life is Strange 2 é que Sean e Daniel, apesar de serem americanos, são descendentes de mexicanos. Por conta disso, vira e mexe aparecem personagens na história que os julgam por isso. Em época de Trump, é uma crítica válida (o jogo coloca você no personagem que está recebendo o preconceito), mas há muitas vezes que o jogo exagera na abordagem e deixa de ser algo natural.
Mas, de longe, o maior problema de Life is Strange 2 é que Sean não possui poderes. Ou seja, apenas seu irmão Daniel que pode levantar objetos e empurrar coisas como um Jedi. O problema disso é que você joga de forma “passiva”. Em dados momentos, você pode pedir para que Daniel faça algo, mas é apenas isso.
Um dos pontos principais do primeiro Life is Strange é que você podia voltar no tempo e analisar todas as opções possíveis e suas consequências, antes de decidir o que deveria acontecer. Isso o diferenciava dos demais adventures e tornava seu gameplay interessante.
Quando disseram que LiS2 teria novos poderes (algo que não sou contra), imaginava que o jogador poderia controlá-lo. Mas não, nesse aspecto que LiS brilhava, acabou deixando a sequência como um outro adventure qualquer.
Há ainda outro problema que é relacionado ao aspecto técnico. Life is Strange 2 possui bugs gráficos em dados momentos, fora que o jogo travou uma ou duas vezes ao longo dos cinco episódios. Ainda sobre o aspecto técnico, acho o estilo artístico de LiS interessante, mas como agora LiS2 ousou em oferecer ambientes mais abertos, ficou muito evidente o “vazio” nos cenários.
Ainda, Sean pode desenhar em dados momentos. É algo interessante também, mas completamente inútil e mal aproveitado. Os desenhos que Sean faz não servem para absolutamente nada – apenas para pegar os troféus de PS4 mesmo.
De forma geral, LiS2 possui alguns problemas complicados como descrevemos nos últimos parágrafos. Mas mesmo assim vale ver a sua história. Não é superior ao jogo original, mas é melhor que muitos adventures que existem no mercado.
Veredito
Life is Strange 2 passa uma mensagem forte e é impossível você não ter emoções enquanto joga pelos cinco episódios. Apesar disso, a história não é tão interessante quanto o primeiro jogo, a maioria dos personagens não são memoráveis e o principal: o personagem que controlamos (Sean) não possui poderes (apenas seu irmão). Ou seja, jogamos de uma forma passiva, orientando Daniel. A mecânica de voltar no tempo do Life is Strange original é o que o tornava único, enquanto que sua ausência aqui faz com que seja apenas mais um adventure entre tantos outros.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Square Enix.
Veredito
Veredict
Life is Strange 2 delivers a strong message and it’s impossible for you not to feel some emotions while playing through the five episodes. Nevertheless, the story is not as interesting as the first game, most characters are not memorable and above all: the character we control (Sean) has no powers (only his brother has). That is, we play in a passive way, guiding Daniel. The mechanics of going back in time from the original Life is Strange are what made it unique, while its absence here makes it just another adventure among so many others.