Aerial_Knight’s Never Yield – Review

O cenário futurístico da cidade de Detroit se transformou em um lugar hostil para aqueles que ousam desafiar as leis e os acordos sociais. Nesta nova realidade, a polícia altamente treinada para perseguir civis não mostra uma atitude respeitosa com os cidadãos e ataca qualquer ação considerada subversiva de acordo com os protocolos do governo.

Em meio ao caos das ruas, Wally é um jovem que usa de suas habilidades e consciência corporal para enfrentar a repressão correndo entre os becos, escalando prédios e executando manobras livres que o farão chegar ao seu objetivo. Carregando um item de extrema importância para a sua vida, o garoto deverá sobreviver às armadilhas da arquitetura da cidade através do parkour buscando ser mais eficiente que as máquinas policias.

O enredo de Aerial_Knight’s Never Yield, juntamente com a proposta do estilo parkour, revela a intenção do estúdio de entregar ao público um jogo rápido e dinâmico em todos os sentidos, fazendo das partidas uma interação que siga o ritmo desta modalidade radical.

Simplicidade é a palavra-chave neste título, uma vez que todos os elementos, que vão desde o visual até a jogabilidade, estão alinhados à proposta e trazem um ritmo específico que vai agradar aos jogadores. Vale destacar que a simplicidade do game não deve ser entendida como baixa qualidade, uma vez que todos os aspectos técnicos são bem planejados e fiéis. A simplicidade de Aerial_Knight’s Never Yield consiste em uma forma menos burocrática e mais descompromissada de jogar, que eleva o grau de diversão que são típicos em bons títulos indies. Gamers casuais e mais hardcore poderão aproveitar a experiência de sair correndo pelas ruas podendo se divertir com um game que oferece por volta de uma hora e meia de campanha, sendo o restante para o aprimoramento da pontuação.

Aerial_Knight's Never Yield

Com uma jogabilidade precisa, que transmite uma sensação real do parkour, boa trilha sonora e uma campanha objetiva, o game publicado pela Headup tem poucos pontos negativos e é uma ótima opção para que os jogadores possam ter contato com uma proposta mais “raiz” dos jogos eletrônicos, mantendo certas tradições como quebrar os próprios números a cada nova partida.

A princípio, sair deslizando por Detroit, utilizando de manobras corporais para superar obstáculos, pode parecer confuso e com um certo grau de dificuldade gerando um ritmo de jogo menos fluente que o desejado. No entanto, poucos minutos de ação fazem com que os comandos sejam aprendidos e a diversão apareça na forma de pulos e evasões de carros, bombas, portões de aço, rampas e tudo o que uma cidade pode oferecer.

A objetividade da jogabilidade tem por intuito estimular o raciocínio rápido e a antecipação dos desafios para que as dinâmicas do jogo aconteçam. Durante as fases, Wally correrá automaticamente pelos cenários cabendo a quem joga desviar dos obstáculos realizando o parkour no momento adequado para concluir as etapas. Somente o direcional e o botão X serão usados, o que significa que o jogador poderá se concentrar somente nestes botões para executar a melhor manobra. A cada novo obstáculo, o jogo faz uma breve pausa para ser possível perceber do que deve ser desviado ao mesmo tempo que o comando correto deve ser acionado no controle. Cada tipo de objeto nos cenários tem sua própria maneira de ser vencido e se repetirão ao longo dos 13 estágios com aumento gradual da dificuldade. Se tal comando não for realizado no tempo e no local correto, o personagem erra o salto e perde uma vida voltando ao último ponto de controle.

Os estágios de Aerial_Knight’s Never Yield apresentam visual bonito e interessante para um jogo que tem como identidade a rapidez e a simplicidade. Os efeitos de luminosidades são convincentes e as cores dos ambientes são vibrantes, mesmo em fases com visual noturno. O conceito gráfico mescla a vivacidade das cores iluminadas pela luz solar em fases diurnas e a opacidade com tons mais escuros e frios à noite. Soma-se a esse conceito a arte do cel shading que promove um forte sombreamento nas linhas aproximando o design à arte feita à mão oferecendo uma aparência mais cartoon e original. Além disso, a renderização e a resolução do game estão de acordo com os padrões da atual geração considerando-se o segmento indie e mostra um cuidado da desenvolvedora em utilizar de recursos técnicos recentes para construir uma perspectiva própria.

Entretanto, alguns pontos do título oferecem menos consistência se comparados com os aspectos mais bem trabalhados como no caso da construção de uma jogabilidade eficiente.

Aerial_Knight's Never Yield

O enredo de Aerial_Knight’s Never Yield é um mistério e as informações sobre o personagem Wally e sua fuga são obtidos na sinopse publicado nos sites de divulgação. Durante a campanha, nenhum texto ou diálogo é mostrado fazendo com que a história por trás da pressa do protagonista seja deduzida pelos eventos ocorridos. Apesar de ser um jogo que, em essência, preza pela rapidez, um roteiro mínimo de apresentação dos personagens e da trama principal teriam um impacto ainda mais positivo. A correria a qual o jogador é inserido de imediato acaba por não fazer muito sentido uma vez que é difícil compreender os motivos da fuga e o que há de tão importante nas informações que Wally carrega.

Essa ausência de roteiro faz com que o jogo se torne um pouco repetitivo após algumas fases por não ter muitos elementos novos que segurem a proposta do parkour. A dificuldade é aumentada com a adição de mais obstáculos por fase exigindo mais reflexos e consistência dos comandos, mas esse fator não aumenta a diversão e reforça a falta de uma história mais elaborada.

Aerial_Knight's Never Yield

A trilha sonora de Aerial_Knight’s Never Yield é impactante e segue bem o ritmo frenético dos estágios com batidas eletrônicas e faixas cantadas que embalam as aventuras do jovem Wally. As composições feitas para o game também perdem um pouco da força com o passar das fases, se tornando quase a mesma melodia conforme a campanha avança. Como uma forma de melhorar a experiência auditiva, uma possibilidade seria a adição de algumas vozes como a do protagonista que traria mais identidade ao personagem e se somaria ao quesito sonoro com mais eficácia e elegância.

Como uma forma de aumentar a vida útil do jogo, as dificuldades Hard e Insane são disponibilizadas após a conclusão de cada estágio, diminuído o tempo de pausa para a realização das manobras e permitindo mais realidade e fluência da movimentação. Dessa forma, parte da diversão será passar pelas fases novamente melhorando a performance anterior, permitindo um aproveitamento maior do gameplay.

Não há a necessidade de muito treinamento ou adaptação para jogar Aerial_Knight’s Never Yield, já que a ideia pretendida pelo estúdio é oferecer um exercício de pensamento rápido alinhada ao parkour que não deve ser muito pensado para não quebrar o ritmo privilegiado e autêntico que domina as partidas.

Jogo analisado no PS4 com código fornecido pela Headup Games.

Veredito

Tendo como principais objetivos a velocidade e uma jogabilidade assertiva, Aerial_Knight’s Never Yield é um jogo que oferece simplicidade e dinamismo pelo parkour, assim como pelo pensamento rápido para superar obstáculos. O jogo oferece uma experiência autêntica e bem executada, porém necessita de um roteiro um pouco mais delimitado e explicativo que permita um direcionamento do enredo.

74

Aerial_Knight's Never Yield

Fabricante: Aerial_Knight

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Ação / Plataforma

Distribuidora: Headup Games

Lançamento: 19/05/2021

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim

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Veredict

With speed and assertive gameplay as its main objectives, Aerial_Knight’s Never Yield is a game that offers simplicity and dynamism for parkour, as well as for quick thinking to overcome obstacles. The game offers an authentic and well executed experience, but it needs a slightly more defined and explanatory script that allows a direction of the plot.


Renan Gaudencio Vale
Renan Gaudencio Vale
Linguista, publicitário professor, tradutor nas horas vagas e acima de tudo um gamer dedicado. Como fã da cultura pop e geek, acredito que os jogos eletrônicos sejam mais que diversão e sim uma representação muito particular no mundo. Jogador há quase 30 anos, entendo o vídeo game como uma experiência única que envolve narrativas profundas, personagens encantadores e um ligação pessoal que constrói um elo único com a emoção. Aprecio os grandes títulos e franquias famosas, mas nos últimos tempos, tenho me dedicado aos jogos indies com muito entusiasmo.