Fatal Frame: Maiden of Black Water – Review

O dia que todos esperavam chegou, e Fatal Frame finalmente foi lançado para outras plataformas desde que a Nintendo adquiriu os direitos da série. Para o pontapé inicial nesta jornada, a Koei Tecmo trouxe a versão remasterizada de Fatal Frame: Maiden of Black Water, último jogo da franquia lançado para o Wii U.

Antes de começarmos a análise, falarei um pouco aqui o porquê do título ser tão importante para os fãs do gênero e da franquia em si.

A série, que teve o 1º título lançado para PlayStation 2 em 2001, se consagrou após o lançamento de Fatal Frame ll: Crimson Butterfly. O jogo narrava os acontecimentos de Mio e Mayu, duas irmãs que encontram uma vila que foi palco de diversos sacrifícios no passado.

O 2º título da série é o mais vendido e com a maior nota até hoje. Não é pra menos, afinal, ele tem uma história incrível, dá muito medo e possui diversos finais. O sucesso foi tanto, que uma versão melhorada saiu para Wii em junho de 2012, mas só no Japão. Aqui, além dos gráficos melhorados, o jogo também trazia a câmera por trás da personagem ao invés da fixa, como a que foi vista no PS2.

Fatal Frame: Maiden of Black Water
A câmera por trás dos personagens foi o maior acerto da Koei Tecmo em relação aos títulos da franquia. Fonte: PS5 Create

Embora tenha apresentado muito potencial, o 3º título da franquia, intitulado de Fatal Frame: The Tormented, não recebeu o mesmo holofote que Crimson Butterlfy, mas ainda assim, é considerado um dos melhores da franquia, segundo as notas do VG Chartz.

Fatal Frame lll: The Tormented, foi o último jogo a aterrissar nos consoles da Sony. Após a aquisição de parte dos direitos pela Nintendo, três novos títulos da franquia foram produzidos, sendo um exclusivo para Wii, outro para Wii U e um spin-off para Nintendo 3DS: Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse, Fatal Frame: Maiden of Black Water e Spirit Camera: The Cursed Memoir, são os títulos que chegaram às plataformas da Big N, respectivamente.

Agora, seis anos após o lançamento do último jogo para Wii U, a Koei Tecmo finalmente traz uma versão remasterizada de Fatal Frame: Maiden of Black Water, com diversas roupas novas e recursos para a Câmera Obscura. Tudo isso para tentar mostrar que a série ainda vive e que merece sua atenção. Mas será que merece mesmo?

Fatal Frame: Maiden of Black Water
Em muitos momentos os personagens estarão acompanhados de outros NPCs, mas infelizmente, não é possível controlá-los. Fonte: PS5 Create

Fatal Frame: Maiden of Black Water narra a história do Mt. Hikumi, um local muito conhecido e visitado por pessoas que querem tirar as próprias vidas. No entanto, acredita-se também que quem vai para o Monte Hikumi é, na verdade, amaldiçoado pelos fantasmas que morreram por lá.

Yuri, Ren e Miu, são os personagens principais dessa jornada. No início de tudo, eles não têm a intenção de descobrir a verdade por trás de tantas mortes, mas sim, a de encontrar seus entes queridos. Mas as coisas mudam de figura quando começam a descobrir a verdade por trás de tanta desgraça e morte.

Fatal Frame: Maiden of Black Water traz três perspectivas distintas, mas no fim, todas as histórias se conectam de alguma forma. Pelo lado positivo, a narrativa consegue seguir seu fluxo, mas ao mesmo tempo, fica a desejar no quesito de diversidade de cenários, já que muitas vezes os personagens visitam os mesmos lugares que seus “colegas”.

Um outro ponto que incomoda é o fato do título trazer muitos personagens. Chega um momento que você não sabe mais de quem eles estão falando, pois vários nomes são mencionados durante a aventura. Tudo bem ter três protagonistas, mas a Koei Tecmo poderia ter dado um foco maior nesses três, deixando tudo mais “enxuto”, ao invés de transformar o jogo numa salada mista de acontecimentos.

Fatal Frame: Maiden of Black Water
Na vida real, existe um lugar chamado Aokigahara, no Japão, conhecido também como “bosque dos suicídios”, local onde dezenas de pessoas se suicidam anualmente. Fonte da foto/informação: PS5 Create/ https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42537202

Se a gente comparar os gráficos de Fatal Frame: Maiden of Black Water de PS5 com o original, podemos ver uma melhora significativa nas animações e in-game, bem como na taxa de quadros por segundo. Ainda não é perfeito, claro, pois existem partes que poderiam ter sido trabalhadas de uma forma mais atrativa, bem como os fantasmas em si.

Além da parte gráfica, outro destaque fica por conta da trilha sonora. Na verdade, Fatal Frame sempre teve uma ambientação assustadora, que se intensificava ainda mais com a música de fundo. Aqui não é diferente. Em muitos momentos, você sentirá uma leve sensação de paz, mas quando o som do cenário muda, o jogador entra num estado de alerta quase que automaticamente.

Mas nem tudo é perfeito, e Fatal Frame: Maiden of Black Water deixa a desejar no quesito medo. Sim, a trilha sonora, bem como a ambientação, são assustadoras, mas os fantasmas em si são uma decepção.

Eu, particularmente, tenho uma memória afetiva muito grande com Fatal Frame ll: Crimson Butterfly, um dos títulos de terror que mais me deu medo. Quando comecei Maiden of Black Water, esperava aquele mesmo suspense e terror, mas isso não aconteceu. Podemos dizer também, que a grande quantidade de espíritos faz você “se acostumar” com a presença deles, tornando a coisa um pouco mais mecânica e menos cautelosa.

Mas isso significa que o jogo não dá medo? Na verdade, Fatal Frame: Maiden of Black Water dá muitos sustos. Os espíritos aparecem do nada, e muitos deles surgem bem – literalmente – na sua frente. Mas só isso. Com exceção do momento em que a Maiden of Black Water te persegue, todo o resto parece não trazer mais a mesma tensão que continha nos títulos anteriores.

Fatal Frame: Maiden of Black Water
Embora o modo foto seja um dos atrativos do remaster, existe um tipo de parede invisível que torna os ajustes do ângulo um verdadeiro sacrifício. Fonte: PS5 Share

Como estamos falando de um remaster, as pessoas não esperam lá muitas mudanças em relação ao original. Aqui, no entanto, essa ideia não se encaixa, já que a Koei Tecmo adicionou diversas roupas novas – incluindo de títulos anteriores – e novos recursos para a câmera.

O gameplay segue o padrão do que foi visto em Fatal Frame ll: Wii Edition e seus sucessores, e isso é péssimo. Não me refiro apenas à movimentação dos personagens – que é um tanto dura -, mas também à lerdeza das animações e o quanto isso irrita. Para abrir uma porta ou pegar um item, por exemplo, existe todo um suspense, como se algo fosse acontecer. De fato, às vezes coisas acontecem, mas parece que estou jogando um título de PS2.

Os comandos da câmera obscura, por outro lado, divide opiniões. Como o DualSense possui giroscópio, é possível controlar a câmera com os movimentos + analógico, mas isso não funciona muito bem na prática.

Em Fatal Frame: Maiden of Black Water, é possível capturar os espíritos também na vertical, não só na horizontal. Caso esteja jogando com os comandos por movimento, é preciso girar o DualSense – em todos os ângulos possíveis – loucamente para enquadrar os espíritos e conseguir tirar mais dano. Fazer essa quantidade de movimentos por si só, já é ruim, mas como essa opção só funciona em conjunto com o analógico, o simples se torna uma verdadeira aula de paciência.

Fatal Frame: Maiden of Black Water
Deixe os comandos por movimentos com o Wii, pois aqui eles não funcionam tão bem. Fonte: PS5 Create

Fatal Frame nunca foi um jogo com recursos “para dar e vender”. Tudo sempre foi muito escasso, e todos os itens precisavam ser usados com muita cautela. Mas Fatal Frame: Maiden of Black Water foge disso e transforma os cenários numa verdadeira fábrica de produção em massa.

O jogo é dividido em capítulos, e tudo que foi coletado em um, é levado para o próximo. Mesmo que você encare o mesmo cenário com qualquer um dos três personagens, os itens irão reaparecer, e na mesma quantidade ou mais.

Não digo que o número considerável de itens seja ruim, afinal, muitos jogadores novos irão começar por este título. Porém, para aqueles que tiveram contato com os jogos da era PS2 (como eu), isso pode tirar um pouco daquele instinto de sobrevivência, já que até mesmo rolos de filmes “raros” aparecem com certa frequência.

Outra coisa que deve ser abordada é a facilidade de se ganhar pontos. Aqui, no entanto, é algo positivo, pois era uma verdadeira tortura aprimorar a câmera obscura.

Mesmo com três personagens, os pontos adquiridos não são compartilhados. Tudo que você conquista com Ren, fica com ele, e assim por diante. Mas isso não é ruim, pelo contrário. Como as câmeras possuem habilidades diferentes, você nem sempre vai precisar – ou querer – aumentar um mesmo atributo em ambas.

Fatal Frame: Maiden of Black Water
As cenas seriam melhores se o áudio fosse mais alto. Os personagens parecem sussurrar na maior parte do tempo. Fonte: PS5 Create

Eu, como fã da série Fatal Frame, fico muito feliz que a Koei Tecmo pôde lançar o último título numa versão totalmente remasterizada para que os jogadores da atualidade pudessem conhecer a franquia. Porém, acredito que eles começaram com o pior jogo da série.

Fatal Frame: Maiden of Black Water não é ruim, mas a história é muito bagunçada, o gameplay lembra a era PS2 e ele se repete demais, chegando a ser exaustivo em alguns momentos. Os gráficos estão bem bonitos, de fato, mas isso não é o suficiente, já que é preciso analisar o pacote como um todo. Talvez seja melhor a Koei Tecmo começar a pensar numa versão mais atualizada, já que muita coisa mudou nos últimos seis anos.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Koei Tecmo.

Veredito

Fatal Frame: Maiden of Black Water não é o melhor jogo da série e muito menos feito para a nova geração, mas é um passo à frente na esperança de que uma versão atualizada do clássico saia para os consoles não-Nintendo. Caso você nunca tenha jogado um título da série, pode ser que goste, mas recomendo esperar uma boa promoção para adquiri-lo. Se você é fã, é melhor manter as boas memórias do passado e evitar por enquanto.

70

Fatal Frame: Maiden of Black Water

Fabricante: Koei Tecmo

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Survival Horror

Distribuidora: Koei Tecmo

Lançamento: 28/10/2021

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Fatal Frame: Maiden of Black Water isn’t the best game in the series, much less made for the new generation, but it’s a step forward in hopes that a new version of the classic will come out to non-Nintendo consoles. If you’ve never played a title in the series, you might like it, but I recommend waiting for a good sale to buy it. If you’re a fan, it’s best to keep the good memories from the past and avoid it for now.


Rui Celso
Rui Celso
Jornalista que decidiu se aventurar no mundo gamer desde o tempo em que as revistas eram a principal fonte de informação deste mundo do entretenimento. Hoje eu expandi meu universo e também faço parte do backstage deste universo atuando como Assessor de Imprensa. Só pra constar: Paper Mario é o meu jogo favorito da vida.