The Last of Us

The Last of Us é, provavelmente, a canção do cisne do PlayStation 3. Em outras palavras, será lembrado para sempre como o título que encerrou o ciclo da vida do console para abrir espaço ao PlayStation 4. Mas o que torna este título da Naughty Dog tão especial?

A Naughty Dog produziu três Uncharted durante a vida do PS3. Seria natural imaginar que The Last of Us utiliza muitos elementos da trilogia de Drake. Se você acredita nisso, pode apagar isso de sua mente. The Last of Us é único e não lembra em nada a ação ininterrupta de Nathan Drake.

The Last of Us possui muitos elementos a serem discutidos nesta análise, mas precisamos começar por algum lugar. Começaremos pela história, portanto. Um fungo, chamado “ophiocordyceps unilateralis”, que normalmente ataca formigas, sofre mutação e começa a atacar humanos. Um humano infectado pode transmitir o fungo através da mordida – algo que busca fazer quando o fungo está controlando sua mente. Por causa disso, 20 anos depois, cerca de 60% da humanidade está infectada. Quanto mais tempo a pessoa se encontra infectada, mais forte o fungo fica. Assim, encontramos diferentes tipos de infectados ao longo do jogo, sendo os mais populares os “Runners” e “Clickers” (serão discutidos mais adiante).

Nós acompanhamos The Last of Us na visão de Joel. No dia que o “apocalipse fungal” acontece, Joel tenta fugir da cidade, mas algo horrível acontece. 20 anos mais tarde, com o mundo praticamente tomado pelo fungo, temos cidades abandonadas e com a natureza tomando conta delas, infectados por vários cantos e diferentes grupos de pessoas tentando sobreviver. Basicamente há dois tipos: os “Fireflies” (vaga-lumes) e os “Hunters” (caçadores). O primeiro é uma espécie de sociedade que busca uma cura, enquanto que o segundo faz o que for necessário para sobreviver – mesmo que seja matar os que não são infectados. Joel acaba recebendo uma missão da líder do grupo Fireflies para levar Ellie, uma pequena garota que é especial, para o seu grupo. O motivo disso? Não podemos contar. The Last of Us é muito focado em sua história, e qualquer detalhe que contarmos pode estragar sua surpresa.

The Last of Us possui uma história excelente. Além da forma que ela se desenvolve que por sua vez prende o jogador para saber o que acontecerá logo em seguida, tanto o seu início quanto o seu final são inesperados. É claro, há momentos que você fica “bom, tá na cara que essa pessoa vai morrer cedo ou tarde” – e isso realmente ocorre, mas posso garantir a você que dificilmente acertará a maneira como isso acontece.

Não podemos deixar de mencionar junto com a história os incríveis gráficos do game. The Last of Us possui, facilmente, um dos melhores do console, se não os melhores. Há diversos momentos que você ficará embascado com a paisagem, sem mencionar a incrível expressão facial dos personagens. É simplesmente impressionante. Um “pff” feito por Ellie é tão detalhista que você enxerga seu lábio vibrar, por exemplo.

O trabalho dos dubladores (em inglês) também é incrível. Jogamos o título em português do Brasil por cerca de uma hora para avaliar também este aspecto. A dublagem em português está excelente, mas há momentos que não possui muita expressão. Ou seja, parece que foi lido um texto apenas – algo intenso está acontecendo e não há uma expressão forte na voz de Joel, por exemplo. Já a legenda parece que foi feita por outra equipe. Ela é boa, mas há alguns erros quando se usa a dublagem em inglês (exemplo: “later” foi dito por Joel em um determinado momento no sentido de “mais tarde”, mas traduziram com “até mais”). São erros bobos, mas no geral para quem tem dificuldade com o inglês é uma ótima notícia saber que existe a opção.

O áudio, por outro lado, é ao mesmo tempo inexistente e algo importante no gameplay. Inexistente: são poucos momentos que há uma música tocando, por exemplo. Mas o silêncio serve para justamente você saber se tem alguém ao redor. A imagem acima mostra uma habilidade de Joel que é ativada com R2. Com ela, você pode ver onde os inimigos estão.

The Last of Us é, a rigor, um jogo de Survival Horror e Stealth. Se você for dar uma de Rambo e meter bala sem pensar, será punido severamente. Todos os seus atos devem ser calculados com muita cautela, principalmente em dificuldades mais elevadas.

O jogo é linear – apesar de você poder visitar diversas casas (todas diferentes uma das outras, em todos os cantos – nada, absolutamente nada é reaproveitado), explorar inúmeras regiões, há sempre um caminho definido pelo qual você deve seguir. Isso não é necessariamente ruim, é apenas uma escolha de design que funciona bem aqui. Por ser linear, podemos separar o jogo em diferentes seções: há momentos que você caminha tranquilamente e explora a região em busca de suprimentos (literalmente em todo o canto, em todas as gavetas, portas, etc), está em combate seja com infectados ou com humanos, tenta evitar o confronto com os mesmos sendo o mais discreto possível, soluciona puzzles ou acompanha a história. Em outras palavras, o jogo possui de tudo um pouco.

Os comandos para isso tudo são simples: L1 mira, R1 atira e recarrega quando não está mirando, R2 é o “ouvido” de Joel, L2 corre, X pula/interage, quadrado ataca fisicamente, triângulo interage com o cenário (de forma muito bem feita – Joel pega todos os itens exatamente onde eles estão com sua mão) e também nocauteia os inimigos quando você está sendo discreton e bola agacha. R3 é a lanterna (balance o controle se ela começar a acabar a bateria) e L3 é usado para “ver” algo do cenário quando o jogo pede (basicamente, uma dica se você ficar travado). D-Pad seleciona armas e itens. Start pausa. Select é a opção de criar seus itens.

Criar os seus itens é uma das opções interessantes de The Last of Us. Ela pode parecer grande e ilimitada, mas não é bem assim. Você vai coletar inúmeros itens espalhados pelo cenário e em lugares de certa forma lógicos – por exemplo, uma gaze estará no banheiro ou na cozinha de uma casa, e não no lixo. Depois de achar a receita de como fazer o determinado item, basta ter os ingredientes, apertar select e selecionar o item (ou diretamente no D-Pad, segurando X) que deseja fazer. O jogo não pausa dessa forma, então o ideal é sempre fazer os itens em situações mais calmas. A questão de ser limitada é que não há tantos itens assim a serem feitos: há cerca de no máximo 10 itens (se tanto) que podem ser criados.

Mas a maior parte dos itens que você ficará fazendo sempre que possível são os medkits. Aqui sua vida não se regenera sozinha – sempre é necessário recuperá-la. Há comida no cenário que recupera um pouco, mas é rara. Por isso, o que você sempre deve fazer é evitar os confrontos ao máximo. Um elemento muito forte do jogo é o stealth. Se você não gosta de jogos que pedem que você não seja detectado pelo inimigo, The Last of Us não será sua praia.

Humanos são mais espertos e acharão você se não for cuidadoso. Já os infectados funcionam de forma diferente. Os “Runners” são humanos que foram infectados há “pouco tempo” e por isso ainda lembram sua forma original. Eles ignoram sua lanterna, por exemplo, e podem ser nocauteados com golpes físicos. Já os “Clickers” são mais fortes (fisicamente só podem ser derrotados com alguma arma branca), mas são cegos. Por serem cegos, tem uma audição melhor. Ou seja, andar agachado precisa ser feito com ainda mais cautela.

Mas se você for detectado, o combate é diferente para cada tipo de inimigo. No caso dos humanos, podemos dizer que é Uncharted: fique no “cover” e quando possível atire ou surpreenda-os. Já com os Runners o ideal é ir para os golpes físicos, seja com armas brancas (desde tijolos até facões) ou com os seus punhos. Já os Clickers só com armas de fogo mesmo (ou com armas brancas, se você for mais rápido). Há outras opções, como usar uma Molotov (que pode ser construída). Mas se puder, como dito, evite os confrontos, pois é isso que o jogo deseja que você faça. E é aqui que é o interessante: além de andar com a maior cautela do mundo, você pode jogar objetos como uma garrafa para uma direção e fazer com que os inimigos se distraiam para aquele lugar onde ela caiu.

Joel, em todo o jogo, nunca está sozinho (exceto alguns raros momentos). Sempre há, ao menos, um personagem controlado pela CPU que acompanha ele. Por causa disso, sempre há uma conversação em andamento. Mas o mais interessante, de longe, é o que acontece: Ellie, por exemplo, é extremamente “natural”. Você resolve explorar uma sala que não está no caminho a ser seguido. Ellie não vai seguir você. Ela vai sentar em um sofá e esperar por você. Ou ficar encostada numa parede. Em outro momento, você chega em uma casa com outras duas pessoas, além de Ellie. Uma dessas pessoas é uma criança também. O que as duas fazem? Descobrem dardos e começam a brincar. É simplesmente incrível a forma que o jogo é vivo e natural. Você até esquece que existem inúmeras programações por trás de tudo isso. E o melhor: são raríssimos os momentos que você precisa se preocupar em proteger os personagens que seguem Joel.

O single é um pacote completo com inúmeros pontos positivos. Mas também existe um modo multiplayer. Ele é extremamente simples: há apenas dois modos, mudando apenas as regras. As partidas em si colocam os jogadores em cada facção (Hunters ou Fireflies) e devem se matar. Um dos modos é o “Supply Raid”, que é basicamente um “Team Deathmatch”, enquanto que o outro, “Survivors”, apesar de ser em equipes, isso acaba sendo algo opcional, pois o importante é ser a última pessoa viva.

A cada partida, ganhando ou perdendo, você recebe suprimentos. Cada jogador é líder de um clã que precisa sobreviver por 12 semanas. Cada partida do multiplayer é um dia. No início de cada partida, é dito o quanto precisa ser acumulado para que seu clã continue saudável. Aleatoriamente, eventos acontecerão que ameaçarão seu clã – isso pode ser evitado fazendo coisas como “matar x inimigos com a arma y”, por exemplo. A cada dia que passa, esses desafios aumentam ainda mais.

É possível também unir sua conta no Facebook com o game. Seus amigos aparecerão fazendo coisas – isso é uma dica de se o seu clã está com fome, por exemplo. Além disso, os eventos aleatórios que mencionamos podem levar a você escolher um de três amigos – esse escolhido sobreviverá e os outros “morrerão”. Isso é apenas uma brincadeira e não afeta as estatísticas do multiplayer.

Resumindo, o multiplayer de The Last of Us é muito básico. É divertido jogar algumas partidas, mas logo se torna repetitivo devido à ausência de modos variados.

The Last of Us é sensacional em diversos sentidos. O multiplayer pode ser limitado, mas não deixe que ele afete sua opinião. Sua campanha single dura aproximadamente 12 a 15 horas. As dificuldades variadas farão você aproveitar mais do jogo. Há inúmeros colecionáveis, inúmeros extras a serem abertos (artworks e afins) e há também um New Game+. Ou seja, é um pacote completo. Há muitos elementos que surgem no game e não queremos estragar sua surpresa – portanto acredite, a experiência será única.



— Resumo —


+
Experiência única


+
Gráficos


+
História/Enredo


+
Survival Horror + Stealth de forma balanceada e perfeita


+
Inteligência artificial, tanto dos inimigos quanto de Ellie


+
Combate


+
Um dos melhores jogos do PS3





Multiplayer com apenas dois modos e semelhantes entre si

Veredito

100

The Last of Us

Fabricante: Naughty Dog

Plataforma: ps3

Gênero: Ação / Aventura / Survival Horror

Distribuidora: Sony Computer Entertainment

Lançamento: 14/06/2013

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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