Haven

Antes de começar, gostaria de dizer que já temos aqui no site uma análise de Haven, e este post não entra como uma segunda análise ou sequer invalida a escrita previamente. Muito pelo contrário, hoje estou aqui para ratificá-la. Ela foi feita pelo redator Thiago de Alencar com base no jogo para PS5, e a versão que joguei foi a de PS4, sem qualquer diferença na história ou na jogabilidade.

Tá, mas então por que mais uma publicação sobre esse jogo? Simples: porque ele merece. Nos próximos parágrafos vou falar sobre os motivos que levaram essa obra de arte a receber uma nota tão boa na análise do PSX Brasil. Caso você não tenha lido, recomendo dar uma olhada lá e ficar mais por dentro do assunto antes de continuar por aqui. E pode relaxar, não trabalhamos com spoilers.

Haven

Primeiramente, vamos contextualizar o game: Haven conta a história de Kay e Yu, um casal que vivia num planeta cujo governo autoritário decidia com quem as pessoas iriam se casar. Tão apaixonados um pelo outro quanto duas pessoas poderiam estar, os dois se rebelam e fogem pra outro planeta desconhecido. Eles se deparam com alguns problemas inesperados, como um acidente que coloca em risco sua própria nave, e precisam explorar esse novo local em busca de peças para consertá-la e enfrentar criaturas infectadas por uma misteriosa ferrugem vermelha.

Desenvolvido e publicado pela The Game Bakers, Haven tem alguns elementos que o deixam com a cara de um RPG, porém sem ficar denso demais como alguns títulos do gênero. Os amantes do estilo talvez sintam falta de vendedores para comprar e aprimorar armas e vestimenta, coisa que não vão encontrar por aqui. Não vejo isso, porém, como um ponto negativo; a simplicidade do jogo é o que o torna tão cativante, e há outras coisas, naturalmente, que vão realizar com maestria a função de te prender na tela da TV por um bom tempo.

Sem sombra de duvida, o ponto forte deste título é sua história, que enriquece a cada cena desbloqueada durante a sua aventura, por mais simples que seja. Sabe aquelas partes que normalmente existem em jogos que servem só para encher linguiça? Acontece que essas partes não existem em Haven. Visto que seu foco principal é o relacionamento entre os protagonistas, qualquer cena em que os dois estejam cozinhando algo pela primeira vez, ou jogando um jogo de tabuleiro, ou até mesmo apimentando um pouco a relação, é uma cena importante. E mesmo que no final se revele algo dispensável, você vai ficar feliz por tê-la assistido.

Haven

Vai chegar um momento em que você vai estar tão apegado aos personagens que não vai mais querer largá-los – e nem precisa. O jogo conta com cenas do dia-a-dia de Kay e Yu que você pode deixar como um descanso tela quando precisar fazer algo. Por exemplo, precisa ir tomar banho? Coloque-os para tomar banho também. Quer tomar um chá? Eles tomam com você. Cansou de jogar e quer relaxar um pouco antes de sair para mais um dia de exploração? Yu pode tocar alguma coisa no violão enquanto você descansa.

Parecem infinitas opções, é? E são mesmo. Encontradas as partes da nave – chamada também de “ninho” – , ela vai ficando mais bonita, e durante a jornada explorando o planeta é possível achar mais coisas para completá-la, como enfeites, jogos, livros, entre outras coisas que vão provavelmente te fazer gastar mais tempo do que o planejado com aparentes futilidades de Haven, mas vai ser divertido. 

Haven

Algo bastante importante que em alguns títulos parece supérfluo é a alimentação. Em Origem, o planeta no qual Haven se passa, temos várias opções de plantas a serem cultivadas. É possível utilizá-las em diversas combinações para criar os mais diferentes pratos, tanto na nave quanto em acampamentos encontrados pelo mapa. Cada comida concede uma certa quantidade de experiência – e algumas até recuperam vida – e podem ser usadas estrategicamente em alguns momentos. Aliás, recomendo comer todos os pratos pelo menos uma vez, já que assim um dos troféus é conquistado.

Falando em troféus, em sua maioria são bem tranquilos de conseguir. Alguns relacionados a locais e criaturas no mapa, outros a coisas bastante específicas e aleatórias, e outros ainda secretos ligados diretamente à história. Caso você queira platinar Haven, aproveito para chamar sua atenção especial ao “Irrefreável”, que se trata de finalizar a história com apenas 3 nocautes (Kay e Yu são ambos derrotados e aparecem de volta no ninho se recuperando de seus ferimentos) ou menos. Isso não é difícil, especialmente se considerarmos o modo de dificuldade reduzida oferecido antes do início da aventura.

Conforme vão se alimentando, vencendo batalhas e avançando no enredo, a barra de experiência do casal é preenchida, e quando é completada, fica liberada no ninho a opção do Cervômulo, na cozinha. Eles basicamente abrem uma garrafa de bebida e comemoram, ganhando alguma melhoria em algum tipo de ataque e um aumento na saúde, além de liberar cenas com mais uma parte da história, revelando assim detalhes importantes sobre o passado dos dois.

O modo cooperativo torna Haven ainda mais interessante, visto que traz novas possibilidades à exploração e até na escolha das falas do casal, mas principalmente em batalhas. Tudo fica ainda melhor se você jogar com alguém com quem você tenha uma relação parecida com a dos protagonistas. No meio do jogo fui testar o modo cooperativo e convidei meu namorado a pegar o segundo DualShock. Foi um caminho sem volta: no dia seguinte eu o esperei pra continuar a história, já que não seria mais tão divertido seguir sozinho, e em qualquer noite que ele fosse dormir mais cedo eu recebia instruções explícitas de não continuar jogando. Se você tem essa pessoa especial, recomendo passar por essa experiência também.

É difícil não se identificar com algum dos personagens – ou ambos – em diversos momentos. Os dois possuem personalidades distintas, com seus pontos fortes e fracos, seus altos e baixos, e apesar de potencializados por conta do contexto fantasioso do game, os momentos protagonizados por Kay e Yu são parte do cotidiano de qualquer casal.

Haven

A beleza de Haven também chama bastante atenção. Seja planando pelo mapa, assistindo às cenas da história ou vendo algumas das criaturas mais belas depois de pacificadas, é bastante agradável perceber os detalhes de cada coisa, inclusive as expressões dos protagonistas em suas infinitas conversas nos cantos da tela.

Depois de tanto a se considerar, só tenho que concordar com cada coisa dita na análise do site. Já imaginava que Haven fosse bom, mas assim como Thiago, fui pego de surpresa por um jogo que superou minhas expectativas. Foram boas horas de diversão, e em breve serão mais algumas, já que ainda preciso pegar troféus que ficaram para trás. Mas não vai ser nenhum esforço, não é mesmo?

Winz.io