A experiência de entrevistar um dos nomes mais lendários da indústria dos videogames é algo muito único, especialmente quando é alguém que já há algum tempo é uma das mais marcantes referências de desenvolvedores corajosos, sempre buscando trazer algo novo e diferente. Desenvolvedores que parecem incapazes de fazer algo além daquilo que eles idealizaram, mesmo que demore anos ou décadas para que a indústria finalmente entenda e abrace aqueles conceitos.
Naturalmente, quando tivemos então a oportunidade de sentar e conversar com as duas mentes por trás de um dos meus jogos mais queridos de 2024 até aqui, o resultado foi ainda mais incrível do que eu poderia esperar. Reduzir a poucas perguntas tudo o que queria saber do lendário diretor Akitoshi Kawazu, e o produtor da série SaGa, Masanori Ichikawa, sobre o ressurgimento da série nos últimos anos e sobre o desenvolvimento e criação de SaGa Emerald Beyond, foi difícil, mas acredito que uma entrevista que vale a pena ler.
Com décadas e décadas de experiência entre eles e uma legião de fãs influenciados por suas ideias agora criando jogos inspirados por elas, Akitoshi Kawazu e Masanori Ichikawa são nomes importantes não só da atual Square Enix, mas de toda a história dos RPGs japoneses. Então, espero que vocês aproveitem tanto quanto eu essa entrevista e seja mais um motivo para, caso ainda não tenha conferido, ler a nossa review de SaGa Emerald Beyond, jogar a demo e, quem sabe, depois comprar o jogo que está disponível PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, PC, iOS e Android.
PSX Brasil: Olá a todos! Primeiro de tudo, é uma honra poder falar com vocês. Poderiam nos contar um pouco sobre como vocês abordaram o desenvolvimento de SaGa Emerald Beyonde o quão diferente foi trabalhar nele em comparação com os primeiros Final Fantasy Legend e Romancing SaGa?
Square Enix: Olá. Muito obrigado por essa oportunidade. Eu espero que através dessa entrevista seus leitores possam aprender mais sobre SaGa Emerald Beyond e se interessem em jogá-lo.
Desde o lançamento de THE FINAL FANTASY LEGEND, nossa intenção com cada novo título sempre foi de consistentemente oferecer novas experiências aos jogadores. Nesse sentido, nada realmente mudou sobre o nosso sentimento.
Por outro lado, durante o período de THE FINAL FANTASY LEGEND e o Romancing SaGa original, a quantidade total de jogos que existiam não era tão alta e tanto plataformas quanto softwares eram muito caros. Hoje em dia, centenas de jogos são lançados ao redor do mundo todos os dias, com vários deles sendo gratuitos. O cenário mudou completamente, tanto para aqueles que fazem jogos quanto para quem joga eles.
Ainda assim, eu acredito que a essência do que faz videogames divertidos persiste. Videogames são a única mídia na qual os jogadores podem tirar proveito de um nível de imersão e uma sensação de conquista ligada a conquistar algo com suas próprias mãos. Hoje existem vários jogos excelentes. Com isso, nós queríamos entregar um nível de imersão, conquista e diversão que somente nossa equipe poderia. É sobre isso que a franquia SaGa é sobre e, no fim das contas, o que acabou resultado em SaGa Emerald Beyond.
PSX Brasil: A série SaGa sempre esteve bem à frente do seu tempo, com várias das suas ideias mais alinhadas com o que podemos ver nos anos 2020 do que com outros RPGs de quando ela começou no fim dos anos 80/começo dos anos 90. Pensando nisso, houve algum jogo mais recente que o inspirou a ter uma nova abordagem em SaGa Emerald Beyond?
Square Enix: Em termos de adequar o design da UI com o mundo, Persona 5 foi uma grande influência. Nós não conseguimos alcançar o mesmo nível de destaque único, mas eu tenho bastante orgulho do sistema Emerald Wave, o qual une a UI, gameplay e o mundo, criando uma nova experiência que nenhum outro jogo consegue alcançar.
PSX Brasil: SaGa Emerald Beyond revisita a abordagem de múltiplos mundos que foi usada em SaGa Frontier. Houve algo específico que os motivou a abordar esse desafio ou foi algo que veio naturalmente escrevendo o roteiro?
Square Enix: Nosso trabalho anterior em SaGa SCARLET GRACE [lançado em 2016 para PS Vita no Japão e em 2019 no resto do mundo para PS4, Switch, PC, iOS e Android], foi construído ao redor de mundo mais tradicional de fantasia de deuses e humanidade. Embora eu goste de fantasia medieval e sagas épicas, eu também gosto de filmes B e mundos sem-sentido/extremos. Vários jogadores têm pedido por personagens além de humanos comuns aparecendo nos jogos. Além disso, quando eu imaginava um mundo onde o sistema Emerald Wave funcionava, eu percebi que havia mais de uma solução para isso. Vários protagonistas viajam em vários mundos. Isso era o que era mais adequado para esse sistema. Essa foi a principal razão pela qual criamos esse tipo de universo.
PSX Brasil: SaGa Emerald Beyond tem um grupo de personagens bastante único que os permitiu fazer algo bem diferente em termos de história e gameplay. Como foi o processo de misturar o gameplay com as diferentes narrativas distintas dos papéis tradicionais dos mundos de alta fantasia?
Square Enix: Guerreiros, Monges e Magos. Ou talvez Atacantes, Curandeiros e Atiradores. Eu acho algo completamente desinteressante para um mundo de um jogo e o design é restrito por esses papéis. Esses rótulos podem até afetar como a personalidade dos personagens é construída. Um guerreiro é durão mas tem um coração de ouro. O mago é inteligente mas um pouco perturbado. A franquia SaGa tem uma abordagem de sair destes caminhos tradicionais. É mais interessante para o jogador e mais divertido para o criador.
PSX Brasil: Para terminarmos esta entrevista, vocês gostariam de deixar alguma mensagem para os jogadores brasileiros que estão ansiosos por jogar SaGa Emerald Beyond e que são fãs de longa data da série?
Square Enix: Eu sou muito feliz e grato por saber que existem pessoas do outro lado do globo que amam SaGa. A franquia SaGa não é muito famosa que todos conhecem, mas eu acredito que quanto mais você a joga, mais interessante ela se torna. SaGa Emerald Beyond é a personificação disso. Há uma versão demo do jogo também, então por favor deem uma chance para ele.
