Os dois principais fornecedores de neônio da Ucrânia, que produzem cerca de metade do suprimento mundial do principal ingrediente para a fabricação de semicondutores, interromperam suas operações devido ao ataque da Rússia. Dessa forma, os preços e a escassez só devem aumentar.
Cerca de 45% a 54% do neônio semicondutor do mundo, crítico para os lasers usados para fabricar chips, vem de duas empresas ucranianas, Ingas e Cryoin, segundo cálculos da Reuters com base em números das empresas e da Techcet, que realiza pesquisa de mercado. Ambas as empresas fecharam suas operações, de acordo com representantes contatados pela Reuters, enquanto as tropas russas intensificavam seus ataques a cidades em toda a Ucrânia.
Embora as estimativas variem muito sobre a quantidade de estoques de neônio que os fabricantes de chips mantêm à disposição, a produção pode ser afetada se o conflito se prolongar. Antes da invasão, a Ingas produzia de 15.000 a 20.000 metros cúbicos de neônio por mês para clientes em Taiwan, Coréia, China, Estados Unidos e Alemanha, com cerca de 75% indo para a indústria de chips, disse Nikolay Avdzhy, diretor comercial da empresa.
O Ministério da Economia de Taiwan, lar da maior fabricante de chips terceirizada do mundo, a TSMC, disse que as empresas taiwanesas já haviam feito preparativos avançados e tinham “estoques de segurança” de neônio, por isso não viu nenhum problema na cadeia de suprimentos no curto prazo. Mas fabricantes de chips menores podem ser mais atingidos, de acordo com Lita Shon-Roy, presidente da Techcet.
“Os maiores fabricantes de chips, como Intel, Samsung e TSMC, têm maior poder de compra e acesso a estoques que podem cobri-los por períodos mais longos, dois meses ou mais”, disse ela. “No entanto, muitas outras fábricas de chips não têm esse tipo de proteção”, acrescentou ela, observando que começaram a circular rumores de empresas tentando aumentar o estoque. “Isso agravará a questão da disponibilidade de suprimentos”.
O que isso afeta o PlayStation 5?
Basicamente, tudo. A escassez global do console se dá justamente pela falta de semicondutores e com essa notícia, as coisas tendem a apenas piorar.
Em fevereiro, a Sony já havia diminuído sua previsão de vendas do PS5 por conta da escassez de semicondutores.
De acordo com o diretor financeiro da Sony, Hiroki Totoki, a demanda ainda é bastante alta, estável e não impactada pela pandemia. “Não podemos dizer exatamente qual é a demanda para o próximo ano”, acrescentou Totoki. A produção de semicondutores, no entanto, foi afetada pela pandemia e os parceiros da empresa ainda não conseguem atender aos pedidos. E assim, a escassez de componentes continua.
Com metade da produção global afetada pela guerra na Ucrânica, o PS5 – assim como inúmeros outros aparelhos eletrônicos – continuará enfrentando dificuldades de reposição de estoque.