Talvez se for apenas mencionando por seu nome, Dontnod Entertainment, o estúdio fundado em 2008 seja um pouco desconhecido do público. Mas se Life is Strange ou Remember Me entrarem na discussão, ele já não será tão desconhecido assim, visto que o primeiro é um jogo episódico que traz vários prêmios em sua bagagem. Em 2017, a Dontnod Entertainment apresentou seu mais novo trabalho em RPG, intitulado Vampyr, que acabou gerando uma enorme expectativa em relação à sua história e jogabilidade. Finalmente chegou a hora de colocar as mãos e as presas em Vampyr e a espera com certeza valeu a pena.
Vampyr se passa na Inglaterra tomada pela epidemia da Gripe Espanhola, em 1918. A população está sendo dizimada e aparentemente nada pode ser feito. Você então controlará Jonathan Reid, um renomado médico inglês, cujo destino foi totalmente alterado após ter sido vítima de uma mordida de um vampiro.
Após tirar a vida da própria irmã de maneira acidental, Reid tenta acabar com a dele própria, mas acaba falhando em função do seu lado vampiro, que agora começa a se manifestar. Ele então parte em busca de uma cura para epidemia e, ao mesmo tempo, tenta encontrar o responsável por sua transformação.
A apresentação do jogo é maravilhosa. A Londres do início do século 20 está retratada aqui de forma impecável, desde a arquitetura externa dos prédios e casas até a mobília da época. Além disso, a ambientação do jogo está de parabéns, pois realmente consegue passar uma ideia do período sombrio que assolava a Europa durante a Gripe Espanhola.
Você terá acesso aos distritos da cidade, visto que o jogo possui um mundo semi-aberto. Entretanto, não pense que o mapa é pequeno, mesmo que num primeiro momento possa parecer. Existem diversos locais a serem explorados, muito além do óbvio que é mostrado ali. São casas que podem ser adentradas, caso o jogador encontre as chaves que abrem suas portas, caminhos que levam a outros itens, como em todo RPG que se preze, etc…
Os personagens também estão muito bem trabalhados e apresentam modelos muito bons. Entretanto, correr com Reid causa uma sensação estranha pela maneira com que a câmera se distancia do personagem. Além disso, os diálogos, que ocorrem diversas vezes durante o jogo, têm um problema de câmera. Às vezes você conversa com um personagem sem ter a chance de enxergar seu rosto. É possível mexer na câmera durante a conversa, mas mesmo assim os problemas permanecem.
Sobre a jogabilidade, Vampyr traz um sistema de luta já conhecido e de fácil controle e uso. O combate lembra jogos como os da franquia Souls pelo modo como os adversários a serem atacados são escolhidos (através do L3) e da movimentação dos personagens durante a luta. Pode-se dizer que essa seria a única semelhança com o jogo, visto que a dificuldade do combate aqui é infinitamente menor.
No início do jogo você terá acesso à uma arma e, após subir de nível, será possível escolher entre habilidades de ataque e defesa. Para atacar, basta apertar o quadrado para realizar combos até que sua estamina chegue a zero; a esquiva, por sua vez, ocorre ao pressionar o botão bola; você ainda tem a possibilidade de utilizar uma estaca para atordoar os inimigos pressionando o triângulo.
Os inimigos no jogo não causarão nenhum tipo de problema de modo geral. De certo maneira, eles serão apenas caçadores e alguns lobisomens que você irá se deparar em sua jornada. Como a movimentação deles é a mesma, dois ou três confrontos serão o suficiente para você aprender a melhor maneira de atacá-los.
Além das barras de energia e estamina, que já são marca registrada em RPG, Vampyr traz uma terceira barra digna de seu nome: a barra de sangue. Esse sangue permite que o jogador execute habilidades como Autofagia, se alimentar de si próprio para restabelecer energia, ou Coagulação, que permite ao jogador paralisar seu adversário por alguns segundos.
Somadas a essas habilidades, existem três especiais que demonstram todo o poder do vampiro que Jonathan se tornou. Entretanto, apenas uma dessas habilidades especiais pode ser utilizada de cada vez. Após dominar o combate do jogo, é possível criar combos capazes de acabar com diversos inimigos de maneira muito rápida, incluindo os chefes que vierem a aparecer.
Ao longo do jogo, você terá a oportunidade de encontrar diversos residentes e conversar com eles. Todos eles estão interligados por um personagem central, algo como um pilar de sustentação do distrito. Além de oferecer informações sobre personagens paralelos, alguns deles poderão oferecer missões secundárias chamadas de Investigações. Essas missões podem ser bem simples, como recuperar um objeto ou ter que eliminar alguns inimigos.
Também é possível analisar a situação de saúde de tais personagens. Caso ele esteja necessitado, caberá ao jogador decidir se irá curá-lo ou não. Caso seja do interesse do jogador, ele poderá dar o remédio necessário para a cura da doença específica. Essas ações, por sua vez, terão um impacto na melhoria ou não do distrito em que o personagem reside.
Como em todo RPG, é necessário adquirir pontos de experiencia para subir de nível e, obviamente, em Vampyr não seria diferente. A diferença aqui é em como você adquire tais pontos, já que os inimigos não são a melhor maneira para tal. Embora existam também as missões paralelas, é possível enfeitiçar um personagem. Com o personagem enfeitiçado, você pode levá-lo para determinado local do cenário e lhe tirar a vida.
Essa é a maneira mais eficaz para conseguir pontos de experiência no jogo, mas isso também tem um preço. Cada distrito possui um nível de epidemia. Assim como curar ou não personagens necessitados causa um impacto no distrito, quantos mais mortos você fizer, mais crítica a situação ficará e, consequentemente, o número de doentes aumentará.
Infelizmente, nem tudo é perfeito em Vampyr, pois seus problemas técnicos em alguns momentos estragam a experiência geral do jogo. Ao se mover de um distrito para outro, o jogo sofre um carregamento que acaba deixando a tela escura com a mensagem no canto inferior. Não parece de todo ruim, mas às vezes você tem que ir do ponto A para o ponto B durante uma missão e simplesmente o jogo para.
O combate sofre com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo. A movimentação de Jonathan, os vários inimigos e efeitos das habilidades ao mesmo causam uma queda brusca nos quadros por segundo em alguns momentos, estragando a experiência.
Veredito
Vampyr é um jogo excelente. Ele consegue juntar elementos de RPG e jogos de aventura de uma maneira muito boa, além de entregar uma história interessante e uma ideia de como seria a vida e um dilema de um vampiro na pele de um médico. Embora o jogo tenha seus problemas, eles não são tão significativos ao ponto de fazer o jogador deixá-lo de lado. Vampyr não vai ser o jogo do ano, mas com certeza merece a sua atenção.
Jogo analisado com código fornecido pela Focus Home Interactive.
Veredito
Veredict
Vampyr is an excellent game. It manages to place RPG and adventure elements together in a good way, and delivers an interesting story, giving an idea of how the life of a vampire in a doctor’s body would be. Although it has problems, they are not so significant to make the player put the game away. Vampyr is not going to be the game of the year, but it truly deserves your attention.