Dragon Age: Inquisition

Gigantesco. Essa é a melhor palavra para descrever o que é Dragon Age: Inquisition. Desde o início de seu desenvolvimento em 2011 (após a conclusão do último DLC de Dragon Age I​I), passando pelo adiamento do jogo de 2013 para 2014, era claro que o escopo do jogo desenvolvido pela Bioware era imenso. Muitas vezes tratado como a “resposta da EA/Bioware” pra Skyrim e The Witcher, DA:I sempre pareceu carregar um grande peso de expectativas e responsabilidades atreladas não só ao histórico de grandes jogos da desenvolvedora, mas às perceptiveis falhas que os últimos dois jogos haviam tido.

Dragon Age: Inquisition, então, fez valer não só todas as expectativas ao redor do jogo, como parece ter feito renascer das cinzas uma franquia praticamente esquecida, colocando aquela que era vista como a franquia secundária da Bioware no centro dos holofotes virtuais. Inquisition é uma demonstração clara de que é possível atrelar um gameplay afinado, visuais maravilhosos, um mundo gigantesco, variado e vivo (Thedas finalmente é aquilo que sempre foi prometido) e uma das mais ricas e bem contadas histórias já vistas em videogames.

Colocando o jogador no papel do Inquisitor, DA:I narra a história do crescimento da instituição que dá nome ao título: a Inquisição, movimento nascido nos momentos em que a “Chantry” (principal instituição religiosa de Thedas) não tem força o suficiente para lidar com ameaças contra o mundo. Com o conflito entre Magos e Templários explodindo e a Chantry enfraquecida pela perda da última Divina (como é conhecida a líder da Chantry), é o papel do protagonista organizar as forças que deverão lutar contra a fenda que se abriu no céu e permite que demônios invadam o plano físico.

Explorar as diversas regiões de Thedas é algo prazeroso e recompensador. Mesmo não sendo um jogo open world, cada uma das regiões é imensa, rica em detalhes e todas muito distintas umas das outras, desde a vegetação à formação rochosa, sendo cada uma delas capaz de prender o jogador por horas para desvendar cada um dos segredos escondidos no jogo. Mesmo os colecionáveis acabam refletindo no gameplay ou na história, fazendo com que até os jogadores que não se importam com troféus buscarem-nos pelo que o jogo oferece em troca. O único ponto fraco fica pras montarias, que parecem pouco necessárias na maioria das regiões e o controle delas é travado demais, por mais legal que seja cavalgar as mais diferentes espécies de animais da fauna de Thedas.

Uma das grandes vantagens de explorar o mundo de Thedas está na variedade de inimigos e o quanto os combates parecem mais naturais. Abandonando o respawn aleatório de bandidos e demônios implantado em Dragon Age II, Inquisition dá uma oportunidade maior ao jogador de programar e projetar seus combates taticamente, trazendo parte do sistema de Dragon Age: Origins de volta, fornecendo aos jogadores mais planejadores maneiras de controlar cada movimento dos seus companheiros. O jogador pode ainda optar pelo combate mais dinâmico de DA II, deixando que a inteligência artificial controle os seus companheiros. Verdade seja dita, a visão tática é pouco necessária nos níveis mais baixos, sendo fundamental mesmo só no modo Nightmare, exceção feita talvez às lutas contra chefes e dragões no jogo.

Falando em companheiros, eles são o principal destaque do jogo. Fazer com que cada personagem tenha um roteirista específico é algo que poderia ter saído pela culatra, mas se mostra uma força, dando vida a cada personagem, cada um com suas próprias cores e nuances, dos mais sérios aos mais divertidos, passando por toda uma gama de diferentes relações entre eles. Explorar as regiões do jogo se torna ainda melhor quando se houve as diferentes conversas dos seus companheiros. O principal destaque vai para o Touro de Ferro, um mercenário Qunari (espécie que lembra um pouco os minotauros da mitologia grega), para o mago Tevinteriano (um antigo império em Thedas, que hoje está em decadência) Dorian e para o único companheiro a retornar dos jogos anteriores, Varric (um arqueiro anão que usa uma besta modificada).

Mesmo que os companheiros sejam a melhor parte do roteiro do jogo, o que mantém uma tradição da Bioware de contar grandes histórias de seus personagens e não grandes histórias com personagens (dando um enfoque maior no desenvolvimento pessoal dos heróis e motivações dos vilões do que no grande épico que une aqueles personagens), a história como um todo ainda é ótima. O principal vilão do jogo tem suas motivações bem explicadas e são, até certo ponto, críveis, amarrando toda a Lore da franquia, sem alienar aqueles que possam estar entrando na série apenas nessa nova geração.

Plots e personagens retornam dos dois primeiros jogos e são muito bem amarrados em Inquisition, fazendo com que apenas algumas side-quests pareçam fatos aleatórios e desnecessários. Levar seu Inquisidor dos campos de batalha Fereldeanos aos halls dos palácios Orlesianos e seu jogo político faz com que o jogo sempre pareça vivo e novo, mesmo depois das primeiras dezenas de horas.

Mesmo os sistemas secundários, como crafting e a “war table” acabam dando ao jogador um senso de propósito enorme. Controlar as missões que os agentes da Inquisição cumprem e coletar suas recompensas e efeitos dentro do jogo, ou coletar materiais suficientes para confeccionar as armaduras e armas corretas pro seu personagem e seus companheiros, é recompensador e dão às decisões do jogador um peso aparente maior do que os jogos anteriores da franquia pareciam ter. Tudo isso é maximizado pela possibilidade de importar suas decisões dos jogos anteriores através do Dragon Age Keep e ver as decisões do Hero of Ferelden e do Hawke influenciarem cada passo do Inquisidor.

O principal erro do “pacote” Dragon Age: Inquisition, entretanto, fica por conta de seu Multiplayer. Não que seja ruim, já que segue a mesma estrutura do modo online de Mass Effect 3 – até 4 jogadores em um modo arena PvE -, mas não adiciona em nada à experiência do jogo de fato. São fornecidos ao jogador alguns heróis básicos, cada qual representando uma build diferente das especializações das 3 principais classes do jogo: Guerreiro, Mago e Arqueiro. O sistema de micro-transações também continua funcionando como em Mass Effect 3, com o jogador utilizando dinheiro ganho no modo multiplayer ou dinheiro real para comprar baús que liberam itens aleatórios no jogo, a depender do custo de cada baú.

No fim das contas, Inquisition merece todos os loiros que vem coletando. Um jogo maravilhoso, que fecha com chave de platina o primeiro ano da nova geração, entregando tudo aquilo de bom que os jogadores passaram a esperar da Bioware e que parecia faltar em um grau ou outro nos últimos dois jogos da produtora. Dragon Age: Inquisition é aquisição obrigatória para todo e qualquer fã de RPGs e de fantasia medieval, sendo possível facilmente perder algumas centenas de horas a cada playthrough.

Veredito

Dragon Age Inquisition é o tipo de jogo que lembraremos pelos próximos anos e que influenciam toda uma geração de jogos: gigantesco em qualidade, escopo e conteúdo, é uma grata surpresa e algo que mostra o que uma desenvolvedora talentosa pode conseguir. É, definitivamente, um dos jogos obrigatórios dessa geração até aqui.

Jogo analisado com cópia digital adquirida pelo redator.

Veredito

100

Dragon Age: Inquisition

Fabricante: Bioware

Plataforma: ps4

Gênero: RPG

Distribuidora: EA

Lançamento: 18/11/2014

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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