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Assassin's Creed: Syndicate

Assassin's Creed é uma série anual. Muitos podem achar que isso é uma estratégia ruim, já outros querem mais e mais jogos. Não importando de qual lado você está, é preciso admitir uma coisa: cada título lançado é uma experiência única. Exceto no ano passado.

Em 2014 tivemos Assassin's Creed: Unity. A expectativa era altíssima por inúmeros fatores (cooperativo, gráficos, tecnologia com diversos personagens na tela, história, etc). Infelizmente, apesar de o jogo não ser tão ruim quanto muitos alegam (principalmente após os vários patches de correção), ele criou uma ferida no público. Uma ferida que nos deixou com um pé atrás em uma série que não nos decepcionava, ainda mais após o excelente AC IV: Black Flag. O curativo para essa ferida só existiria com uma redenção; e ela aconteceu. Syndicate colocou a série nos eixos novamente, deixando uma ambição tecnológica de lado e se focando no que a série tem de melhor.

Assassin's Creed: Syndicate se passa na Londres de 1868, durante a Revolução Industrial. O grande foco nesta história é a sociedade, ou seja, a desigualdade social que surgiu com essa industrialização. Os assassinos foram praticamente dizimados em Londres e os gêmeos Jacob e Evie Frye chegam para ajudar a irmandade na batalha contra os templários, mais precisamente contra Crawford Starrick. Para reconquistar a cidade, deverão infiltrar-se e unir o submundo do crime, bem como obter ajuda de figuras históricas como Graham Bell, Charles Dickens, Karl Marx e outros.

Como sempre, Syndicate não seria um Assassin's Creed se não tivéssemos aquela conexão com o mundo atual. Enquanto você participa da simulação que nos coloca na Londres de 1868, Rebecca Crane e Shaun Hastings se infiltram em um prédio da Abstergo. O motivo de essa simulação estar sendo feita fica clara com o objetivo de cada gêmeo: Jacob parte inicialmente em busca da criação de uma gangue, ao passo que Evie quer a todo custo colocar suas mãos em uma Peça do Éden.

A história do jogo é interessante e deixa o jogador com vontade de conferi-la conforme progride. Os únicos problemas talvez sejam seu final um tanto quanto desanimador e a falta de desenvolvimento de Jacob e Evie. Ou seja, os dois são personagens fantásticos – não se engane quanto a isso -, mas ao chegar perto do fim, você verá que sabe muito pouco sobre eles, como se tudo tivesse acontecido muito rapidamente. Porém, deixando a história de lado, vamos falar de algo importante: o gameplay.

Assassin's Creed: Syndicate continua com grande foco no parkour e usa como base a jogabilidade apresentada em Unity. O R2 serve como "freerun" e segurando com X, você faz com que o personagem siga um caminho que o leve para a parte superior do prédio; já ao segurar O, é o oposto, ou seja, ele seguirá uma trajetória que o leva para o chão. Por exemplo: você está pendurado em um prédio. Segurando R2+X, além do direcional para ajustar o caminho, você subirá. Com R2+O, o caminho será para baixo. Jogadores que se acostumaram com essa mecânica em Unity não terão problemas aqui, mas os que pularam o capítulo anterior poderão se confundir no início.

Contudo, o que realmente melhorou demais em Syndicate é a mecânica de combate. Cada vez mais similar ao sistema da série de Batman: Arkham, você usa quadrado para ataques e O para contra-ataques (os oponentes indicam quando atacarão). O X agarra o oponente, com o objetivo de abrir sua defesa. Triângulo pode servir para impedir que alguém atire em você, arremessando uma faca rapidamente. É um sistema simples, mas funcional e divertido. Além disso, são impressionantes as cenas de finalizações de inimigos – há diversas delas e o jogo detecta se você está na parede, criando cenas que tiram proveito disso.

Além do combate, o "stealth", ou seja, a parte de não ser detectado, também foi melhorada em relação aos outros jogos da série. E aqui começam as supostas diferenças entre Jacob e Evie. Praticamente em qualquer momento você pode trocar qual gêmeo deseja controlar (há momentos da história em que você fica impossibilitado disso) – basta apertar R3 no menu de pause.

O jogo sugere que Jacob é um personagem mais focado no combate e que Evie é para momentos de stealth. Quem definirá isso, porém, é o jogador. Há uma árvore de habilidades para cada personagem e ela é idêntica nos dois casos. Ou seja, você recebe pontos conforme joga e pode ganhar habilidades gastando nessa árvore. Há diversos tipos de habilidades, coisas como ter mais vida, mais opções no combate ou mais discrição. As habilidades que podem ser adquiridas são as mesmas tanto para Jacob quanto para Evie. Portanto, é possível focar em upgrades de stealth para um, e de combate para outro. Ou ter algo balanceado. A escolha é sua.

Em outras palavras, os gêmeos são idênticos no gameplay, não há uma diferença significativa entre eles a não ser as animações de finalização. O que passa a impressão de serem diferentes é que as missões de história acontecem, normalmente, com uma escolha pré-definida pelo jogo. Por causa disso, você acha que Jacob é menos stealth e mais combate, enquanto que Evie seria o inverso. Mas, na prática, ambos são iguais. Não que isso seja necessariamente ruim, mas teria havido aqui a chance de a Ubisoft desenvolver dois personagens verdadeiramente diferentes em um mesmo jogo e tornar as coisas mais interessantes.

Em relação ainda às novidades de gameplay, temos uma espécie de gancho. Quando foi apresentado ao público pela primeira vez, parecia ser uma mecânica similar à presente em Batman: Arkham. Porém, não nos faz lembrar muito, pois há uma diferença brutal: o gancho de Batman é usado de forma excessiva para se mover por Gotham, sem contar que o homem-morcego plana. Aqui, é preciso mirar bem e aí então atirar (o gancho só funciona em pontos específicos do cenário). Além disso, é muito comum que o gancho crie um caminho para ser percorrido, ao invés de ser apenas um impulso. Isso nos possibilita, por exemplo, que o jogador pare de andar pela corda e assassine um inimigo que esteja no chão e não havia pensado em olhar para cima.

Por fim, uma outra mecânica nova é também o sequestro. Determinados alvos podem ser sequestrados no jogo: eles são abordados e você deve levá-los para algum lugar específico – é possível até mesmo colocá-los em carruagens para chegar rapidamente ao objetivo.

Carruagens? Exatamente: pela primeira vez na série temos um mecanismo rápido de transporte que não seja um barco gigantesco. Há diversas espalhadas por Londres e você pode pegar qualquer uma delas, à la GTA. Dirigi-las é bastante simples e intuitivo, inclusive contando com uma mecânica de "empurrão" para danificar outras carruagens que podem estar em sua cola.

As carruagens não são o único meio de transporte. Em um determinado momento da história, mas no início ainda, você ganhará acesso a um trem. Ele funciona como um sistema de "fast travel" por Londres, assim como sua base de operações. Lembra-se nos outros jogos das mecânicas de melhorar a cidade, investindo dinheiro nela? Isso continua aqui e é feito nesse trem.

Londres, aliás, está bela no jogo. Há todos os pontos turísticos conhecidos (que existiam em 1868), como o Big Ben. Temos também diversos colecionáveis, missões a serem realizadas e inclusive eventos aleatórios, como roubos que acontecem e fica a seu critério interferir.

Os gráficos do jogo estão bons, embora consideravelmente mais simples do que os de Unity: isso, sem dúvida, foi o preço por uma perfomance estável e com pouquíssimos bugs. Por ser um mundo aberto, você poderá se deparar com alguns personagens fazendo coisas bizarras, mas nem se compara com o que víamos em Unity.

Os últimos aspectos a serem comentados são a dublagem e as legendas. Como de praxe, Syndicate possui as duas opções em português do Brasil. A localização foi muito bem feita e a dublagem está excelente. A única parte engraçada é que há alguns momentos em que os NPCs (personagens que ficam no cenário) "bugam" e não falam português, mas sim o original em inglês. Isso é engraçado pois… estamos em Londres. Esse bug não é nada crítico, ainda mais com personagens aos quais você provavelmente não dará atenção.

Veredito

Assassin's Creed: Syndicate é o curativo que a série precisava depois da ferida deixada por Unity. Há um gameplay sólido, mecânicas inéditas que trazem novos ares, uma ambientação fantástica, uma história que prende o jogador, assim como um trabalho excelente na dublagem e legendas. As únicas críticas ficam para os gráficos inferiores, no gameplay indiferente entre Jacob e Evie, e em alguns pontos da história, como seu desfecho e a falta de desenvolvimento dos gêmeos.

Jogo analisado com código fornecido pela Ubisoft.

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