Análise – The Messenger

Em um mundo dominado por demônios, os humanos foram forçados a viverem escondidos e um vilarejo ninja representa o último bastião da humanidade. Uma profecia dita que um dia um herói do oeste chegará para compartilhar sabedoria e ajudar na salvação contra a ameaça demoníaca. Apesar de aparentar ser um jogo retro de premissa simples, The Messenger traz uma jornada imprevisível.

Ainda que à primeira vista pareça um projeto saudosista, resgatando a estrutura básica de um Ninja Gaiden 2D, The Messenger é distinto o suficiente para ser visto como uma mera homenagem. Embora o gameplay em si não traga muitas inovações, sua narrativa bem humorada o torna especial o bastante. Tão surpreendente como seu roteiro e diálogos é a reviravolta estrutural do game, após um certo ponto da campanha.

Já disponível para PC e Switch, a aventura do mensageiro finalmente chega ao PlayStation 4 com um port competente. A jogabilidade é bastante similar ao clássico da Tecmo para o NES, mas com controles mais precisos e um maior número de habilidades que, em conjunto com um level design bem elaborado, torna a ação e navegação pelas fases muito mais divertida e variada do que sua fonte de inspiração.

Inicialmente, The Messenger é disposto como um game de épocas passadas – separado por fases e usualmente com um chefe ao final de cada local. No caminho para o boss, há inimigos comuns, passagens secretas e portais (também servem de checkpoints) que levam o ninja mensageiro à loja. Muito além de fornecer upgrades, a loja representa um espaço de disseminação do lore de The Messenger e também de descontração.

Além de possuir um importante papel na história do jogo, o comerciante também é fonte de diálogos que abrangem a conversa fiada, as histórias com (ou sem) lição de moral e os relatos sobre o universo do jogo. Nesse quesito, os roteiristas do jogo desenvolveram um trabalho impecável. O script de The Messenger é debochado, engraçado e quebra a quarta parede com frequência – algo que torna os personagens do jogo bastante carismáticos e memoráveis.

The Messenger traz uma dificuldade crescente e é efetivo ao educar o jogador gradualmente, preparando-o para os momentos mais difíceis após sua segunda metade. As fases apresentam temáticas bem variadas e são muito bem construídas, não só no design, mas no quesito visual. Sejam os ambientes em pixel art 8 ou 16 bits, os backgrounds apresentam boa variedade.

The Messenger proporciona uma divertida experiência de plataforma, exploração e combate. As lutas contra os chefes merecem destaque pela criatividade e renovação de desafios. Há muitos desses momentos e o jogo oferece bastante conteúdo nos demais aspectos.

Talvez seu maior diferencial é o sistema de punição após cada morte. O sistema de vidas e continues foi dispensado para algo mais moderno e capitalista. A cada vez que o herói falha na sua jornada, o pequeno Quarble surge. Essa criatura recolhe alguns fragmentos de tempo (dinheiro utilizado para adquirir upgrades) por um determinado tempo, como forma de pagamento por ressuscitar o jogador. Não é algo muito punitivo, mas inova uma fórmula constantemente repetida.

Conforme mencionado na introdução, o jogo apresenta grandes mudanças na sua estrutura após uma certa etapa da aventura. A jornada passa a ser menos linear e isso está associado a uma grande mudança na história, envolvendo a viagem no tempo.

A transição no tempo traz mudanças não só no gameplay, como estéticas e sonoras. Além da incrível trilha sonora composta no Famitracker, com músicas fiéis aos tempos do NES, existem faixas correspondentes a geração dos 16 bits, com sintetizadores mais específicos dessa época. A viagem para o futuro também traz uma evolução gráfica correspondente.

O jogo da Sabotage Studios traz muitas surpresas e, por isso, apontar cada uma delas aqui estragaria boa parte da experiência. Se retrogames não lhe agradam, talvez The Messenger não seja para você. Mas caso isso não represente uma barreira, é um jogo indispensável e um dos melhores exemplos de como prestar homenagem aos produtos que marcaram o início desta indústria.

Veredito

Tão surpreendente como suas reviravoltas é o entretenimento provido pelos diálogos de The Messenger. Seu gameplay é ótimo e representa uma evolução dos jogos que toma como inspiração, mas são os constantes imprevistos, no bom sentido, que tornam essa jornada fantástica.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela produtora.

Veredito

88

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Veredict

Just as surprising as the plot twists is the entertainment provided by The Messenger’s dialogues. The gameplay is great and represents an evolution of the games that it takes inspiration from, but it’s the unforeseen events, in the good sense, that makes this journey fantastic.