Mais de um ano após seu lançamento no Japão, Yakuza 3 finalmente chegou ao ocidente. E a espera felizmente valeu a pena.
O jogo continua a história de Kazuma Kiryu, que também foi protagonista dos dois primeiros jogos da série. Aqueles que não jogaram tais jogos, lançados para PlayStation 2, não precisam se preocupar, já que Yakuza 3 contém vídeos que resumem os seus enredos. Assistir a estes vídeos não é obrigatório, e também não é absolutamente necessário, pois o que realmente importa é explicado durante o jogo.
O enredo do jogo gira em torno do esforço de Kiryu, após abandonar a Yakuza, em manter o orfanato Morning Glory em Okinawa, onde ele cuida de nove crianças. Kiryu esperava manter uma vida tranquila, mas a região onde fica o orfanato corre o risco de ser vendida para a construção de um resort e de uma base militar, e se isso acontecer o orfanato terá que trocar de lugar. Como o próprio Kiryu cresceu em um orfanato, ele entende que o sentimento de ter um local para chamar de lar é importante para as crianças e decide fazer de tudo para impedir que a venda seja concretizada. Kiryu logo descobre que tanto o governo quanto a Yakuza estão envolvidos nas negociações das terras, e a situação se torna mais complicada quando o antigo clã de Kiryu também se mostra envolvido e conhecidos do protagonista passam a sofrer atentados.
O enredo é um dos pontos altos do jogo, mantém o interesse do jogador, contém surpresas e faz o jogador se importar com os personagens. Os personagens secundários são agradáveis, principalmente Rikiya, membro da Yakuza que acompanha o protagonista em boa parte do jogo. Como nada é perfeito, a alta quantidade de personagens pode deixar certas partes confusas para aqueles mais desatenciosos, e a relação familiar de Kiryu com as crianças do orfanato, apesar de servirem bem para mostrar o caráter do protagonista, às vezes produz situações que para alguns pode parecer desnecessárias. Como exemplo posso citar uma parte em que o dinheiro de uma das meninas some e Kiryu investiga para descobrir se outra criança pegou indevidamente. Estas situações contém certa emoção, mostra que Kiryu se importa com o orfanato e dá um intervalo no jogo principal, que é constituído principalmente por lutas, mas apesar de gostar delas, dão uma impressão de estarem um pouco deslocadas.
As lutas, aliás, podem se mostrar bastante violentas. Além da barra de energia, há uma barra de "heat" que é preenchida ao atacar os inimigos ou consumir certos itens. Quando esta barra está quase cheia, é possível realizar ataques de finalização em momentos específicos, como quando o inimigo está caído ou quando Kiryu está segurando algum objeto. Em um dos movimentos de finalização, Kiryu pisa violentamente no rosto do inimigo que está deitado no chão. Em outros ele ataca de forma brutal o inimigo com a arma que estiver segurando, como o movimento de rebater a bola em um jogo de baseball, mas acertando a cabeça do adversário. E tudo isso com direito a sangue e close da câmera. Não chega a ser violência no nível de Mortal Kombat, mas ainda assim o jogo pode ser considerado bastante violento.
Para aprender novos golpes, além de fazê-lo ao aumentar o nível do personagem, também há as divertidas "revelations". A partir de um certo momento no jogo Kiryu aprende que é possível se inspirar em situações de pessoas comuns e criar novas técnicas de luta. E isso é divertido porque tais situações costumam ser bastante engraçadas. Como exemplo, após sair de um bar que apresenta dançarinas de pole dance, Kiryu presencia um homem bêbado tentando imitar os movimentos das dançarinas em um poste de energia. Obviamente ao final o homem despenca, mas durante a "apresentação" ele consegue se segurar no poste com as pernas mesmo bêbado, o que inspira o protagonista a perceber a força das pernas para se segurar em algo e criar uma técnica capaz de derrubar um inimigo utilizando o mesmo movimento. Durante cada situação Kiryu tira três fotos com o celular (para isso o jogador deve apertar os botões mostrados na tela rapidamente, o que é conhecido como Quick Time Event, ou QTE), e ao final o jogador escolhe um deles para se inspirar. Mesmo que o jogador escolha a foto errada, é possível repetir a situação até ele acertar. Há dez situações no total, e um personagem secundário envia mensagens no celular do protagonista com dicas de onde elas acontecem.