Os fãs de shooters que estavam bastante animados com as possibilidades do segundo analógico no novo portátil da Sony estão vivendo uma verdadeira escassez. Para satisfazer suas necessidades, estes jogadores contam apenas com Unit 13, lançamento da Zipper Interactive. Claramente utilizando a mesma engine dos não tão bem sucedidos MAG e SOCOM 4 para seu irmão mais velho PS3, também desenvolvidos pela Zipper, Unit 13 consegue temporariamente e mesmo que não de forma excelente preencher esta lacuna.
Unit 13 não conta com um modo história propriamente dito. Apresenta uma série de missões não relacionadas, com o objetivo de proporcionar pequenas sessões de jogo, atitude muito bem-vista num jogo exclusivo para um console portátil. As missões vão sendo liberadas aos poucos, pretensamente disponibilizadas de acordo com o crescimento da experiência do jogador. Mas este é um dos problemas de Unit 13. Algumas missões que em tese deveriam ser mais fáceis por estarem no começo do jogo são muito difíceis, ao passo em que missões mais avançadas, que deveriam ser mais complexas, são bem fáceis de serem realizadas.
Entretanto, as missões difíceis são realmente cruéis com o jogador. Alguns poucos tiros são suficientes para dar cabo de nosso combatente, nos obrigando a retornar para o início e realizar todo o percurso novamente, não importando quão longe o jogador já foi. Embora esta seja uma decisão de design que possa soar negativamente para os que apenas estão atrás de uma diversão portátil rápida e sem muitas dificuldades, com certeza ela ajuda a aumentar bastante o desafio e, por consequência, a durabilidade do jogo.
Os formatos das missões são variados, desde aquelas furtivas até as de ação direta. Graças à ausência de um personagem principal, são apresentados vários personagens, com níveis de habilidades diferentes para cada tipo de ação. Estes personagens vão subindo de nível, na medida em que as missões vão sendo realizadas. E as habilidades adquiridas são importantes para as próximas missões, mesmo com o já citado problema da inconsistência da progressão de dificuldade. Este problema ocorre porque alguns tipos de tarefas, como as do tipo “Elite” (que não oferecem regeneração de energia nem checkpoints) são apresentadas muito cedo ao jogador.
A jogabilidade é bastante familiar aos esquemas clássicos dos shooters, sendo praticamente idêntica à de SOCOM 4. A exceção fica por conta de algumas ações que requerem toque na tela, como a interação com objetos, a recarga, a mira de precisão e o lançamento de granadas. Estas ações na tela são um bocado estranhas no começo, e passam aquela impressão de que só são desta forma por causa da ausência de mais dois shoulder buttons no Vita. Mas no final das contas, a experiência é bastante natural para os acostumados com os consoles.
A IA poderia ter sido mais bem trabalhada, já que são comuns ações que são realizadas de uma forma em uma missão terem um resultado diferente da mesma ação realizada em outro momento. Por exemplo, um headshot em um inimigo sozinho pode alertar ou não os outros inimigos no mesmo lugar de forma aleatória. Além disso, alguns momentos com respawn infinito de inimigos também não se justificam.
Embora os ambientes onde Unit 13 se passa sejam bem variados, a ausência de detalhes em texturas e objetos atrapalham bastante. Alguns problemas com o framerate também são observados com mais frequência do que o esperado. Mas a modelagem dos personagens é de boa qualidade. Ainda fica um bocado longe de um Uncharted:GA, mas não chega a decepcionar.
O áudio não teria nada de tão interessante para nós brasileiros não fosse o fato de Unit 13, mesmo a versão vendida na PSN USA ser totalmente em português do Brasil (inclusive nas legendas). Não espere atuações estupendas, já que as frases se resumem a briefing das missões e confirmações dos personagens, mas mesmo assim, sempre é bom ver jogos em português, ainda mais em jogos que não eram cercados de expectativa como esse.
O jogo conta ainda com cooperativo online para cada uma das 35 missões. Neste caso, o checkpoint é desabilitado para todos os seus modos, mas você tem a opção de reviver o seu parceiro. Existem alguns problemas com o matchmaking e com algumas animações, mas mesmo assim, é excelente pensar na possiblidade de diversão online com os amigos em qualquer lugar que você estiver. Os troféus associados ao nível dos personagens e ao total de estrelas que você conquista ao realizar uma missão ajudam bastante a aumentar a longevidade do jogo (para os que se importam, obviamente), assim como o modo “desafio diário”, onde desafios são disponibilizados diariamente e o jogador tem apenas uma chance de concluí-los, podendo ir para o topo de um ranking online.
Mesmo não sendo um primor técnico, Unit 13 vale a compra. A dificuldade pode ser frustrante algumas vezes, os gráficos poderiam ter sido mais bem trabalhados e algumas ideias melhor aproveitadas, mas seu conjunto de qualidades é maior que o de defeitos. O áudio e as legendas em português do Brasil, a jogabilidade bem resolvida, a experiência focada em sessões curtas, próprias para um dispositivo móvel e a longevidade que modos como o “desafio diário” oferecem são pontos que engrandecem e dão muito valor à experiência, principalmente em se tratando de um jogo para um console portátil.
— Resumo —
+
Jogabilidade bem resolvida
+
Longevidade
+
Foco do desing em uma experiência mobile, com sessões curtas de jogo
+
Áudio e legendas em português do Brasil
–
Inconstância da dificuldade
–
IA vacilante
–
Gráficos apenas razoáveis