Uncharted: Golden Abyss

Uncharted: Golden Abyss chega como o principal jogo da leva de lançamentos para o mais novo portátil da Sony. Estranhamente desenvolvido pela Bend Studios ao invés da Naughty Dog, criadora original da série, o título chega com a obrigação de mostrar para que o PS Vita veio ao mercado, além de deixar claras todas as suas possibilidades e de provar que o portátil pode sim ser considerado um PS3 de bolso. Mas será que todas as expectativas foram atendidas ou a mais recente aventura de Drake não passa de uma mera demonstração técnica?

A resposta é que o jogo consegue sim atender a tudo o que se esperava, embora não consiga se destacar com excelência em nenhuma das expectativas. Não me entenda errado, Uncharted: Golden Abyss é um excelente jogo e realmente recomendado para todos os donos (principalmente os pioneiros) da plataforma. Mas fica aquela percepção tanto de ideias que poderiam ter sido melhor exploradas quanto de recursos que foram inseridos apenas para mostrar as capacidades do console, sem necessariamente fazerem sentido.

A história é totalmente independente do que já vivemos na pele de Drake até hoje. Além de ser atemporal na cronologia da série, ainda apresenta vários personagens novos, ao passo que vários dos já conhecidos não dão as caras na aventura. Drake está mais uma vez em busca de tesouros perdidos, desta vez em florestas e cavernas na América Central, acompanhado de um novo personagem, Jason Dante. E pra variar, as coisas não acontecem muito bem como se esperava, levando aos diversos desdobramentos do enredo que colocam Drake na trilha da cidade lendária de Quivira, uma das sete cidades de ouro procuradas pelos exploradores franceses do século XVII.

No papel, a história parece boa como as outras da série, mas fica aquela sensação de que poderia ter sido melhor explorada. Os momentos cinemáticos e de clímax que a Naughty Dog nos acostumou tão mal são raros e bem menos intensos na história contada pela Bend Studios. A campanha bem grande, de cerca de 34 capítulos acaba por ressaltar este problema, já que ainda por cima não oferece a grande variedade de cenários e localidades que marcam a série (principalmente se compararmos com Among Thieves e Drake’s Deception).

Mas engana-se quem pensa que por isso Uncharted: Golden Abyss oferece gráficos menos cuidadosos ou trabalhados do que era de se esperar. Muito pelo contrário. A aventura simplesmente leva os gráficos de um console portátil a um novo nível de qualidade e excelência. Os pequenos e quase imperceptíveis serrilhados denunciam que o PS Vita ainda não é exatamente um PS3 de bolso, mas todo o resto deixa claro que a Sony está pelo menos uns 90% lá. Texturas belíssimas, gráficos muito bonitos e bem trabalhados, detalhados à exaustão estão entre os fatores principais para encher os olhos.

A questão “bom, mas não tanto quanto poderia ser” volta a tona quando falamos da jogabilidade. O básico é o mesmo já conhecido e consagrado, pautado nas sequências de tiroteios, interrompidas por escaladas e um ou outro esporádico quebra-cabeças. Os momentos de combate armado fluem da mesma forma que nos outros jogos da série (o que é um elogio), embora tenham sofrido a adição de uma espécie de ajuste fino, realizada pelo acelerômetro do portátil. Eu particularmente não consegui me adaptar muito bem à novidade, tendo a desligado pouco tempo depois, mas vários jogadores gostaram bastante da inovação, garantindo que ajudou a melhorar a precisão dos tiros.

O resto da jogabilidade faz uso quase constante da tela de toque e do touchpad traseiro, com resultados variados para cada tipo de atividade. As escaladas foram bem implementadas e agora podem ser realizadas tanto pelos botões quanto arrastando o dedo na tela sobre as superfícies que queremos alcançar (ou no touchpad traseiro, para subir escadas e cordas). Os combates corpo-a-corpo agora são todos realizados através de quick time events na tela que, embora sejam razoavelmente divertidos, quebram bastante o clima dos combates. Já a constante esfregação de dedos para remover sujeira de objetos e exibir imagens de carvão em papeis é chata e repetitiva. O mesmo vale para a sem sentido utilização de um facão para cortar pedaços de pano e arbustos atrás dos quais se escondem tesouros e objetos (e qual é a da dificuldade extrema de se reconhecer um “Z” na tela de toque?).

O áudio é do nível que esperaríamos de um Uncharted, com trilha sonora marcante e bem elaborada. A dublagem então é excelente, variada e constante, muito bem executada por todos os dubladores, e brilhantemente estrelada por Nolan North. Vale o adendo de que a versão disponível na PSN USA (e provavelmente a vendida em cartão lá também) não oferece áudio nem legenda em PT-BR.

O modo multiplayer é inexistente (suponho que por questões ligadas à durabilidade da bateria, já que o wi-fi é desligado automaticamente assim que iniciamos o jogo). Mas existem dezenas de itens a serem coletados e atividades extras a serem realizadas, o que garantirá várias horas de jogo para os mais obcecados após o encerramento da campanha principal, que por si só já dura facilmente de 9 a 10 horas.

Mesmo não sendo uma aventura perfeita, a quantidade de conteúdo é digna de respeito, principalmente em se tratando de um console portátil. As adições para mostrar as capacidades do sistema variam em qualidade e poderiam apresentar soluções criativas com mais frequência (uma em particular que envolve a câmera traseira é muito inovadora, por exemplo). A execução do jogo como um todo é de bom nível, embora fique um certo quê de “quero mais” após o seu encerramento. A ausência de um modo multiplayer é um fator que, embora bastante negativo, é razoavelmente apaziguado pela enorme quantidade de conteúdo disponível para os colecionadores de plantão. No final, vale a compra, a menos que o gênero não faça MESMO o seu gosto.



— Resumo —


+
Jogabilidade da tela de toque em alguns momentos


+
Gráficos lindíssimos


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Áudio e dublagem de nível excelente





Jogabilidade da tela de toque em alguns momentos





Ausência de um modo multiplayer





História pouco elaborada

Veredito

89

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Dublado:

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Veredict

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