Ainda expandindo a série de jogos baseados nas obras do escritor Tom Clancy – que além de jogos de ação e espionagem agora conta com títulos de estratégia em tempo real com EndWar -, a Ubisoft lançou Tom Clancy’s HAWX, um suposto "simulador" de lutas aéreas com caças de combate – que, na verdade, lembra mais um jogo de Arcade do que um simulador.
Em Tom Clancy’s Hawx o jogador controla David Crenshaw, um piloto da USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) que é dispensado após o fechamento do esquadrão do qual pertencia. Se passando no futuro, David é contratado pela empresa militar – sim, elas existem aqui – Artemis, com o objetivo de proteger cidades e locais de organizações terroristas, bem como atacar bases de rivais de seus clientes. A empresa Artemis assina um contrato com o Brasil para defender a costa brasileira (e principalmente o Rio de Janeiro) dos terroristas do Caribe, que atacam os países da América do Sul por eles terem se aliado aos EUA, apenas para mais tarde quebrar tal contato e se aliar aos terroristas, colocando David em uma posição de piloto renegado. Conforme a trama se desenrola, o piloto passa por diversas cidades famosas, como Washington e Tóquio.
A história é bastante apreciável, como já era de se esperar de um roteiro de Tom Clancy. Porém, a jogabilidade simplificada acaba tirando um pouco da graça do jogo. Não que todo jogo de aviação precise ser um simulador extremamente fiel à realidade – mas a quantidade de facilidades e benefícios que HAWX concede ao jogador transforma o título em uma experiência exageradamente fácil. Combustível infinito, centenas de mísseis, trava de mira fácil de habilitar e o ERS (Enhanced Reality System, um sistema que quando ativado facilita a realização de algumas etapas das missões) são alguns dos detalhes que ajudam a facilitar o jogo. Além disso, a jogabilidade de cada um dos aviões é extremamente semelhante. Não importa o tamanho, a classe, a velocidade. A impressão que você terá é de estar pilotando sempre a mesma aeronave.
Mesmo com tamanha facilidade, HAWX ainda consegue entreter: os combates aéreos e bombardeios a áreas em terra divertem. A sensação de velocidade e as manobras para fugir de ataques de mísseis são sempre bem executadas. A IA dos inimigos é boa, de modo que às vezes você gasta um bom tempo apenas para tirar uma aeronave inimiga do seu pé.
Graficamente, HAWX é razoavelmente competente. As cenas aéreas bem como as aeronaves e os cenários vistos de longe são muito bons e detalhados, bem acima da média. Porém quando você chega mais próximo ao solo, percebe texturas pobres e pouco detalhadas, bem como falta de detalhamento de prédios e outros elementos. E, embora não atrapalhe, isso sempre deixa uma impressão de falta de esmero por parte da produção. A parte sonora conta com uma boa dublagem e efeitos sonoros de boa qualidade que ajudam na sensação de profundidade e distância, extremamente útil e necessário para jogos que possuem mapas enormes como os de combates aéreos.
O modo multiplayer garante um pouco mais de durabilidade ao jogo, embora não seja tão bom quanto poderia. Até oito pilotos podem participar de um tradicional deathmatch, que conta com algumas ferramentas para uso após se abater alguns inimigos (como por exemplo um EPM – Pulso Eletro-Magnético, que faz com que todas as outras aeronaves entrem temporariamente em stall), o que garante variação e imprevisibilidade às batalhas. É de se esperar que isto garanta mais diversão do que batalhar contra o computador, mas poderiam existir mais modos, ou ser possível um número maior de participantes.
No final das contas, Tom Clancy’s HAWX é um título com enorme potencial, mas que não segue fiel a este. Embora os combates aéreos sejam ótimos e muito divertidos, a baixa dificuldade do jogo e o exagero das características de Arcade, bem como a falta de capricho nos detalhes dos gráficos e a superficialidade do modo multiplayer online tiram bastante do valor do jogo. Mas vale uma alugada no final de semana. E se você for fã do gênero, até pela escassez de jogos desta categoria na plataforma, vale a compra.