Séries clássicas merecem jogos clássicos. E poucas conseguiram esse feito tanto quanto um dos maiores fenômenos de popularidade do final dos anos 80/começo dos anos 90 Teenage Mutant Ninja Turtles ou, como elas são conhecidas no Brasil, As Tartarugas Ninjas. Mesmo com uma série de projetos de qualidade duvidosa e várias tentativas de atualizá-la para um público mais jovem, a franquia sendo mais conhecida pelos seus feitos no seu período áureo do que o que veio nas décadas seguintes.
E poucas coisas representam tanto essa popularidade quanto os jogos inclusos no mais novo lançamento da Konami, Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection. Contendo 13 jogos lançados pela publisher japonesa entre 1989 e 1993, o ápice da febre em torno dos personagens, com alguns jogos um pouco mais desconhecidos e outros que marcaram a infância/adolescência de todos aqueles que viveram os anos 90.
Essa coletânea traz uma dose gigantesca de nostalgia, executada da melhor forma possível. É um pacote claramente desenhado para atrair os fãs dos personagens que se lembram do prazer de sentar com seus amigos explorando alguns dos melhores e mais marcantes beat-em-ups de todos os tempos para relembrar aquelas experiências ou talvez apresentá-las para as novas gerações de jogadores que talvez tenham tido contato com as várias tentativas recentes de reviver a popularidade do grupo de heróis.
A simples quantidade de jogos que a Digital Eclipse e a Konami conseguiram enfiar no pacote e o cuidado visto nos ports é o que mais impressiona. São 13 jogos incluindo diferentes versões de títulos clássicos que chegaram ao NES, SNES, Arcade, Mega Drive e o Game Boy original. O rol de títulos aqui incluídos vão de clássicos atemporais como Turtles in Time (tanto o clássico de Arcade quanto o port para SNES), sucessos cult como Tournament Fighters (em suas bem distintas versões de SNES e MD), até títulos um pouco mais desconhecidos como Radical Rescue (de GB).
Necessário se faz lembrar que esses jogos são frutos da sua época. Uma série de possibilidades de customização da experiência foram adicionadas pela Digital Eclipse com esses ports, como a possibilidade de a fase inicial, ativar modos especiais como Turbo, God Mode ou Nightmare Mode, começar com vidas extras ou até mesmo escolher se quer manter a experiência mais próxima do original ou otimizar usando o poder dos consoles atuais (como tirar sprite flicker ou slowdowns dos jogos de Game Boy). É francamente chocante o cuidado em tornar toda a experiência muito mais bela e funcional, mas sempre mantendo o espírito e experiência dos jogos originais.
Naturalmente, não espere nada tão próximo do recente Shredder’s Revenge, já que são, essencialmente, 30 anos de evoluções e melhorias de gameplay separando o título mais recente do icônico Turtles in Time. Ainda assim, poder revisitar esses jogos, mesmo com as suas claras e aparentes falhas, incluindo problemas na detecção de hits e os clássicos aumentos de dificuldade dos jogos de Arcade feitos para te fazer gastar moedas, tem o seu valor, tanto como conservação da mídia quanto para conhecer e valorizar o que tínhamos e como chegamos ao que temos hoje.
No entanto, são experiências que crescem imensamente de valor com uma característica em especial: o multiplayer. Beat-em-ups sempre foram um gênero que, por mais que funcionem para jogadores solo, se tornam muito mais encantadores ao serem jogados com amigos, algo que claramente estava na mente dos desenvolvedores aqui.
Por isso, não só os jogos que já contavam com multiplayer local os mantiveram, como o estúdio fez questão de adicionar multiplayer online para os 4 títulos mais importantes do pacote. Com isso, mesmo que você e seus amigos não tenham tempo para se reunir, pedir uma pizza e passar horas jogando esses títulos, o poderá fazê-lo online com Teenage Mutant Ninja Turtles e Turtles in Time (ambos nas versões de Arcade), The Hyperstone Heist (de Mega Drive) e na versão de SNES de Tournament Fighters.
Esse último em especial merece ser mencionado em separado pela inclusão não só da funcionalidade online, mas pelo cuidado em adicionar o netcode via rollback, algo que tem se mostrado cada vez mais essencial em jogos de luta. Isso dá uma longevidade ainda maior a um jogo que já era muito querido pelos fãs visto que, mesmo com um Story Mode, o combate contra a CPU se torna cansativo bem rápido (graças em parte ao sistema de controles estranho de se acostumar), mas ainda assim é um jogo bem divertido de se jogar com os amigos.
Não leia isso como uma crítica ao que esses jogos são. Mesmo para os jogadores um pouco mais resistentes às várias ondas de nostalgia que tentam dominar o mercado à todo tempo, é impossível não se deixar levar pela qualidade desses jogos. Eles podem não ter todos os confortos e ajustes que jogos modernos tem, mas eles são algo ainda mais importante: divertidos.
É dificilmente um jogo que vai te prender por horas e horas, mas é o tipo de jogo que é sempre divertido de pegar e jogar um pouco, ver coisas que você talvez nunca tenha alcançado quando era mais novo ou só pular de jogo para jogo vendo as diferenças entre as versões de consoles distintos (ou regiões distintas, já que é possível alternar entre as versões americana e japonesa com o simples apertar de um botão) ou conhecer jogos com os quais dificilmente você teve contato.
Por isso, talvez a decisão de lançar The Cowabunga Collection depois de Shredder’s Revenge tenha sido acertada. Enquanto o jogo mais recente é a porta de entrada ideal para novos fãs, essa coletânea é a chance dos nostálgicos mostrarem que, enquanto hoje em dia as coisas são ótimas, também havia muita coisa boa lá no auge da popularidade dos quatro mutantes com nomes de artistas plásticos.
Até mesmo o modo de Extras dessa coletânea, aptamente chamada de “Turtles’ Lair”, é uma prova do quanto ela foi feita pensando nos fãs de longa data querendo guardar importantes pedaços da história da franquia. O conteúdo aqui inclui capas de revistas em quadrinhos publicadas nos EUA, imagens das quatro séries de TV principais, concept arts e documentos de design, as trilhas sonoras, guias de estratégia, propagandas, capas e manuais de todos os jogos.
É um acervo incrível, junto de ótimos jogos e que acerta em ser exatamente aquilo que uma coletânea de remasters precisa ser: uma celebração à história e ao legado desses jogos, um veículo para conservação deles e uma forma fácil de se acessar jogos que impactaram a vida de todos, com pequenas melhorias para torná-los mais prazerosos e acessíveis também a jogadores curiosos para entender o porquê eles são tão aclamados. E The Cowabunga Collection mostra que, independente de quanto tempo passe, sempre vai ser a hora de comer pizza, se impressionar e mandar um “Santa Tartaruga”.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Konami.
Veredito
Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection é um exemplo de nostalgia feita da forma correta. Possui um pacote volumoso e repleto de bons jogos, com inúmeras melhorias e novas opções para tornar a experiência ainda mais divertida tanto para os fãs de longa data quanto para novos jogadores curiosos que desejam experimentar os clássicos pela primeira vez.
Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection
Fabricante: Digital Eclipse
Plataforma: PS4 / PS5
Gênero: Beat'Em Up / Luta
Distribuidora: Konami
Lançamento: 30/08/2022
Dublado: Não
Legendado: Não
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection is an example of nostalgia done right. It is packed with good games, with numerous improvements and new options to make the experience even more fun for both longtime fans and new players looking to experience the classics for the first time.