Em poucos meses, a franquia Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, no original em inglês e normalmente abreviado pela sigla TMNT) vai atingir o notável marco histórico de 40 anos de existência. Apesar de suas origens nas páginas de histórias em quadrinhos, o grupo se tornou insanamente popular pela explosão transmidiática que a franquia experienciou muito antes desse termo sequer existir.
No que tange os games das Tartarugas, qualquer jogador que vivenciou os tempos áureos dos arcades ou dos consoles 16-bit terá excelentes lembranças de Turtles in Time. É apenas um entre dezenas de jogos na franquia, mas o jogo foi um sucesso absoluto e se tornou um clássico no gênero beat ‘em up, e que mesmo nos dias atuais se mantém no imaginário coletivo pelas memórias de tempos mais simples que o jogo é capaz de trazer à tona.
Wrath of the Mutants, novo subtítulo anexado ao jogo originalmente lançado para arcades em 2017, deixa bastante óbvio que buscou inspiração em Turtles in Time, com muitos dos seus elementos-chave replicados aqui: cair em bueiros durante o combate, surfar no esgoto, e, claro, arremessar inimigos em direção a tela. Tudo isso ao mesmo tempo em que adaptava a jogabilidade para um sistema com gráficos em 3D, aposentando os sprites de outrora, e usando como ambientação o então contemporâneo universo estilizado da série animada da Nickelodeon.
Infelizmente, o jogo falha. Não apenas em recriar aquela magia, mas de forma global. Tudo em Wrath of the Mutants é básico e artificial. Apesar de cada uma das quatro tartarugas usar suas armas características e, portanto, possuírem animações únicas para seus ataques, todas são virtualmente idênticas, não existindo qualquer tipo de vantagem ou desvantagem na hora da seleção. Os ataques se limitam a um combo básico, agarrões automáticos realizados aleatoriamente, dois tipos de voadora, e um ataque especial chamado Turtle Power, que pode ser ativado ao preencher uma barra atingindo inimigos com ataques comuns ou coletando itens.
E falando nos itens, mesmo estes falham em adicionar variedade ao jogo. Por exemplo, um dos itens permite que o jogador invoque imediatamente um aliado para eliminar todos os inimigos da tela, mas existem apenas dois aliados, Cabeça de Metal e Leatherhead, que causam exatamente o mesmo resultado na tela. Acredite, embora o jogo conte apenas com seis níveis e seja curto, tanta repetição torna a experiência inesperadamente cansativa.
É fato que jogos no gênero beat’em up normalmente não são longos, e mesmo com os níveis extras adicionados para esse relançamento nos consoles, Wrath of the Mutants toma cerca de uma hora para ser concluído. Você tem a liberdade para jogar os primeiros cinco níveis na ordem que desejar, sendo necessário concluir todos eles para destravar o último estágio onde você enfrentará o Destruidor. Cada nível conta com dois chefes, muitos dos quais você certamente esperaria encontrar em um jogo das Tartarugas.
Seja por conta dos comandos truncados ou das animações de ataque que nunca podem ser canceladas, ou mesmo os chefes sendo simples esponjas de dano que irão certamente fazer pouco caso de todo e qualquer combo que você tentar executar, esse número total de treze chefes (incluindo na contagem a segunda forma do Destruidor) parece trivial já que todos confrontos acabam se desdobrando de formas muito parecidas entre si.
A apresentação do jogo também não se destaca de forma alguma. A trilha sonora passa completamente despercebida entre os constantes brados de combate das Tartarugas (que também repetem com bastante frequência, sim), mas ao menos na versão para PS5 o jogo consegue sustentar a taxa de quadros por segundo cravada e constante. É o mínimo que o jogo poderia fazer.
Talvez o melhor aspecto que o jogo oferece é o modo cooperativo, permitindo que até quatro jogadores enfrentem as hordas do clã Pé e de droids Kraang simultaneamente, mas infelizmente fica restrito ao multijogador local. O número de inimigos por onda é escalonado de acordo, mas a experiência pouco difere daquela que você teria jogando sozinho.
O jogo também tenta artificialmente criar uma sensação de caos quando você usa a habilidade Turtle Power ou invoca um dos dois aliados: mesmo que a tela esteja vazia, no momento em que você ativar a habilidade, graças a um rápido corte de câmera o jogo fará brotar inimigos na tela para que seu ataque pareça devastador. Isso não se aplica durante batalhas contra chefes, mas, de forma geral, é um efeito cômico que beira o trágico.
Fãs fervorosos das Tartarugas Ninja, em particular do universo dessa animação em computação gráfica, talvez encontrem algo aqui, mas infelizmente o jogo não empolga, e dentro da própria franquia existem alternativas contemporâneas muito melhores e verdadeiramente dignas de um “cowabunga”.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela GameMill Entertainment.
Veredito
Teenage Mutant Ninja Turtles Arcade: Wrath of the Mutants busca inspiração em um dos maiores clássicos do gênero, mas falha em tentar modernizar a experiência com sua jogabilidade e apresentação rasas. O resultado é um jogo fraco e repetitivo, mesmo com sua curta duração.
Veredict
Teenage Mutant Ninja Turtles Arcade: Wrath of the Mutants takes inspiration from one of the biggest classics of its genre, but fails to attempt to modernize the experience with its shallow gameplay and presentation. The outcome is a weak and repetitive game, even though it’s a short one.