Summon Night 6: Lost Borders

Mesmo sendo uma série relativamente tradicional, cujo primeiro jogo foi lançado no Japão em 2000 para o PlayStation original, a franquia Summon Night é praticamente desconhecida no Ocidente, já que, até recentemente, apenas 3 spin-offs haviam sido localizados (e todos para plataformas da Nintendo). Summon Night 6: Lost Borders é o segundo jogo da série localizado pela Gaijinworks, e o primeiro lançado para PlayStation 4.

A escolha por localizar Summon Night 6 é um pouco curiosa. Ao contrário dos outros jogos da série, este não é exatamente uma sequência ou segue a mesma linha temporal dos jogos anteriores, se tratando mais de uma celebração da rica história da série, reunindo os protagonistas dos outros jogos em um enredo novo e recheado de fan-service, sendo uma maneira diferente de apresentar os personagens a jogadores que, em sua maioria, não conhecem a série. É também o primeiro jogo desenvolvido pela Media.Vision, tradicional estúdio responsável pela série Wild Arms e que agora assume o controle dessa franquia.

Apesar da pouca familiaridade do jogador com esses personagens, a história em si é um dos pontos positivos do jogo, em especial pelo seu tom mais leve e incrivelmente charmoso, ambientado em um local chamado Cocoon World Fillujah, onde objetos constantemente caem dos céus. O jogador acompanha as aventuras de três novos protagonistas: Raj, Amu e Ist, três habitantes daquele mundo, em que acreditavam estar sozinhos, e que, aos poucos, vão desvendando os mistérios por trás desses acontecimentos em Fillujah.

Se juntam aos três novos personagens vários outros populares da série e que, assim como prédios, itens e summons, também caem dos céus e enriquecem os mistérios da história do jogo (história que, aliás, não é nada de muito especial, sendo divertida o suficiente), além de contar com alguns dos diálogos mais bobos que se poderia ter em um RPG do escopo de SN6.

Esses diálogos, aliás, são um dos maiores charmes do jogo, em especial em momentos mais íntimos entre os personagens, principalmente nas “night conversations”, tradicionais da série e que acrescentam bastante aos personagens. São diálogos bastante tocantes e também aumentam a proximidade entre os personagens e que, junto com algumas decisões, ajudam a moldar o rumo da história, afinal, como em outros jogos da série, existem diversos finais e diversas rotas a se seguir.

É interessante que, apesar de contar com paredes gigantescas de texto, Summon Night 6 nunca realmente se torne um jogo excessivamente dramático. Há uma certa sensação de se estar jogando uma visual novel em alguns momentos (até pela apresentação do jogo), mas, mesmo nos momentos mais tensos do jogo, há sempre uma sensação de que ele não se leva muito a sério.

Apesar de contar com dublagem em boa parte do jogo, isso é, honestamente, o ponto mais fraco de todo o pacote. SN6 conta com uma das piores dublagens já vistas, sendo quase impossível jogar com o áudio em inglês e, diante da inexistência da dublagem original no jogo, é fácil se ver jogando com a TV no mudo ou abaixando completamente o som das vozes no menu.

Algo importante é que, desde os primeiros momentos, o jogo faz um ótimo trabalho apresentando não só os pontos mais importantes do lore da série, como o que são os summons, como também todas as mecânicas, além de algumas novidades que ajudam Summon Night 6 a vencer aquele que é o seu maior obstáculo: ser acessível, apesar do número no título.

O que vemos aqui é um ótimo RPG de estratégia por turnos e que se mantém tradicional à série principal. Como todo bom jogo do gênero, o jogador move os personagens por um mapa em grid, semelhante a um jogo de xadrez, com cada um deles se movendo e agindo durante o seu turno, com direito a objetivos específicos de cada mapa, ataques em conjunto de vários personagens e a possibilidade de sofrer contra-ataques dos inimigos em ataques mal-planejados. O ponto mais importante é o retorno da mecânica que diferencia a série do restante: os summons.

A mecânica de invocação em SN6 permite ao jogador usar várias criaturas como suporte ou ajudando nos ataques. Há uma gama enorme de criaturas a serem coletadas, apesar de não ser o foco como em outras séries, e uma variedade bem interessante no design e efeitos delas.

Em alguns momentos, as batalhas acabam se tornando bem longas e um pouco cansativas, em especial se o jogador seguir uma dica: jogar no hard. Em suas dificuldades menores, normal e easy, SN6 é um jogo excessivamente fácil, praticamente sem desafio nenhum, o que, em um gênero cujo grande charme é o desafio e estratégia por trás das batalhas, tira muito da experiência.

Na dificuldade mais alta as batalhas se tornam muito mais recompensadoras. Alguns dos chefes mais difíceis realmente te farão pensar e o jogo, em momento algum, te coloca em um cenário que não possa ser vencido ou para o qual o jogador não possui as ferramentas necessárias para vencer, fazendo com que toda as vitórias e derrotas sejam culpa do jogador e não de design ruim ou problemas intrínsecos ao jogo.

Há um outro problema pequeno que poderia ser apontado, como a navegação ser toda feita por menus, mas nada que realmente afete a experiência. Apesar de ser uma escolha à primeira vista surpreendente, Summon Night 6 faz um bom trabalho em apresentar a série aos jogadores ocidentais, entregando um jogo muito bom, divertido e que só sofre mesmo por uma dublagem tenebrosa.


 

Veredito

Summon Night 6 é um ótimo RPG de Estratégia, com uma história divertida e gameplay recompensador e envolvente, funcionando como uma boa introdução à série. Infelizmente, toda a sua qualidade sofre com uma dublagem sofrível e alguns problemas na sua apresentação arcaica.

Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Gaijinworks.

Veredito

75

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Veredict

Summon Night 6: Lost Borders is a great Strategy RPG, with a fun story and an involving and rewarding gameplay. Unfortunately, it suffers with the poor quality of its voice acting and some problems with its archaic presentation.


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