South Park: A Fenda Que Abunda Força

Quando South Park: The Stick of Truth saiu em 2013, após diversos adiamentos e problemas de produção, todos ficaram surpresos com a qualidade do jogo em conseguir não só adaptar o universo da animação de comédia para adultos, mas também em entregar um RPG por turnos sólido, com boas mecânicas de combate e uma boa linha de progressão. Pegando o que a equipe liderada por Tray Parker e Matt Stone (criadores da animação) aprendeu no primeiro título, South Park: The Fractured But Whole vem para provar mais uma vez que a franquia pode criar bons jogos. Mas será que ficou à altura de Stick of Truth?

Seguindo diretamente a história do primeiro jogo, você e a turma de Cartman, Kenny, Stam e Kyle interrompem a brincadeira inspirada em filmes medievais do primeiro jogo para atender um pedido do Cartman do futuro, o vigilante noturno e super-herói The Coon, que pede para você e seus amigos investigarem um misterioso desaparecimento de um gato, para assim ganhar a recompensa do resgate e enriquecer a franquia de super-heróis que Cartman planeja lançar para o mundo, o Coon e seus Amigos. Eles também vão precisar lidar com o grupo de super-heróis rival, liderado por Timmy, que tem a mesma ambição de ganhar sua franquia de sucesso. Assim, você pega seu traje de super-herói e parte para a batalha que vai definir o destino de South Park.

Fractured But Whole mais uma vez faz piada com um gênero inteiro da ficção em sua história – nesse caso, os filmes e franquias de super-herói – e o faz de maneira excelente, gerando milhares de referências a filmes e clichês dos filmes e da indústria cinematográfica em criar dezenas de spin-offs de uma franquia multimilionária. South Park continua com seu humor afiado e politicamente incorreto, fazendo piadas com tudo e todos, sem distinção. O jogo não só debocha com o universo de super-heróis, mas com os games em si, criando situações e piadas metalinguísticas hilárias para os jogadores (Uma palavra: Carro!).

E, tal como o desenho, o jogo não é exatamente para todo mundo, já que algumas piadas conseguem ser bem pesadas. Não é recomendado se você não acha o tom debochado da série para você, cheio de palavrões e cenas escatológicas, já que aqui elas estão em todos os aspectos do jogo e a trama funciona basicamente como uma grande temporada da série de TV. Há também a novidade de uma dublagem e tradução completa em português, que traz os dubladores da animação e consegue adaptar de forma primorosa a maioria das piadas.

Uma pequena reclamação sobre a história é que possivelmente o título ficará bem datado daqui uns anos devido a exatamente fazer referências diretas. São piadas tão atuais (de referências a séries da Marvel na Netflix, brincando com o fracasso dos filmes da DC e até chegando a colocar os infames Fidget Spinners como um item inicial no jogo) que podem se tornar obsoletas daqui um tempo. Um problema que a maioria dessas comédias acabam caindo, e South Park não é exceção.

Porém, algo que definitivamente não se tornará obsoleto é a qualidade da mecânica de batalha do jogo, que ao contrário do primeiro título, empresta elementos de jogos de estratégia por turnos. O jogador deve usar seu time de até 4 personagens para se locomover nas áreas do campo de batalha e usar o alcance de seus ataques. Usando os diferentes estilos de ataque de cada personagem – curto, médio e longo alcance -, há dezenas de variações de combinações de ataques que tornam o combate extremamente diversificado nas mais de 15 horas da campanha. Fazer um time balanceado é essencial para a vitória na batalha, desde usar os poderes de teletransporte de Mysterion (Kenny) ou as habilidades aéreas do Pipa Humana (Kyle).

O poder "anal" do seu personagem é usado das formas mais bizarras e criativas possíveis. Você, por exemplo, pode peidar para pular o turno inimigo das batalhas ou parar o tempo dele. Isso também é aplicado fora das lutas e torna ainda mais inventiva a jogabilidade.

Há uma grande variedade de customização para o seu personagem, tanto esteticamente quanto em seus poderes. O jogador tem diversas classes a serem escolhidas (desbloqueadas ao longo da campanha) e que vão determinar seus quatro ataques nas partidas, sendo muito bem customizado e prático. Na parte estética, o jogador vai coletando itens para criar seu próprio visual de herói, com diversas indumentárias que, apesar de não fazerem nada significante para o gameplay, oferecem diversidade para criar o seu próprio herói.

E mesmo sendo bem diferente do sistema de batalha de Stick of Truth, a franquia continua sendo bem acessível para aqueles que não estão acostumados com o gênero. O jogo tem uma ótima curva de aprendizado e dá o tempo necessário para qualquer jogador ir se acostumando com cada elemento da mecânica. Sim, como no primeiro, as QTE's podem cansar e as animações dos especiais poderiam ter a opção de pular em batalhas comuns, mas isso não interfere na diversão e na eficiência do combate. Há alguns detalhes nas batalhas que poderiam ser arrumados, como não ser possível ver a barra de vida do seu personagem no seu próprio turno, o que as vezes atrapalha na estratégia em time.

E essa variedade também recai na jogabilidade fora das lutas, já que o jogador tem mais uma vez o mapa inteiro de South Park para explorar. Aqui, o jogador pode encontrar peças para criar itens ou Artefatos que aumentam o seu poder de ataque conversando com NPC's ou usando as habilidades de determinados aliados para abrir áreas inacessíveis e coletar itens e roupas de herói.

O mapa continua cheio de tarefas paralelas a serem feitas e é extremamente satisfatório para quem adora explorar o mundo de South Park. Há diversas sidequests interessantes e que também têm o mesmo humor da história principal, preenchendo áreas do mapa não utilizadas pela trama principal. Não quero colocar nenhum spoiler, mas algumas dessas quests me fizeram dar risada apenas por suas ideias, espelhando a criatividade dos roteiristas do game.

Visualmente, o jogo mudou pouco, já que o anterior já tinha capturado tão bem a essência da animação original. E pela proposta, Fractured But Whole tem gráficos que cumprem seu papel, sendo extremamente fiel à animação, indistinguível se comparado com o desenho. Mas são os detalhes nos cenários e o cuidado de caracterizar tudo perfeitamente que realmente se destaca. É evidente que os criadores da série e pessoas que se envolveram no projeto conhecem a fundo as mais de 20 temporadas do desenho, tendo diversas referências e easter eggs para todos os fãs de South Park


Infelizmente, há problemas que acabam atrapalhando um pouco a experiência, como alguns bugs e glitches ou eventos que não ativam em certos momentos (e uma tela de loading que demora muito sem razão em algumas transições de telas e de batalhas). A sensação é que o jogo poderia ter passado por mais 1 ou 2 testes de revisão antes do lançamento, mas espero que possam ser arrumados em futuros patches.

Veredito

South Park: The Fractured But Whole melhora e faz praticamente tudo que o primeiro fez certo: é engraçado como a animação, tem mecânicas consistentes e acessíveis que o torna uma ótima experiência tanto para os fãs da franquia quanto para aqueles que querem apenas um bom jogo de estratégia por turnos, mostrando que a equipe da Ubisoft San Francisco não brincou no serviço e entregou um título que, não é só uma ótima adaptação de South Park, mas um ótimo jogo por si só. Aquele "mais do mesmo" que não dá para reclamar.

Jogo analisado com cópia física fornecida pela Ubisoft.


 

Veredito

88

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Veredict

South Park: The Fractured But Whole improves and does pretty much everything the former did well: it’s funny as the animation, it has consistent and accessible mechanics that makes it a great experience for both franchise fans and those who just want a good strategy turn based game, showing that the Ubisoft San Francisco team is solid and managed to deliver a title that is not only a great South Park adaptation, but also an awesome game by itself. It’s one of those ‘more of the same’ that we can not complain about.


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