Silt – Review

Lançado pela britânica Fireshine Games, chegou em primeiro de Junho o game de estréia da desenvolvedora Spiral Circus Games. Trata-se de Silt, uma aventura subaquática bastante dinâmica e cheia de quebra-cabeças.

Pouco (aqui se lê “quase nada”) se sabe a respeito do protagonista da história, apenas que é um mergulhador explorando as profundezas e desvendando mistérios em toda uma escuridão monocromática. Ele vai cruzar com criaturas estranhas, passando por ruínas antigas e tendo que lidar com máquinas até então ocultas.

Silt

“Mas isso tudo deve ser muito perigoso, como ele vai conseguir fazer isso?”, você deve estar se perguntando. E é aí que Silt fica mais legal (e estranho): o mergulhador pode fazer o que é chamado de transferência de alma e possuir boa parte dos seres que encontrar durante sua jornada. Dessa forma, é póssível utilizar as habilidades de cada uma dessas criaturas e, de diferentes formas, liberar seu caminho. Mas cuidado, pois enquanto estiver controlando algo, seu corpo fica inanimado onde tiver sido deixado, e completamente vulnerável aos possíveis perigos ao redor.

São vários os bichos que você vai encontrar, e pode possuir a maioria. Alguns, porém, serão apenas parte do ambiente, e obviamente responsáveis pelos puzzles a serem solucionados. Silt dá algumas explicações sobre a mecânica do jogo logo em seu início, mas depois ele entende que você já sabe o que precisa saber e te deixa sem maiores auxílios. Ainda assim, não vai ser necessário gastar muito tempo pensando no que fazer, mas talvez COMO fazer. E é lógico, pra várias dessas missões, algumas (ou muitas) tentativas serão necessárias.

Silt

Para ajudar um pouco, posso dar uma dica meio óbvia, mas que às vezes a gente acaba não se lembrando: atente-se ao ambiente. Preste muita atenção às coisas com luz, ou que estão piscando. Sempre aperte círculo pra saber o que você pode possuir da tela em questão, já que tudo vai ficar realçado. E é claro, não ignore nada em Silt. Se alguma determinada criatura está lá (mesmo aquelas que não aparecem desde o início do jogo), com certeza ela precisará ser utilizada na resolução do quebra-cabeça.

Ainda sobre as criaturas, é bastante curioso e interessante como funciona o mundo lá embaixo. Existem seres poderodos e gigantescos, em comparação a outros tão pequenos e aparentemente incapazes. Contudo, todos conseguem habitar em harmonia, alguns deles por não serem agressivos, outros por possuirem exatamente a habilidade de que precisam para se manter vivos. Invulnerabilidade, eletricidade, teleporte, dentes fortes, entre outros: aqui tem de tudo.

Silt é dividido em quatro partes principais, e cada uma delas trará desafios diferentes e, é claro, um chefe diferente. A partir do segundo você já começa a se familiarizar com essa dinâmica, pois a forma como tudo acontece é bastante parecida. Não se intimide pelo tamanho de alguns desses chefes, pois eles são bem tranquilos uma vez que você entenda o que precisa fazer; existem, em contrapartida, desafios mais complicados e monstros muito maiores antes de chegar ao final de cada fase.

Silt

Depois de tudo isso, não tem como não lembrar de LIMBO e INSIDE, os dois jogos de quebra-cabeças pelos quais a desenvolvedora Playdead é conhecida. Visualmente falando, Silt e LIMBO são muito mais parecidos, justamente pela ausência de cores. Já INSIDE é um pouco mais colorido e mais focado em contar uma história, ainda que siga uma ideia bastante semelhante. Aproveitando a deixa, vale mencionar também que existe um novo projeto da Playdead, ainda sem nome, mas já com algumas imagens postadas online, que você pode conferir aqui e aqui.

Como já mencionado — e visto nas imagens —, Silt é todo monocromático, não dando espaço a nenhuma outra cor. Alguns talvez sintam falta de um colorido, mas não eu. Além de ajudar na ambientação, isso ajuda a dar toda uma identidade ao jogo, sem falar no inegável charme. É um trabalho lindo e muito bem feito; simples, mas ao mesmo tempo rico em detalhes se pararmos pra analisar com mais cuidado. As cutscenes são carregadas de beleza e de luz, especialmente em alguns momentos que dão um ar ritualístico no final de cada uma das quatro partes.

Silt

Sobre os troféus: a maioria é bem fácil de conseguir, muitos relacionados ao seu progresso no jogo, outros a interações com as criaturas do fundo do mar. Se quiser tentar a platina, contudo, eu recomendo paciência e muito preparo. Para conquistar um dos troféus vai ser necessário jogar o jogo inteiro sem morrer, e aí eu só posso te desejar sorte.

Essa análise ficou pequena, até mesmo porque Silt não é um jogo muito longo. Ele tem o nível certo de dificuldade dentro de sua própria simplicidade, e ainda assim é possível terminá-lo em poucas horas. Eu mesmo joguei tudo de uma só vez. Todavia, fiquei com a impressão de que poderia ser maior, talvez com um chefe a mais no final ao invés de apenas um para cada uma das quatro fases.

Outra coisa que me incomodou um pouco foi a falta de explicação. Claro que é um game focado em quebra-cabeças, mas em um universo misterioso por si só, é natural esperarmos esclarecimentos, e eu pelo menos fiquei sem entender algumas coisas.

Jogo analisado no PS4 com código fornecido pela Fireshine Games.

Veredito

Silt é um um jogo muito bonito e bastante simples, mas com o nível certo de dificuldade e alta capacidade de entretenimento. Ainda assim, em poucas horas é possível terminá-lo. Focado nos quebra-cabeças, a história infelizmente não ganha todo o destaque que merecia.

84

Silt

Fabricante: Spiral Circus Games

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Puzzle / Aventura

Distribuidora: Fireshine Games

Lançamento: 01/06/2022

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Silt is a very beautiful and quite simple game, but with the right level of difficulty and entertainment. Still, in a few hours it is possible to finish it. The game is focused on the puzzles, so the story unfortunately doesn’t get all the attention it deserves.


Bruno Ribeiro
Bruno Ribeirohttps://linktr.ee/evankendal
Jornalista por formação, professor de inglês por ocupação (e por amor), e escritor já há mais de 20 anos, mas que só agora tomou vergonha na cara e resolveu se dedicar mais a essa área, publicando alguns trabalhos e escrevendo sobre jogos, uma de suas grandes paixões.