Sherlock Holmes: The Awakened – Review

Dia 11 de abril foi um dia muito esperado pelos fãs de jogos de aventura, mistério e investigação. A Frogwares está lançando Sherlock Holmes: The Awakened, e o novo jogo do detetive mais famoso do mundo já conta até com um site próprio. Pela primeira vez a franquia entrega uma sensação de continuidade com o lançamento de seu décimo título, visto que ele acontece apenas dois anos depois do lançado anteriormente.

Sherlock Holmes: The Awakened
Sherlock Holmes e seu inseparável amigo, Dr. John H. Watson, iniciando sua investigação.

A história do game tem como centro o mito de Cthulhu, criação e legado de H. P. Lovecraft. Sherlock, sendo o detetive racional que é, enfrenta uma batalha pessoal interna que o leva à beira da loucura enquanto tenta a todo custo parar um culto sobrenatural aterrorizante. Ambientado em 1882, esse é o primeiro caso com John Watson, o já conhecido médico que o acompanha em suas aventuras. Ele não tinha aparecido em Sherlock Holmes: Chapter One, jogo antecessor – e de origem do protagonista – lançado no final de 2021.

É interessante mencionar que Sherlock Holmes: The Awakened é um remake do aclamado e premiado jogo homônimo lançado em 2006. E a tecnologia que temos disponível hoje tornou possível um resultado incrível. Apesar de não ter jogado, eu dei uma olhada nas imagens do jogo original e é impressionante como conseguiram deixar o novo com um ar muito mais sombrio e misterioso que simplesmente não existia antes. Sem falar na óbvia beleza dos gráficos.

Sherlock Holmes: The Awakened
Uma das cenas mais sombrias do jogo, infinitamente melhor que o original de 2006.

Eu disse que não joguei o The Awakened original, mas na verdade não foi o único da série que já existe desde 2002 que não joguei. Até comecei The Devil’s Daughter (2016), mas não me prendeu. O novo Sherlock Holmes: The Awakened foi o primeiro título do personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle que tive a experiência completa de jogar.

Quem já jogou Sherlock Holmes: Chapter One vai ver inúmeras similaridades aqui. Eu não joguei, mas vi vídeos e fotos e li sobre, e parece até que pegaram as mecânicas de lá e as reciclaram – o que definitivamente não é algo ruim. Aquela máxima de que “em time que está ganhando não se mexe” é a mais pura verdade. Deu tudo muito certo no lançamento anterior, como já foi dito na análise aqui do site, então sabiamente as mudanças de jogabilidade foram poucas. Se não fosse pelos mínimos detalhes de acabamento, principalmente nos menus, daria para pensar que Sherlock Holmes: The Awakened é nada mais que uma grande DLC de seu antecessor.

Sherlock Holmes: The Awakened
Da mesma forma que em seu antecessor, em Sherlock Holmes: The Awakened o que mais você vai fazer é investigar cenas e analisar pessoas.

Falando em DLC, a edição Deluxe traz o pacote de missões secundárias Os Sonhos Sussurrados, que conta com seis missões opcionais durante capítulos distintos. Apesar de não serem fundamentais para o desenrolar da trama e o desenvolvimento do jogo (pelo contrário, às vezes não tem absolutamente nada a ver com a história principal), são bastante interessantes e divertidas. Quem comprou o título na pré-venda também obteve a DLC exclusiva de pré-lançamento com alguns trajes (não só para Holmes, mas também para Watson) e acessórios.

Mencionei coisas similares, mas Sherlock Holmes: The Awakened tem algumas diferenças grandes de Chapter One também, a começar pela ausência do conceito de mundo aberto que existe no jogo anterior. Em alguns capítulos você fica livre nos mapas de determinadas cidades e outros locais, podendo resolver as missões principais e secundárias na ordem que preferir, mas fora isso, a nova aventura do querido detetive é totalmente linear.

Outra diferença gritante é na forma de obter novos cosméticos. Enquanto no Chapter One você recebe dinheiro por cada caso resolvido e com ele pode comprar trajes em lojas, em The Awakened você ganha pontos por cada coisa que faz, e eles rendem novos itens de forma automática conforme você alcança determinadas pontuações, sem te dar a opção de escolher a roupa que quiser. Para mim isso é negativo, já que tira parte da importância e do dinamismo que isso tinha no primeiro capítulo da história do nosso heroi.

Sherlock Holmes: The Awakened
Os bônus desbloqueados pelos pontos adquiridos durante o jogo podem ser visualizados no menu de pausa.

Outras duas coisas me incomodaram um pouco em Sherlock Holmes: The Awakened, apesar serem questões de adaptação pessoal e sem muita relevância. Além de ser impossível pausar o jogo no meio das cutscenes, senti como se dois botões tivessem sido “trocados”. Enquanto o botão OPTIONS te leva ao palácio mental de Sherlock (lugar onde estão as perguntas chave que precisarão ser respondidas em cada capítulo), assim como aos arquivos, anotações e evidências que servirão como principais ferramentas para solucionar os casos, o touch pad leva ao menu de pausa, algo que geralmente funciona de forma oposta em outros jogos.

Sherlock é inteligente ao extremo, e seu novo jogo reflete isso. Caso você se sinta perdido em algum momento e não souber o próximo passo a ser dado, basta olhar com calma as anotações do detetive. Lá existem ícones diversos que dizem exatamente o que precisa ser feito: se é necessário falar com alguém específico, ou ir até algum lugar, ou usar algum item, ou até mesmo sair perguntando pela rua até alguém te dar a informação que você estiver buscando. Esses ícones podem parecer meio confusos a princípio, tanto pela variedade quando pela semelhança entre alguns deles, mas depois que você se acostumar a observá-los, vai perder a conta de quantas vezes te indicarão o caminho.

Sherlock Holmes: The Awakened
Depois de analisar precisamente toda a cena do crime, Sherlock pode reconstituir os acontecimentos com sua imaginação.

Mas é claro que suas anotações não são tudo de que você precisa. Em Sherlock Holmes: The Awakened, assim como em seu predecessor, você vai contar com duas habilidades importantes. Sua concentração vai fazer com que enxergue coisas que outros talvez não conseguissem perceber, inclusive seus mínimos detalhes, e com sua imaginação é possível reconstituir possíveis acontecimentos de cada cena de crime tendo como base as informações e evidências coletadas, e seguir com sua investigação depois que suas suspeitas se mostrarem compatíveis com a realidade.

O game tem sua história muito bem desenvolvida, e seus elementos são apresentados de forma bem simples (Sherlock, por exemplo, começa sua investigação inicial no primeiro capítulo quando o jornal que esperava em uma certa manhã não é entregue, e por isso começa a suspeitar de que há algo errado. O Capítulo I serve como uma grande introdução, não só das mecânicas mas também dos personagems, alguns deles que passam a ter maior importância com o desenvolvimento do enredo.

Sherlock Holmes: The Awakened
Alguns puzzles também fazem parte de The Awekened, especialmente enquanto Sherlock estiver enfrentando o sobrenatural.

Eu gostei muito que Watson não serve apenas para conversar de vez em quando na sua jornada, mas além de servir como consultor nos casos em que algum conhecimento médico é necessário, você de fato irá controlá-lo certas vezes (algumas delas, inclusive, ele e Sherlock estarão separados). Achei isso bastante positivo e dinâmico, enriquecendo assim a experiência do jogador.

Sherlock Holmes: The Awakened é bastante fácil de platinar. A maioria dos troféus são conseguidos ao fazer coisas obrigatórias para o desenvolvimento do jogo, e apenas alguns podem ser perdidos (mas não impossíveis de obter depois, já que existe um menu de capítulos que pode te levar para o início de cada um deles para refazer parte de história e até executar ações inéditas). Terminei a história com aproximadamente 16 horas de jogatina, e depois ainda pretendo voltar para pegar as conquistas que ficaram faltando.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Frogwares.

Veredito

Sherlock Holmes: The Awakened tem uma jogabilidade dinâmica e a história pra lá de sombria não deixa pontas soltas em sua conclusão. É um jogo inteligente (como esperado) e transforma a experiência de mundo aberto de seu predecessor em algo mais linear e sucinto. Alguns podem ver isso como algo positivo, enquanto outros podem ficar com a impressão de que tem algo faltando em comparação ao título anterior. De qualquer forma, é evidente que a Frogwares refez com maestria um jogo que já era de sucesso em sua época, levando-o a outro patamar – e isso precisa ser reconhecido.

90

Sherlock Holmes: The Awakened

Fabricante: Frogwares

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Terror / Aventura

Distribuidora: Frogwares

Lançamento: 11/04/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

Comprar na

Veredict

Sherlock Holmes: The Awakened has dynamic gameplay and the dark story leaves no loose ends in its conclusion. It’s a smart game (as expected) and transforms its predecessor’s open-world experience into something more linear and succinct. Some might see this as a positive thing, while others might be left with the impression that there’s something missing compared to the previous title. Either way, it’s clear that Frogwares has masterfully remade a game that was already successful at its time, taking it to another level – and this needs to be recognized.


Bruno Ribeiro
Bruno Ribeirohttps://linktr.ee/evankendal
Jornalista por formação, professor de inglês por ocupação (e por amor), e escritor já há mais de 20 anos, mas que só agora tomou vergonha na cara e resolveu se dedicar mais a essa área, publicando alguns trabalhos e escrevendo sobre jogos, uma de suas grandes paixões.