À primeira vista, o jogo analisado neste review não parece ser nem japonês, nem RPG. Um olhar desavisado sobre imagens como as abaixo, com personagens portando armas de fogo ao invés de espadas, o tom pastel dos gráficos e a falta de penteados extravagantes, corrobora para a errônea suposição. Resonance of Fate, conhecido no Japão por End of Eternity, porém, é um JRPG, uma adição ousada à biblioteca do gênero por misturar alguns toques aqui e ali de originalidade raramente vistos em outros jogos do gênero, às custas, talvez, de desviá-lo um pouco do caminho do “J” para o do “W”.
Isso pode parecer estranho aos olhos de quem lê. Afinal, RoF foi criado pela veterana Tri-Ace (Star Ocean, Valkyrie Profile, Radiata Stories) e publicado pela SEGA (que dispensa apresentações), duas empresas tradicionais do Japão. Ainda assim, RoF carrega esse quê de WRPG, oriundos talvez da cisão da parceria da Tri-Ace com a Square-Enix (diz-se que a S-E era MENOS aberta às inovações que a T-A desejava) ou simplesmente de suas heranças de Valkyrie Profile: Silmeria. Talvez a Tri-Ace tenha enfim achado seu estilo, fugindo do ambiente de anime sci-fi de Star Ocean e abraçando mais o conceito de Europa Medieval de Valkyrie Profile, distribuindo-os de forma igualitária. Ao invés das enormes construções de castelos ou cidades-fantasmas, você tem algo que é melhor descrito como uma cidade de Fallout 3 em estilo JRPG. Talvez as cidades de Basel careçam de um pouco mais de individualidade (o que também aconteceu com Silmeria), mas o resultado, com a paleta de cor creme predominante, engrenagens distribuídas pelo cenário e personagens mais “anime-like” percorrendo dungeons, lembra muito a sequência de Valkyrie Profile, com um charme único.