Regalia: Of Men and Monarchs – Royal Edition é um jogo que deixa bem clara as suas principais influências desde os seus primeiros minutos. Inspirado por RPGs japoneses clássicos, em especial pelos clássicos do sub-gênero de estratégia como Disgaea e Final Fantasy Tactics, com algumas pitadas do foco em relacionamentos de séries como Persona e Dragon Age, sempre tentando colocar a sua própria personalidade naquilo que ele busca trazer de outros jogos.
O jogo, desenvolvido pela Pixelated Milk e publicado pela Crunching Koalas, é um RPG Tático que coloca o jogador no controle de Kay, um jovem que herda o castelo de sua família, completamente abandonado, com uma cidade sem moradores e com uma dívida enorme, sendo forçado a reerguer o reino para poder se livrar do cobrador.
A reconstrução do reino funciona em parte como um simulador, com o jogador sendo capaz de visitar outras cidades e reinos a fim de convencer pessoas a se mudarem para o seu, realizando diversas missões, coletando recursos para melhorar as instalações da cidade e fazendo com que a economia do seu reino cresça. Isso tudo funciona com um sistema de calendário, sendo necessário alcançar determinados valores antes de algumas datas para progredir com a história.
Regalia dá ao jogador bastante liberdade na maneira como ele alcança os objetivos estabelecidos, quase sempre existindo mais de uma maneira de completar os requisitos para cumprir as missões. Seja se aventurando por missões ou focando nas relações com outros reinos e aliados, é sempre possível encontrar caminhos diferentes para se chegar onde se deseja.
Na maioria dos casos, entretanto, a principal maneira de avançar é através das diversas opções de exploração, em sua maioria, de dungeons compostas de várias salas ligadas, com alguma variação de uma para a outra, seja pelo tipo de inimigo e layout da batalha ou com pequenas sessões de exposição, cujas decisões do jogador influenciam o caminhar do jogo e as relações do protagonista com os outros personagens.
O combate em específico se desenvolve como se esperaria de um RPG Tático. Regalia, nesse sentido, é um jogo até bastante genérico. A estrutura é a comum de movimentação por um “tabuleiro”, com limite tanto de personagens quanto de movimento para cada uma das unidades, sendo possível utilizar ataques comuns ou habilidades especiais, ganhar pontos de experiência para evoluir as habilidades… Enfim, tudo o que se esperaria do gênero, sendo competente o suficiente para agradar os fãs desse estilo de RPGs.
O que mais chama a atenção em Regalia é o bom humor do jogo e a maneira como ele ajuda a mantê-lo interessante e progredindo. Quase todos os diálogos são permeados por pequenas piadas e brincadeiras que fazem do roteiro do jogo algo bem próximo de uma comédia, algo raro de se ver e, principalmente, de ser bem feito, diferenciando-o dos enredos mais sóbrios que são comuns aos RPGs. Era de se esperar que, se essa fórmula funciona bem em jogos mais curtos, isso não fosse tão bem realizado em um RPG que gira em torno das 40 horas de duração, mas a leveza com que todos os aspectos do jogo são abordados evita a fadiga que se poderia ter.
A maneira como o jogo aborda alguns dos clichês do gênero fazem com que ele pareça inspirado na escola Monty Python de humor, com todas as brincadeiras sempre parecendo ter algum propósito, mesmo quando elas não funcionam tão bem quanto se esperaria. Há uma constante sensação de absurdo e estupor com as situações ridículas do jogo, algo que faz parecer que os desenvolvedores passaram algumas centenas de horas jogando a série Disgaea (o que é muito bem-vindo).
Algo que ajuda a manter o enredo leve (e que é mais um detalhe que parece inspirado por Disgaea) é o fato de Regalia contar com um enorme elenco de personagens, cada um com suas próprias personalidades preenchendo um determinado clichê e funcionando de certa maneira para manter o enredo do jogo fluindo, mesmo que alguns pareçam existir única e exclusivamente para que o jogo possa realizar certas piadas. Socializar com esses personagens é um fator importante, permitindo liberar novas habilidades e novas missões quanto maior for sua afinidade com eles.
A experiência como um todo não é sem problemas. Regalia sofre bastante com uma dificuldade em transmitir algumas informações necessárias, sendo bem obtuso na maneira como ele ensina coisas básicas ao jogador. Há um excesso de menus mal-adaptados para console, que são claramente uma herança do lançamento original do jogo para PC.
Um último problema é que, nas configurações padrão, o jogo ou é fácil demais ou os inimigos são esponjas de dano, sem uma real variação no desafio. Um dos maiores atrativos dos RPGs Táticos é, justamente, o desafio que é comum ao gênero, mas, por algum motivo, Regalia decidiu seguir a linha dos RPGs Ocidentais e facilitar a experiência em excesso para quem só quer aproveitar a história. Felizmente, existe a possibilidade de modificar o jogo de maneira a ajustá-lo como o jogador preferir.
No geral, Regalia: Of Men and Monarchs é uma experiência divertida, se não muito memorável. Seu principal charme é a qualidade do roteiro e, principalmente, seu humor, que são bastante divertidos, porém, completamente esquecíveis. Quando se vê a mistura entre isso e o sistema de combate genérico, temos um jogo divertido e recomendável, mas nada obrigatório.
Veredito
Regalia: Of Men and Monarchs – Royal Edition é um bom RPG Tático, mesmo que mecanicamente se sustente em ideias clichês. Isso não esconde um jogo muito divertido, com uma premissa fresca e com uma abordagem humoristicamente muito bem-vinda e que acaba tornando-o uma experiência muito boa para os fãs do gênero.
Jogo analisado com cópia digital fornecida pela Crunching Koalas.
Veredito
Veredict
Regalia: Of Men and Monarchs – Royal Edition is a good Tactical RPG, even though it’s mechanically sustained on cliché ideas. This doesn’t overshadows the fact that it’s a very fun game, with a fresh premise and a funny welcome touch, which makes it a very good experience for the fans of the genre.