[PSN] Transistor

Transistor é um título produzido pela Supergiant Games, conhecida pelo premiado Bastion (e que, infelizmente, não chegou para plataformas PlayStation). Trata-se de um RPG, com uma interpretação única do gênero. Além disso, sua história também é contada de forma diferente (e sim, existem legendas em português do Brasil).

Red é uma famosa cantora de uma cidade chamada Cloudbank. Ela é atacada por Process, uma força robótica comandada por um grupo chamado Camerata. Durante o ataque, Red acaba sendo transportada e encontra uma espada gigante chamada Transistor encravada em um homem sem nome (que está morto). Puxando a espada, Red, que está sem voz, começa a receber orientações da própria espada. Juntos, eles começam a ir atrás de Process – que também deseja a espada.

O mundo de Transistor é único e, mesmo tendo uma visão isométrica, todos os cantos são caprichados. Inclusive, você sente que a cidade está vazia e é aqui que história entra mais uma vez e nos deixa intrigados para descobrir o que está acontecendo. Mesmo assim, até o fim do jogo, será fácil você se perder nela. Mas essa é a graça. Transistor não fornece respostas na ponta da língua para o jogador. A falta de informação não pode ser criticada; o jogador precisa descobrir os mistérios por si só.

O gameplay, como mencionado anteriormente, é bastante único. O jogador controla Red em vários lugares diferentes, batalhando com inimigos em um sistema por turnos misturado com combate em tempo real. Ou seja, Red possui algo chamado "Turn()". Você utiliza isso para congelar o tempo e planejar suas ações. Depois de executá-las (que acontece de forma rápida), Red fica vulnerável até a barra de Turn() encher novamente. Por isso, é trivial você planejar tanto a parte ofensiva quanto a defensiva. E é aqui que a graça do gameplay de Transistor surge: os cenários são diferentes em cada batalha, por isso, o lugar para se esconder enquanto a barra enche nunca será o mesmo.

Red ganha pontos de experiência em cada batalha e pode coletar novos poderes (chamados de "Functions") de inimigos caídos. Você pode equipar até quatro deles (um em cada botão), sendo que cada um deles possui um ataque único, podendo ser mais ofensivo (que inclusive varia o alcance – um ataque mais circular ou vertical), defensivo ou para melhorar outra habilidade.

Estas habilidades são as chamadas de ativas. Você pode realizar upgrade delas, o que modifica um pouco suas ações. Porém, muitas vezes parecerá que você fez uma opção ruim em escolher melhorar uma habilidade em específico, mas o jogo incentiva que você faça justamente isso. Muitas vezes em Transistor a sua estratégia de batalha se tornará datada e você será obrigado a pensar em novas formas de vencer. Inclusive, quando seu HP acaba, ao invés de morrer, uma de suas habilidades ficam em estado de "overload" e não podendo ser mais usadas por um certo tempo. Em outras palavras, se você adora um golpe em específico, não resolve explorar suas outras opções e acaba sendo derrotado, é possível que sua habilidade seja perdida temporariamente e não possuirá uma estratégia alternativa para vencer.

É muito comum nos RPGs usar algo que funcione o jogo inteiro. Ou seja, dificilmente você explorará todas as opções que existem. Em Transistor existe esse incentivo, o que o torna único e divertido.

A espada Transistor pode absorver as almas dos mortos. Portanto, todas as habilidades disponíveis já foram pessoas e você saberá mais sobre elas quando as equipa. Para saber a história completa do jogo, cada habilidade precisa ser usada como ativa, upgrade e passiva. Muitas dessas histórias não são necessárias para entender a trama principal, mas são bem escritas e nos fazem pensar a respeito.

A forma única de contar a história em Transistor é excelente, mas há falhas. O maior problema é o seu fim: apesar de ser intrigante e você ficar pensando nele, parece que seu encerramento é acelerado. Além disso, a conversa com o vilão principal passa a mesma sensação. Posso fazer um comparativo com BioShock Infinite nesse sentido: se você achou que só no final "tudo acontece", vai achar o mesmo em Transistor.

Por ser um RPG, Transistor não possui multiplayer, modo online ou semelhante. Para incentivar o jogador a continuar explorando-o após finalizá-lo, há uma espécie de New Game Plus chamado Recursion que permite você usar suas habilidades destravadas, mas é muito mais desafiador – chegando ao extremo de enfrentar inimigos do final do jogo na primeira área. Os inimigos mudam toda vez que você jogar.

Por fim, vale ressaltar a trilha sonora de Transistor, composta e escrita por Darren Korb. Seu gênero, segundo Korb, é "Old-world Electronic Post-rock". Ashely Barrett (que fez a voz feminina em Bastion) retorna mais uma vez aqui.

Veredito

Apesar dos problemas com o seu final, Transistor merece destaque pela forma que conta sua história. Seu sistema de gameplay é interessante e deixa o clássico estilo RPG por turnos de forma menos entediante para muitos. Transistor merece ser conferido por qualquer jogador que busca algo inovador.

Jogo analisado com código fornecido pela Supergiant Games.

Veredito

95

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