[PSN] Toren

“Para seguir o caminho do cavaleiro, você deverá escalar a torre. O pergaminho mostrará como.” Assim começa a aventura de Toren, um novo jogo para PlayStation 4 produzido por brasileiros. O game indie orçado em R$ 400 mil foi feito pela produtora gaúcha Swordtales em quatro anos e tenta contar um poético conto de fadas.

A base do enredo é sobre um povo que foi punido por um deus por decidir construir uma torre tão alta que ultrapassaria os céus. Pode parecer que você está lendo a história bíblica da Torre de Babel, mas as semelhanças acabam por aí, pois todo o resto do jogo possui forte influência em filosofia e muita simbologia mística e exotérica. Cabe a Moonchild (Criança da Lua, na versão em português), utilizando um pergaminho e uma espada, vencer o dragão negro que guarda a maldição do povo que construiu a Toren, a torre que dá nome ao jogo.

A bela história é contada em forma de uma parcelada poesia, que o jogador descobre pouco a pouco através de pequenas cutscenes e de missões em sonhos da protagonista. O game busca falar sobre o ciclo da vida e destaca bem isso retratando Moonchild e a árvore da vida crescendo e evoluindo juntas durante o gameplay. A história faz o jogador se questionar se o jogo é um game-arte ou um produto voltado para um público bem mais jovem, e a narrativa extremamente rebuscada e complicada de se entender, junto aos diversos diálogos abstratos que em nada contribuem a história, só colocam ainda mais dúvidas na cabeça do jogador.

No PC, Toren possui lindos gráficos, menu de configurações e vários itens que a versão de PlayStation 4 não tem. Na verdade, a versão para o console da Sony parece apenas  ser um port mal adaptado que foi lançado sem estar pronto, contendo gráficos repletos de erros visuais, serrilhados, problemas nos sistemas de colisão e física, glitchs e muitas coisas que dificultam muito a imersão que esse tipo de jogo pede. Não há qualquer polimento na programação do jogo: ele apenas está jogável.

O game não parece sequer estar adaptado para o controle do PS4. Um exemplo é o fato de ser impossível andar em linha reta, pois a personagem penderá levemente para o lado, te fazendo colidir com os limites dos estágios. Isso também dificulta na hora de fazer algumas obrigatoriedades do jogo, como jogar sal nos símbolos místicos durante os sonhos.

O jogo também peca em seu áudio, que não participa da história, estando lá apenas para fazer fundo. As poucas músicas são repetitivas e nada imersivas, além de sofrerem cortes repentinos incessantemente. Os efeitos sonoros também se encaixam de uma maneira robótica e nada natural. Os problemas de som deixam de dar o brilho a mais que vimos em jogos do gênero, como Journey, Zelda, ICO e Shadow of Colossus.

Toren possui cerca de uma hora e meia de gameplay total apenas e troféus extremamente fáceis. Os puzzles são escassos e sem qualquer desafio até mesmo para jogadores casuais. Apesar do jogo não conversar com o jogador, forçando-o a descobrir sozinho como e o que fazer, Toren é extremamente fácil e intuitivo. Quando você erra e morre na torre, o game te revive já posicionado no local correto onde a história continua. Além disso, o botão triângulo mostra sempre o ponto exato onde você deve ir. Os produtores forçam ao máximo o jogador a seguir a linearidade, fazendo a experiência ser ainda mais rápida e simples.

Apesar dos graves problemas nos gráficos na versão do PS4, a grande maioria dos cenários são muito bonitos. O jogo possui uma direção de arte e fotografia excepcionais, porém, ressalta-se que enquanto os estágios dos sonhos são lindos, a torre Toren (o cenário principal) não parece nem ser alta e nem ser uma torre, pois possui várias partes que parecem desconexas a ela, como o cenário final, que é uma ponte para o céu.

Vale destacar que o jogo foi feito por apenas quatro pessoas e, por isso, muitos dos problemas se explicam. Porém, após quatro anos de desenvolvimento, utilizando incentivos fiscais brasileiros, realizar o lançamento de Toren sem qualquer polimento na versão de PlayStation 4 faz o jogador sonhar com uma atualização com gráficos ao menos parecidos com os do PC para poder tentar ter uma experiência mais prazerosa.

Jogo analisado com código fornecido pela Swordtales.