Thomas Was Alone é mais uma adição ao catálogo de jogos independentes lançados para o PS3 e para o Vita. Originalmente um jogo simples desenvolvido em Flash por Mike Bithell em 2010, ele recebeu uma versão estendida para PC e Mac em 2012. Agora em 2013 o jogo chega aos consoles da Sony e é mais uma prova de que os incentivos da companhia para a publicação de jogos independentes e de menor orçamento é acertada, e quem mais ganha com isso somos nós, jogadores.
Thomas Was Alone é um jogo de plataforma com movimentação lateral no qual você controla alguns personagens inusitados: todos são quadriláteros (retângulos ou quadrados) e são representações metafóricas de Inteligências Artificiais. Os ambientes do jogo são abstrações de ambientes virtuais, e os personagens enfrentam diversos desafios e obstáculos em busca de sua “libertação” deste mundo digital. É uma temática interessante e que fornece um bom pano de fundo para os acontecimentos do jogo.
Inicialmente você controla apenas Thomas, mas com o passar das fases novos personagens surgem e todos devem se ajudar para que atinjam seus objetivos. O jogo segue alguns preceitos tradicionais de jogos de plataforma, com muitos pulos precisos e obstáculos como espinhos e líquidos nocivos, mas adiciona um elemento cooperativo à essa fórmula.
Conforme Thomas encontra novos companheiros, você pode controlar individualmente cada um deles alternando-os com L1 ou R1. Cada personagem tem uma habilidade própria: Thomas tem um salto mediano; Chris é menor e pode se esgueirar por espaços menores, mas seu pulo é baixo; John tem um salto enorme mas sua altura o impede de atravessar todos os espaços; Claire é grande mas consegue flutuar sobre água; dentre vários outros. É praticamente um jogo co-op de 1 jogador. Você deve coordenar os esforços de todos para chegar ao final de cada fase e se aproximar do seu objetivo final.
Além de terem habilidades diferente, cada personagem tem uma personalidade única. Thomas é amigável e otimista, Chris é ranzinza, John se acha melhor que os outros, Claire acredita ser uma super-heroína e assim continua. Você conhece os personagens através do narrador (voz de Danny Wallace), que a todo momento mostra a perspectiva dos personagens que estão na tela, sempre com um tom humorístico.
Apesar de ser um pouco engraçada no começo, com o decorrer do jogo achei essa narração um pouco forçada e irritante. Para completar, toda fala do narrador é acompanhada de legendas dinâmicas, que não aparecem no canto inferior da tela, como é tradicional, mas são posicionadas de acordo com a localização do seu personagem e o que ele está fazendo. Isso traz uma série de problemas, pois muitas vezes a legenda fica ilegível por estar tampada ou se mexendo a todo instante.
Felizmente, é possível desligar a narração e ativar os comentários de fase, narrados pelo próprio Mike Bithell, que contam detalhes e curiosidades sobre cada fase e sobre o processo de desenvolvimento do jogo como um todo. Recomendo que todos experimentem pelo menos algumas fases com esses comentários. Foi através deles que percebi que uma das fases foi inspirada em Metal Gear Solid 2, por exemplo.
São 100 fases no total, algumas bem simples e outras que exigem um bom raciocínio do jogador, então espere algumas boas horas de jogo até terminá-lo. Jogar Thomas Was Alone é uma experiência bem relaxante, pois os visuais limpos e bonitos, aliados às excelentes músicas da trilha sonora, fazem a experiência ser bem tranquila. Você nunca deve se irritar com algum puzzle do jogo, mesmo aqueles mais difíceis. Também vale ressaltar que os visuais estão ainda melhores do que os da versão PC, resultado do tempo extra que os desenvolvedores tiveram para polir o jogo.
O jogo possui alguns pequenos problemas técnicos que merecem ser comentados. Os menus são simples listas de opções, mas eles são muito lentos de navegar: as opções não mudam no ritmo em que você aperta o direcional, mas sim no ritmo que o jogo quer. Outra coisa que me incomodou bastante é que o botão círculo não permite retroceder em nenhum menu, como é possível em virtualmente qualquer jogo. Você é obrigado a navegar até a opção “Retornar ao menu anterior” para isso, e esse problema aliado ao anterior pode ser levemente frustrante com o tempo. Esses problemas me fazem crer que os menus foram pensados para o Vita e sua tela de toque, e não para a navegação item a item do PS3.
O jogo também possui Leaderboards, que deveriam mostrar o tempo que você gastou para terminar cada fase e compará-lo com o restante do mundo, mas como pode ser visto nesta foto, eu nunca consegui acessar meus próprios tempos.
Mesmo com estes problemas técnicos, Thomas Was Alone é um bom jogo, divertido e com uma história interessante e bem sutil. Ele também possui Cross-Buy com a versão de Vita, então na prática você compra um jogo e leva dois. Com uma estética simples mas bonita, músicas agradáveis e mais de 100 fases para superar, ele merece ser conferido por quem quer experimentar algo um pouco diferente.
— Resumo —
+ Visual simples e bonito
+ Músicas agradáveis
+ Sistema cooperativo de 1 jogador
+ Comentários do desenvolvedor
+ Cross-Buy e Cross-Save
– Navegação ruim nos menus
– Narração um pouco irritante
– Leaderboards não funcionam
Jogo analisado com código fornecido pela desenvolvedora.
Veredito
80