[PSN] The Wolf Among Us: Episode 3 – A Crooked Mile

A maneira com que a Telltale Games vem tratando o universo de Fables é algo que toda propriedade criativa merece. Ao mesmo tempo que apresenta um novo universo, mantém o jogador interessado em descobrir mais. Talvez esse seja o ponto forte da empresa. Mostrar um lado diferente de algo que já achamos que conhecemos. É o mesmo processo que foi feito com The Walking Dead e se repete aqui. Só serve para provar o cuidado que os desenvolvedores estão tendo com as suas franquias e para aumentar nossas esperanças de que Game of Thrones e Tales from the Borderlands também serão incríveis.

Antes de mais nada é necessário dizer que o terceiro episódio de The Wolf Among Us é sem dúvida o melhor até agora. É claro que ele possui alguns pontos negativos, mas nada que seja maior que suas qualidades. Cada parte nova de Wolf traz suas particularidades e não é diferente com esse. O primeiro, Faith, serviu para introduzir o jogador a um novo universo e os seus diversos personagens. Já o segundo, Smoke and Mirrors, serve com uma ótima extensão e para preparar o terreno do que vem a seguir. Mas A Crooked Mile tem uma função diferente. Durante seus 90 minutos os limites da narrativa são empurrados e somos ‘obrigados’ a fazer escolhas que servem para criar um fator tensão que vai fazer você se questionar sobre tudo e todos ao seu redor.

Uma coisa bastante interessante desse novo episódio é o limite de tempo que é criado. Não há tempo suficiente para ir em todos os lugares e você terá que escolher. Isso cria um clima de tensão que é bastante importante para a trama; mas essa noção de tempo reduz bastante o fator exploração. Para visitar tudo é necessário jogar novamente e isso nem sempre é uma boa opção. Eu, particularmente, prefiro levar minhas aventuras como um verdadeiro conto e enfrentar as consequências dos meus atos no futuro. É algo que vai fazer você dizer: “E se eu tivesse feito isso?” ou “E se eu tivesse ido nesse lugar primeiro?”.

Todos os dilemas sociais levantados anteriormente, como diferenças sociais, prostituição e crimes, são citados e explorados neste terceiro ato. Muitas vezes são tratados da maneira mais cruel possível. E nesse momento você começa a perceber que aos poucos as fábulas vão se entregando aos problemas humanos. Algo que achei bem interessante e que vem ressaltar essa questão é o nome de um dos troféus do jogo “The Enchanted Land of New York City”, algo como a Terra Encantada da Cidade de Nova York. É como se as fábulas não fossem mais fábulas, mas seres humanos comuns. Com todos os problemas mundanos que estão enfrentando. A magia está morrendo. E cabe ao protagonista Bigby Wolf descobrir o que está causando isso.

Sobre a parte técnica, venho apenas reiterar o que já é conhecido pelos jogadores dos primeiros capítulos. Os travamentos em algumas cenas que existem nos capítulos anteriores ainda persistem, mas parecem menos frequentes. E todos os pontos positivos continuam presentes, como, por exemplo, a ótima narrativa e a dublagem maravilhosa. Esse estilo cartunesco é algo que funciona nos jogos do gênero e em nenhum momento parece algo infantil. A melhora na qualidade é visível. Até a trilha sonora é algo melhor trabalhado neste episódio.

Mas o verdadeiro destaque é a maneira como cada jogador lida com o seu Bigby. Você vai ser o xerife bonzinho, vai ser o lobo mal ou vai se libertando aos poucos? Isso é algo que é indagado desde o começo e vai se definir aqui. E não se pode esquecer também a cena final, que joga uma quantidade de informações que chega a ser atordoante. É talvez uma das melhores cenas do ano até agora. E dificilmente você não levará a mão à boca. A Crooked Mile é realmente uma das melhores coisas já feitas pela Telltale e faz apenas esperar o melhor no futuro. Três já foram. Faltam dois.
 

Jogo analisado com código fornecido pela Telltale Games.